São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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PARQUE NACIONAL

No povoado, o clima hippie ainda vive, de mãos dadas com terapias alternativas e energias ancestrais

Atmosfera "bicho-grilo" domina Vale do Capão

DO ENVIADO ESPECIAL À CHAPADA DIAMANTINA

Geoterapia, massagem indígena, ateliê filosófico, energia ancestral. A "vibe" no Vale do Capão é bem diferente da que vive agora, dia útil, às 20h, a maioria dos habitantes de uma cidade como São Paulo.
O Vale do Capão é um povoado que fica a mais de 900 metros de altitute, tem cerca de 1.500 habitantes e integra o município de Palmeiras -onde vivem 11 mil pessoas.
O preconceito é recíproco. O jornalista começa um texto sobre o Capão com ironia. Mas lá se resume as pessoas das megalópoles a um rebanho que se relaciona precariamente e tem como totem máquinas de café.
É. Talvez tenham mais razão -especula o repórter que acaba de depositar mais R$ 0,50 na máquina e anda mal influenciado por "Os Vagabundos Iluminados", lido na viagem. Esse livro de Jack Kerouac (1922-1969) fala justamente de zen-budismo, andanças reveladoras pelas montanhas e afins.
Tudo isso (personagens beatniks de Kerouac, alternativos do Capão) pode soar anacrônico, mas a contracultura, no sentido de tentar ocupações que não a de trabalhar das 8h às 18h, continua em 2007.
Pelo menos lá no Capão, onde se encontra quem (europeus, inclusive) largou o caos e aderiu a uma comunidade em troca de uma refeição por dia, quem nunca mais usou sutiã e quem ignora os benefícios do shampoo. Ou tudo isso junto.
Ao final dos seis quilômetros de trilha que levam ao topo da cachoeira da Fumaça, aquele típico sósia de Bob Marley abre um isopor e vende redentores refrigerantes em lata.
Mais ainda, as montanhas, que rendem tantas idéias oxigenadas, agora estão consagradas como metáfora dos ilusionistas da auto-ajuda.
Após as trilhas, vá ao o restaurante Casa das Fadas (0/xx/ 75/3344-1166), de um italiano e de sua esposa venezuelana. A vista e a comida impressionam.
A Pousada do Capão, no sopé da montanha, tem até minibiblioteca. Aprazível como a Lendas do Capão (www.valedocapao.com.br), que tem pomar, geléias caseiras, friozinho noturno, jardim, rio, apartamento na árvore e coletiva de imprensa na frente da lareira, com jornalistas de chinelos em pufes. Agora: geoterapia, massagem indígena, ateliê filosófico, energia ancestral... Cá pra nós, o que quer dizer tudo isso? (TM)


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