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PARQUE NACIONAL
No povoado, o clima hippie ainda vive, de mãos dadas com terapias alternativas e energias ancestrais
Atmosfera "bicho-grilo" domina Vale do Capão
DO ENVIADO ESPECIAL
À CHAPADA DIAMANTINA
Geoterapia, massagem indígena, ateliê filosófico, energia
ancestral. A "vibe" no Vale do
Capão é bem diferente da que
vive agora, dia útil, às 20h, a
maioria dos habitantes de uma
cidade como São Paulo.
O Vale do Capão é um povoado que fica a mais de 900 metros de altitute, tem cerca de
1.500 habitantes e integra o
município de Palmeiras -onde
vivem 11 mil pessoas.
O preconceito é recíproco. O
jornalista começa um texto sobre o Capão com ironia. Mas lá
se resume as pessoas das megalópoles a um rebanho que se relaciona precariamente e tem
como totem máquinas de café.
É. Talvez tenham mais razão
-especula o repórter que acaba
de depositar mais R$ 0,50 na
máquina e anda mal influenciado por "Os Vagabundos Iluminados", lido na viagem. Esse livro de Jack Kerouac (1922-1969) fala justamente de zen-budismo, andanças reveladoras
pelas montanhas e afins.
Tudo isso (personagens beatniks de Kerouac, alternativos
do Capão) pode soar anacrônico, mas a contracultura, no sentido de tentar ocupações que
não a de trabalhar das 8h às 18h,
continua em 2007.
Pelo menos lá no Capão, onde se encontra quem (europeus, inclusive) largou o caos e
aderiu a uma comunidade em
troca de uma refeição por dia,
quem nunca mais usou sutiã e
quem ignora os benefícios do
shampoo. Ou tudo isso junto.
Ao final dos seis quilômetros
de trilha que levam ao topo da
cachoeira da Fumaça, aquele típico sósia de Bob Marley abre
um isopor e vende redentores
refrigerantes em lata.
Mais ainda, as montanhas,
que rendem tantas idéias oxigenadas, agora estão consagradas como metáfora dos ilusionistas da auto-ajuda.
Após as trilhas, vá ao o restaurante Casa das Fadas (0/xx/
75/3344-1166), de um italiano e
de sua esposa venezuelana. A
vista e a comida impressionam.
A Pousada do Capão, no sopé
da montanha, tem até minibiblioteca. Aprazível como a Lendas do Capão (www.valedocapao.com.br), que tem pomar,
geléias caseiras, friozinho noturno, jardim, rio, apartamento
na árvore e coletiva de imprensa na frente da lareira, com jornalistas de chinelos em pufes.
Agora: geoterapia, massagem
indígena, ateliê filosófico, energia ancestral... Cá pra nós, o que
quer dizer tudo isso?
(TM)
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