São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

Texto Anterior | Índice

TEMPERO REGIONAL

Provar mão de vaca, galinha caipira ou panelada é o auge de uma viagem pela capital do Piauí

Sabor nordestino guia a visita ao Piçarra, em Teresina

PRISCILA PASTRE-ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não estranhe se em uma visita a Teresina, Piauí, você começar o dia comendo sarapatel no mercado da Piçarra, o mais famoso entre a turma descolada da cidade. É comum sair da balada e ir ao mercado para curar a ressaca provando um dos deliciosos pratos regionais, como panelada, mão de vaca ou galinha ao molho pardo -conhecida por lá como galinha caipira.
Se os mercados municipais do mundo todo são cada vez mais visitados por mostrarem aos turistas a identidade da culinária regional, o mercado da Piçarra vai além. Os corredores não expõem somente os ingredientes que serão levados à mesa pelas famílias locais. Eles exalam cheiros de dar água na boca até mesmo nos mais resistentes à culinária nordestina e fazem com que a parada em um dos boxes seja obrigatória.
Irresistível também é puxar um papo com as vendedoras, conhecidas pelos piauienses como viúvas brancas. Sim, praticamente todos os donos de barracas de comida do mercado da Piçarra são mulheres, viúvas e vestem alguma peça de roupa de cor branca.
Sempre sorridentes, elas mexem incansavelmente panelões que levam ossobuco, tomate, cebola, pimentão, farinha de mandioca e pimenta malagueta -caso da mão de vaca-, bucho, tripa, nervo de boi, mocotó e cebola -caso da panelada- e galinha cozida no próprio sangue -o molho pardo.
Vale -e muito- a pena provar os pratos regionais, mas há opções para quem acha que não consegue encarar uma comida forte como essa. Seja qual for a sua escolha, ela não vai custar mais do que R$ 6. Detalhe: esse preço inclui bebida e um agradinho no final da refeição. As viúvas brancas costumam levar à mesa um pote bem grande com pedacinhos de rapadura.
Pratos fortes seguidos de muito açúcar e somados a um calor que chega facilmente aos 40C -principalmente durante o "b-r-o-bró", como os piauienses chamam os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, os mais quentes do ano- rendem uma tremenda leseira que transforma em ato de coragem o simples fato de levantar da mesa e caminhar para os outros galpões.
Para amenizar o clima de sauna que as telhas, que alcançavam os 50C, davam ao mercado, foram realizadas obras de climatização. Agora está mais agradável conhecer os outros setores. Um comporta legumes, frutas e verduras. O outro, peixes, carnes e frango.

Origem do nome
O mercado está no endereço atual, na av. São Raimundo, s/ nš, há 12 anos. Antes, ficava em um galpão no mesmo bairro. Possivelmente, o nome da região, que deu origem ao do mercado, surgiu antes disso, quando as ruas eram calçadas com uma pedra chamada "piçarra".


Texto Anterior: Taca: Companhia terá dois vôos entre São Paulo e Lima
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.