|
Texto Anterior | Índice
TEMPERO REGIONAL
Provar mão de vaca, galinha caipira ou panelada é o auge de uma viagem pela capital do Piauí
Sabor nordestino guia a visita ao Piçarra, em Teresina
PRISCILA PASTRE-ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não estranhe se em uma visita a Teresina, Piauí, você começar o dia comendo sarapatel no
mercado da Piçarra, o mais famoso entre a turma descolada
da cidade. É comum sair da balada e ir ao mercado para curar
a ressaca provando um dos deliciosos pratos regionais, como
panelada, mão de vaca ou galinha ao molho pardo -conhecida por lá como galinha caipira.
Se os mercados municipais
do mundo todo são cada vez
mais visitados por mostrarem
aos turistas a identidade da culinária regional, o mercado da
Piçarra vai além. Os corredores
não expõem somente os ingredientes que serão levados à mesa pelas famílias locais. Eles
exalam cheiros de dar água na
boca até mesmo nos mais resistentes à culinária nordestina e
fazem com que a parada em um
dos boxes seja obrigatória.
Irresistível também é puxar
um papo com as vendedoras,
conhecidas pelos piauienses
como viúvas brancas. Sim, praticamente todos os donos de
barracas de comida do mercado
da Piçarra são mulheres, viúvas
e vestem alguma peça de roupa
de cor branca.
Sempre sorridentes, elas mexem incansavelmente panelões
que levam ossobuco, tomate,
cebola, pimentão, farinha de
mandioca e pimenta malagueta
-caso da mão de vaca-, bucho,
tripa, nervo de boi, mocotó e
cebola -caso da panelada- e
galinha cozida no próprio sangue -o molho pardo.
Vale -e muito- a pena provar os pratos regionais, mas há
opções para quem acha que não
consegue encarar uma comida
forte como essa. Seja qual for a
sua escolha, ela não vai custar
mais do que R$ 6. Detalhe: esse
preço inclui bebida e um agradinho no final da refeição. As
viúvas brancas costumam levar
à mesa um pote bem grande
com pedacinhos de rapadura.
Pratos fortes seguidos de
muito açúcar e somados a um calor que chega facilmente aos
40C -principalmente durante o "b-r-o-bró", como os
piauienses chamam os meses
de setembro, outubro, novembro e dezembro, os mais quentes do ano- rendem uma tremenda leseira que transforma
em ato de coragem o simples
fato de levantar da mesa e caminhar para os outros galpões.
Para amenizar o clima de
sauna que as telhas, que alcançavam os 50C, davam ao mercado, foram realizadas obras de
climatização. Agora está mais
agradável conhecer os outros
setores. Um comporta legumes, frutas e verduras. O outro,
peixes, carnes e frango.
Origem do nome
O mercado está no endereço
atual, na av. São Raimundo, s/
nš, há 12 anos. Antes, ficava em
um galpão no mesmo bairro.
Possivelmente, o nome da região, que deu origem ao do mercado, surgiu antes disso, quando as ruas eram calçadas com uma pedra chamada "piçarra".
Texto Anterior: Taca: Companhia terá dois vôos entre São Paulo e Lima Índice
|