São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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ACESSIBILIDADE

Lugares raramente são 100% adaptados

Sem ônibus adaptados, deficientes físicos são obrigados a gastar dinheiro com táxis ou aluguel de carro

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As características dos portadores de necessidades especiais variam e, portanto, é difícil que o turista encontre um destino totalmente adaptado.
Presidente da Accessible Journeys (www.disabilitytravel.com), empresa americana especializada em turismo para deficientes físicos, Howard McCoy aprendeu, com seus 22 anos de experiência na área, que não é possível fazer generalizações: "O que é acessível para uma pessoa pode ser impossível para outra", diz.
O paraplégico Carlos Malk Awada, 30, queixa-se que, em Ibiúna (SP), quis ir a uma praça, mas não pôde visitá-la porque as escadas não permitiam o acesso a sua cadeira de rodas.
Em uma viagem de avião, ele se machucou na cadeira de rodas fornecida por uma companhia aérea, menor que a necessária para o seu tipo físico.
O turista cita outro problema. Como muitos destinos turísticos não têm número suficiente de ônibus adaptados, quem não alugou um carro tem que se locomover de táxi, o que encarece o passeio.
Uma das coordenadoras do núcleo de pesquisa Pró-Acesso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Regina Cohen, 49, concorda que fazer turismo pode ser mais caro para o deficiente físico. "As adaptações são feitas em hotéis de quatro ou cinco estrelas, então, não há muita opção."

Outras barreiras
Além disso, mesmo um destino adaptado pode oferecer barreiras, de acordo com Guilherme Lira, da ONG Acessibilidade Brasil.
Lira cita o Cristo Redentor, em que a escada rolante é adaptada para quem tem dificuldade de mobilidade, mas onde "se alguém estiver em uma cadeira de rodas e bobear, cai".
Outro exemplo mencionado é o Pão de Açúcar. "A pessoa não consegue entrar sozinha no bondinho. Acessibilidade é independência, não é ter que carregar uma pessoa", afirma.
Outro fator a ser considerado é que os turistas não precisam de ajuda o tempo todo e, para oferecer um atendimento mais qualificado, é preciso saber em que situação a pessoa quer receber o auxílio.
O portador de ataxia Dadá Moreira, 41, reclama: "O atendente no aeroporto quer saber algo de mim, mas se dirige à pessoa que está comigo".
(VERENA FORNETTI)


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