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ROTA SUL-AMERICANA
Cataratas do Iguaçu e missões jesuíticas marcam caminho
Em Missiones, San Ignácio abriga patrimônio da humanidade que guarda semelhanças com projeto original
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ENVIADO ESPECIAL A ARGENTINA E
AO URUGUAI
É o melhor caminho para
abrir a viagem, por dois motivos: o trajeto que liga São Paulo
a Foz do Iguaçu pode tomar
mais tempo, e com certeza vale
dar o tiro mais demorado logo
de início, quando o motorista e
o(s) passageiro(s) estão mais
dispostos; também é melhor
passar antes pela fronteira com
a Argentina, cuja polícia é mais
exigente: qualquer problema, o
Brasil está logo ali.
Prepare a roupa de verão,
porque, nesta época do ano, esse primeiro trajeto é quente,
mesmo no inverno. A temperatura só começa a ficar branda
quando o carro vai se aproximando de Buenos Aires. A paisagem depois da fronteira é seca e regular, com estradas retas
cortando as planícies ocupadas
por plantações diversas e pelo
gado. O pôr-do-sol sempre rende aos olhos, às vezes se espelhando em áreas alagadas.
Cerca de três horas depois de
Foz do Iguaçu -de suas cataratas exuberantes servindo como
entrada e não como prato principal desse cardápio- em direção à cidade de Posadas, pela
rota 12, erguem-se as ruínas de
algumas das missões jesuíticas
construídas no século 17, na
Província de Missiones. A principal delas fica bem no centro
da pequena San Ignácio, cidade
argentina que vive em função
do turismo. As ruínas jesuíticas
da missão de San Ignácio são
patrimônio da humanidade
desde 1984.
De todas as missões, essa é a
que mais guarda semelhanças
com seu projeto original, depois de restauro na década de
40. As outras permanecem um
pouco apagadas. Foram destruídas em guerras com o Paraguai, no século 19, saqueadas ou
tomadas pela selva. Suas ruínas, muitas vezes, se resumem
a pedras soltas e resquícios de
paredes e colunas. No seu apogeu, a missão chegou a ter mais
de 3.300 habitantes.
Na missão de San Ignácio,
por nove pesos, o visitante pode
ver bem a divisão dos cômodos,
a cozinha, o pátio principal, o
local destinado à horta, o cemitério, oficinas, as residências
dos padres e a igreja. Tudo a céu
aberto, invadido pela mata,
pois o restauro até agora se restringe a piso e paredes. É interessante acompanhar o guia
para ouvir histórias sobre costumes e crenças.
Dali, a cidade de Federación
está a cerca de sete horas, em
direção a Buenos Aires, ainda
pela rota 12, depois pela 14, na
Província de Entre Ríos.
Nem todos os mapas trazem
indicação da cidade de Federación, tão pequena é ela. Mas a
sinalização das estradas se faz
fiel e eficiente. Basta segui-las
para chegar a um lugar sem edifícios, só com casas baixas, planejamento urbano e arquitetura da década de 70, muitos hotéis e pousadas, restaurantes e
um complexo de águas termais
freqüentado por famílias.
Mais adiante, seis horas depois pela rota 14, a capital argentina dá as caras em largas
avenidas, onde o motorista pode escolher a faixa de acordo
com sua velocidade. A saída para o centro é à direita e está sinalizada pelo nome dos bairros.
É bom ficar atento para não
deixar escapar uma placa. No
perímetro urbano, convém parar e se informar, pois Buenos
Aires não é exatamente bem sinalizada.
(GUSTAVO FIORATTI)
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