São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ROTA SUL-AMERICANA

Cataratas do Iguaçu e missões jesuíticas marcam caminho

Em Missiones, San Ignácio abriga patrimônio da humanidade que guarda semelhanças com projeto original

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ENVIADO ESPECIAL A ARGENTINA E AO URUGUAI

É o melhor caminho para abrir a viagem, por dois motivos: o trajeto que liga São Paulo a Foz do Iguaçu pode tomar mais tempo, e com certeza vale dar o tiro mais demorado logo de início, quando o motorista e o(s) passageiro(s) estão mais dispostos; também é melhor passar antes pela fronteira com a Argentina, cuja polícia é mais exigente: qualquer problema, o Brasil está logo ali.
Prepare a roupa de verão, porque, nesta época do ano, esse primeiro trajeto é quente, mesmo no inverno. A temperatura só começa a ficar branda quando o carro vai se aproximando de Buenos Aires. A paisagem depois da fronteira é seca e regular, com estradas retas cortando as planícies ocupadas por plantações diversas e pelo gado. O pôr-do-sol sempre rende aos olhos, às vezes se espelhando em áreas alagadas.
Cerca de três horas depois de Foz do Iguaçu -de suas cataratas exuberantes servindo como entrada e não como prato principal desse cardápio- em direção à cidade de Posadas, pela rota 12, erguem-se as ruínas de algumas das missões jesuíticas construídas no século 17, na Província de Missiones. A principal delas fica bem no centro da pequena San Ignácio, cidade argentina que vive em função do turismo. As ruínas jesuíticas da missão de San Ignácio são patrimônio da humanidade desde 1984.
De todas as missões, essa é a que mais guarda semelhanças com seu projeto original, depois de restauro na década de 40. As outras permanecem um pouco apagadas. Foram destruídas em guerras com o Paraguai, no século 19, saqueadas ou tomadas pela selva. Suas ruínas, muitas vezes, se resumem a pedras soltas e resquícios de paredes e colunas. No seu apogeu, a missão chegou a ter mais de 3.300 habitantes.
Na missão de San Ignácio, por nove pesos, o visitante pode ver bem a divisão dos cômodos, a cozinha, o pátio principal, o local destinado à horta, o cemitério, oficinas, as residências dos padres e a igreja. Tudo a céu aberto, invadido pela mata, pois o restauro até agora se restringe a piso e paredes. É interessante acompanhar o guia para ouvir histórias sobre costumes e crenças.
Dali, a cidade de Federación está a cerca de sete horas, em direção a Buenos Aires, ainda pela rota 12, depois pela 14, na Província de Entre Ríos.
Nem todos os mapas trazem indicação da cidade de Federación, tão pequena é ela. Mas a sinalização das estradas se faz fiel e eficiente. Basta segui-las para chegar a um lugar sem edifícios, só com casas baixas, planejamento urbano e arquitetura da década de 70, muitos hotéis e pousadas, restaurantes e um complexo de águas termais freqüentado por famílias.
Mais adiante, seis horas depois pela rota 14, a capital argentina dá as caras em largas avenidas, onde o motorista pode escolher a faixa de acordo com sua velocidade. A saída para o centro é à direita e está sinalizada pelo nome dos bairros. É bom ficar atento para não deixar escapar uma placa. No perímetro urbano, convém parar e se informar, pois Buenos Aires não é exatamente bem sinalizada. (GUSTAVO FIORATTI)


Texto Anterior: Rota Sul-Americana: Dois trajetos ligam SP a Buenos Aires
Próximo Texto: Rota Sul-Americana: Complexo de águas termais se sobressai em Federación
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.