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direto do mar
Rota das ostras tem múltiplos endereços
Júlio Cavalheiro/Agência RBS
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Clientes almoçam no Ostradamus, um dos restaurantes do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, que apostam em pratos com a iguaria |
GASTRONOMIA Rodovia de Florianópolis (SC) concentra restaurantes, fazendas marinhas e produtores ligados à iguaria
THIAGO MOMM
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
No km 6 da rodovia o turista
se depara com o restaurante
Maria vai com as Ostras. No km
7, com um dos concorrentes, o
Ostradamus, e com a fazenda
marinha Umas e Ostras. No km
15, a saideira: outra fazenda
marinha, a Ostravagante.
Essa trilha de trocadilhos faz
parte da rodovia Baldiceiro Filomeno, estrada principal do
Ribeirão da Ilha, distrito do sul
de Florianópolis. Nos seus 21
quilômetros, a estrada conta
ainda com vários outros pontos
dedicados às ostras -tantos
que há uma iniciativa local para
torná-la a Rota das Ostras.
Cerca de 10 mil pessoas estão
envolvidas com o comércio de
ostras em Santa Catarina, Estado que cultiva mais de 90% do
total brasileiro e abriga, na capital catarinense, a Festa Nacional da Ostra e da Cultura
Açoriana (Fenaostra) em outubro (leia texto na pág. F13).
Um portal com a inscrição
Rota das Ostras e um posto
com informações deverão ser
inaugurados em dezembro. A
idéia é que se possa saber mais
sobre a iguaria, agendar visitas
às fazendas marinhas e conhecer produtos artesanais feitos
com cascas de ostras ou de outros moluscos.
Um dos atrativos do lugar é o
Festival Quinta das Ostras, noite com 25 a 30 preparos diferentes do molusco oferecidos
pelo Ostradamus, de março a
dezembro, a R$ 45 por pessoa.
Há das tradicionais versões
gratinada e ao bafo a alternativas com banana ou chantilly.
Uma combinação engenhosa é
a dúzia com Martini Bianco (R$
18, nos outros dias). Sorver o
martini na concha é delicioso.
O estabelecimento, bem decorado, destoa da simplicidade
do Ribeirão, lugar onde há menos asfalto do que lajotas, paralelepípedos ou mesmo terra ligando casas rústicas da colonização portuguesa do século 18.
Do mesmo dono do Ostradamus, o Alambique da Intisica
("intisicar", termo local, significa provocar, tirar do sério), com
degustação de cachaças artesanais, foi inaugurado na mesma
rodovia. Uma boa receita com
uma dessas cachaças é a caipirinha de limão do restaurante.
Com ambiente modesto, o
Maria vai com as Ostras tem
como mérito a ostra à maricota,
receita da casa com 12 unidades
no creme de queijo e cobertura
de farofa de amêndoas. O prato
custa R$ 58, para duas pessoas,
e vem com arroz, batata sautée
e salada; é precedido de 30 ostras, distribuídas em meia dúzia natural, ao bafo, gratinada,
doré e alho e óleo.
Paris-Ribeirão
Pelo mesmo preço, mas menor quantidade, A Fina Ostra/
Restaurante do Francês oferece uma dúzia envolta em filé de
salmão, com julienne de maçã e
erva-doce ao molho de cidra.
O chef parisiense Sylvain Fils
é casado com a carioca Nunimar. Os dois estão há quatro
anos em Florianópolis. Abriram o restaurante na sala de
um velha casa. São poucas mesas e uma decoração com garrafas de cerveja antigas.
O lugar até poderia ser confundido com bares mais modestos do Ribeirão, não fossem
os preços, salgados. Além do
prato já citado, há a dúzia de ostras com sabayan de champanhe e julienne de funcho (R$
36), gratinadas ao molho de algas (R$ 36) e -mais em conta-
ao natural, acompanhadas de
um copo de vinho e de torradas
com manteiga de ostra ou salmão defumados (R$ 22).
Para quem julgar as receitas
exóticas, o ideal talvez seja experimentar meia dúzia: mesmo
que nem sempre conste no cardápio, os restaurantes locais
costumam oferecer a opção.
Outra dica é que, nos pequenos produtores e nas fazendas,
a dúzia para levar para casa pode sair até por R$ 5.
Como o Ostradamus e o Maria vai com as Ostras, o Rancho
Açoriano tem deques onde o
cliente pode comer apreciando
morros e o mar.
A casa prepara um espaguete
com ostras (R$ 38) em porção
generosa -dá até para três pessoas- mas não extrapola o comum. O atrativo é a ostra gratinada (R$ 21 a dúzia), aposta do
dono para a 8ª Fenaostra.
Porém
Embora sejam conhecidas
pelo sabor, as ostras do Ribeirão podem ter sua qualidade
comprometida devido a ausência de uma rede de esgotos local. Há um projeto para implementá-la em 2007 com verba já
destinada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID). Enquanto isso partes do
mar vêm sendo poluídas, o que,
alerta Paulo Constatino, dono
da fazenda marinha Ostravagante, pode começar a refletir
na saúde do consumidor dentro de cinco ou dez anos.
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