São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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direto do mar

Rota das ostras tem múltiplos endereços

Júlio Cavalheiro/Agência RBS
Clientes almoçam no Ostradamus, um dos restaurantes do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, que apostam em pratos com a iguaria


GASTRONOMIA Rodovia de Florianópolis (SC) concentra restaurantes, fazendas marinhas e produtores ligados à iguaria

THIAGO MOMM
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS

No km 6 da rodovia o turista se depara com o restaurante Maria vai com as Ostras. No km 7, com um dos concorrentes, o Ostradamus, e com a fazenda marinha Umas e Ostras. No km 15, a saideira: outra fazenda marinha, a Ostravagante.
Essa trilha de trocadilhos faz parte da rodovia Baldiceiro Filomeno, estrada principal do Ribeirão da Ilha, distrito do sul de Florianópolis. Nos seus 21 quilômetros, a estrada conta ainda com vários outros pontos dedicados às ostras -tantos que há uma iniciativa local para torná-la a Rota das Ostras.
Cerca de 10 mil pessoas estão envolvidas com o comércio de ostras em Santa Catarina, Estado que cultiva mais de 90% do total brasileiro e abriga, na capital catarinense, a Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra) em outubro (leia texto na pág. F13).
Um portal com a inscrição Rota das Ostras e um posto com informações deverão ser inaugurados em dezembro. A idéia é que se possa saber mais sobre a iguaria, agendar visitas às fazendas marinhas e conhecer produtos artesanais feitos com cascas de ostras ou de outros moluscos.
Um dos atrativos do lugar é o Festival Quinta das Ostras, noite com 25 a 30 preparos diferentes do molusco oferecidos pelo Ostradamus, de março a dezembro, a R$ 45 por pessoa. Há das tradicionais versões gratinada e ao bafo a alternativas com banana ou chantilly. Uma combinação engenhosa é a dúzia com Martini Bianco (R$ 18, nos outros dias). Sorver o martini na concha é delicioso.
O estabelecimento, bem decorado, destoa da simplicidade do Ribeirão, lugar onde há menos asfalto do que lajotas, paralelepípedos ou mesmo terra ligando casas rústicas da colonização portuguesa do século 18.
Do mesmo dono do Ostradamus, o Alambique da Intisica ("intisicar", termo local, significa provocar, tirar do sério), com degustação de cachaças artesanais, foi inaugurado na mesma rodovia. Uma boa receita com uma dessas cachaças é a caipirinha de limão do restaurante.
Com ambiente modesto, o Maria vai com as Ostras tem como mérito a ostra à maricota, receita da casa com 12 unidades no creme de queijo e cobertura de farofa de amêndoas. O prato custa R$ 58, para duas pessoas, e vem com arroz, batata sautée e salada; é precedido de 30 ostras, distribuídas em meia dúzia natural, ao bafo, gratinada, doré e alho e óleo.

Paris-Ribeirão
Pelo mesmo preço, mas menor quantidade, A Fina Ostra/ Restaurante do Francês oferece uma dúzia envolta em filé de salmão, com julienne de maçã e erva-doce ao molho de cidra.
O chef parisiense Sylvain Fils é casado com a carioca Nunimar. Os dois estão há quatro anos em Florianópolis. Abriram o restaurante na sala de um velha casa. São poucas mesas e uma decoração com garrafas de cerveja antigas.
O lugar até poderia ser confundido com bares mais modestos do Ribeirão, não fossem os preços, salgados. Além do prato já citado, há a dúzia de ostras com sabayan de champanhe e julienne de funcho (R$ 36), gratinadas ao molho de algas (R$ 36) e -mais em conta- ao natural, acompanhadas de um copo de vinho e de torradas com manteiga de ostra ou salmão defumados (R$ 22).
Para quem julgar as receitas exóticas, o ideal talvez seja experimentar meia dúzia: mesmo que nem sempre conste no cardápio, os restaurantes locais costumam oferecer a opção.
Outra dica é que, nos pequenos produtores e nas fazendas, a dúzia para levar para casa pode sair até por R$ 5.
Como o Ostradamus e o Maria vai com as Ostras, o Rancho Açoriano tem deques onde o cliente pode comer apreciando morros e o mar.
A casa prepara um espaguete com ostras (R$ 38) em porção generosa -dá até para três pessoas- mas não extrapola o comum. O atrativo é a ostra gratinada (R$ 21 a dúzia), aposta do dono para a 8ª Fenaostra.

Porém
Embora sejam conhecidas pelo sabor, as ostras do Ribeirão podem ter sua qualidade comprometida devido a ausência de uma rede de esgotos local. Há um projeto para implementá-la em 2007 com verba já destinada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Enquanto isso partes do mar vêm sendo poluídas, o que, alerta Paulo Constatino, dono da fazenda marinha Ostravagante, pode começar a refletir na saúde do consumidor dentro de cinco ou dez anos.


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