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TRADIÇÃO
Páscoa cristã e Pessach estãoentre celebrações principais
Judeus relembram libertação de seu povo da escravidão no Egito; cristãos festejam ressurreição de Jesus
MARINA DELLA VALLE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os cristãos relembram a ressurreição de Jesus Cristo. Os
judeus celebram a libertação de
seu povo da escravidão no Egito. Nos dois casos, a Páscoa
-no caso dos judeus, o Pessach,
a Páscoa judaica- ocupa um lugar importante entre as comemorações religiosas.
"A vigília pascal, no sábado à
noite, e o Domingo de Páscoa
formam a parte mais importante da liturgia. Se Jesus não tivesse ressuscitado, vã seria
nossa fé", diz frei Sandro Roberto da Costa, diretor do Instituto Teológico Franciscano,
em Petrópolis, e professor de
história da igreja. Padre Gregório Teodoro, da Catedral Ortodoxa Antioquina, em São Paulo,
faz coro: "Se Cristo não tivesse
ressuscitado, tudo seria vão."
De acordo com Boris Ber,
presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, o
Pessach, que neste ano tem início em 19 de abril, é a comemoração da liberdade. "É a valorização da liberdade, em todos os
sentidos. Comemoramos a liberdade de todos os tipos de
perseguição", afirma Ber.
Datas
Católicos e ortodoxos geralmente comemoram a Páscoa
em datas diferentes. Neste ano,
a católica será celebrada em 23
de março, e a ortodoxa, em 27
de abril. A diferença entre as
datas ocorre porque as igrejas
seguem calendários diferentes.
"Aqui seguimos o calendário
gregoriano [usado em todos os
países ocidentais] para todas as
festas, menos para a Páscoa,
que é celebrada de acordo com
o calendário juliano", explica
padre Gregório. As datas podem coincidir - isso ocorreu
no ano passado e deve acontecer novamente em 2010.
Católicos e ortodoxos comemoravam a Páscoa na mesma
data, cujo cálculo foi estabelecido no Concílio de Nicéia, no
ano 325, até a Igreja Católica
adotar o calendário gregoriano,
em 1582. Hoje em dia, muitas
igrejas ortodoxas que seguem o
calendário gregoriano em suas
comemorações, mas não em relação à Páscoa.
Tradições
Muitas tradições de Páscoa
não derivam da religião, mas
sim da assimilação de culturas
ao longo dos anos. A associação
do coelho com a data, por
exemplo, apareceu em áreas
protestantes da Europa no século 17 e só tornou-se popular a
partir do século 19.
O ovo, símbolo conhecido da
comemoração cristã, também
está presente na Páscoa judaica. O beitzá, o ovo cozido, simboliza a lembrança do sacrifício
oferecido a cada festividade.
O Pessach é comemorado
por oito dias, com dois jantares
seguidos. Durante esse período, alimentos fermentados estão proibidos. Nos jantares familiares, a história da Páscoa
judaica é lida e são consumidos
alimentos simbólicos, como a
matzá, pão sem fermento, que
lembra o pão dos anos de escravidão no Egito.
O uso de ovos pintados e decorados na Páscoa foi registrado pela primeira vez no século
13 e acabou assimilado. "Jesus
ficou na sepultura antes de ressuscitar. O ovo é uma espécie
de tumba, mas ali tem vida",
analisa frei Sandro.
De acordo com ele, o símbolo
religioso mais forte da Páscoa
cristã é o círio pascal, que é aceso no Domingo de Páscoa e permanece queimando até Pentecostes, 50 dias depois.
As velas também ocupam lugar de destaque na celebração
ortodoxa na noite do sábado,
quando os fiéis as acendem e
saem em procissão.
O costume de distribuir ovos
pintados é seguido principalmente nos países eslavos, onde
as pinturas são verdadeiras
obras de arte. A tradição está
presente na celebração ortodoxa. "Os ovos que distribuímos
são pintados de modo bem
mais simples, representando a
geração da vida", diz padre Gregório. "No domingo distribuímos ovos de chocolate às crianças, mas isso não faz parte da
tradição", completa.
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