São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PASSADO PRESENTE

Lar de anos do crítico Antonio Candido, Poços de Caldas foi tema de romance de João do Rio

Burburinho das termas foram mote para livro

Silvio Cioffi/Folha Imagem
Do alto do morro são Domingos, de 1.686 metros, Cristo mira a cidade


DO ENVIADO ESPECIAL A POÇOS (MG)

Aristides Candido de Mello e Souza (1885-1942) foi o médico reumatologista que remodelou os serviços termais de Poços de Caldas depois de ter estado, em 1929, a convite do governo de Minas Gerais, em balneários franceses, alemães, italianos e tchecos.
Erudito, fluente em inglês, francês e espanhol, escreveu, em 1936, o livro "Estudos de Crenologia", sobre as propriedades das águas minerais e sulfurosas e reuniu uma notável biblioteca. Em 1989, seus filhos, entre eles o professor Antonio Candido (leia texto do crítico e ensaísta à pág. F2), doaram esses e outros livros da família, num total de 3.500 volumes, para a Unicamp.

Verso e anverso
Já João do Rio (1881-1921), nome de pluma do carioca João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, foi o escritor mundano e jornalista que usou Poços de Caldas para ambientar seu romance "A Correspondência de uma Estação de Cura", publicado em 1918.
Considerado um dos maiores jornalistas de seu tempo, João do Rio, um dos criadores da moderna crônica social e, também, teatrólogo e contista, construiu, em seu romance "poços-caldense", uma trama em que enlaça as diferentes camadas da sociedade que, na época, freqüentavam a estância hidrotermal, então um dos mais exclusivos destinos turísticos brasileiros.
Quando morreu, no início dos anos 20, João do Rio teve seu enterro seguido por um cortejo de 100 mil pessoas. Sua obra, hoje esquecida, também parece ter agonizado.
Em 1931, Poços de Caldas edificou as Thermas Antonio Carlos, um dos símbolos da época em que a cidade era freqüentada por uma elite.
Até que o jogo foi proibido no país -em 1946, há 60 anos-, artistas como Carmem Miranda e Orlando Silva, escritores como Rui Barbosa e Olavo Bilac e até mesmo o inventor Santos Dumont deram o ar de sua graça na cidade, onde também desfilaram sua notoriedade políticos como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Terminou então o "ciclo da lua-de-mel" e, com ele, Poços de Caldas mergulhou numa decadência que só a redescoberta e o investimento em sua vocação turística podem, quem sabe, reverter. (SILVIO CIOFFI)


Texto Anterior: Exposições
Próximo Texto: Passado presente: Centro e arredores divertem após banho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.