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Lar de anos do crítico Antonio Candido, Poços de Caldas foi tema de romance de João do Rio
Burburinho das termas foram mote para livro
Silvio Cioffi/Folha Imagem
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Do alto do morro são Domingos, de 1.686 metros, Cristo mira a cidade |
DO ENVIADO ESPECIAL A POÇOS (MG)
Aristides Candido de Mello e
Souza (1885-1942) foi o médico
reumatologista que remodelou
os serviços termais de Poços de
Caldas depois de ter estado, em
1929, a convite do governo de
Minas Gerais, em balneários
franceses, alemães, italianos e
tchecos.
Erudito, fluente em inglês,
francês e espanhol, escreveu,
em 1936, o livro "Estudos de
Crenologia", sobre as propriedades das águas minerais e sulfurosas e reuniu uma notável
biblioteca. Em 1989, seus filhos, entre eles o professor Antonio Candido (leia texto do
crítico e ensaísta à pág. F2),
doaram esses e outros livros da
família, num total de 3.500 volumes, para a Unicamp.
Verso e anverso
Já João do Rio (1881-1921),
nome de pluma do carioca João
Paulo Emílio Cristóvão dos
Santos Coelho Barreto, foi o escritor mundano e jornalista
que usou Poços de Caldas para
ambientar seu romance "A
Correspondência de uma Estação de Cura", publicado em
1918.
Considerado um dos maiores
jornalistas de seu tempo, João
do Rio, um dos criadores da
moderna crônica social e, também, teatrólogo e contista,
construiu, em seu romance
"poços-caldense", uma trama
em que enlaça as diferentes camadas da sociedade que, na
época, freqüentavam a estância
hidrotermal, então um dos
mais exclusivos destinos turísticos brasileiros.
Quando morreu, no início
dos anos 20, João do Rio teve
seu enterro seguido por um
cortejo de 100 mil pessoas. Sua
obra, hoje esquecida, também
parece ter agonizado.
Em 1931, Poços de Caldas
edificou as Thermas Antonio
Carlos, um dos símbolos da
época em que a cidade era freqüentada por uma elite.
Até que o jogo foi proibido no
país -em 1946, há 60 anos-,
artistas como Carmem Miranda e Orlando Silva, escritores
como Rui Barbosa e Olavo Bilac
e até mesmo o inventor Santos
Dumont deram o ar de sua graça na cidade, onde também desfilaram sua notoriedade políticos como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Terminou então o "ciclo da
lua-de-mel" e, com ele, Poços
de Caldas mergulhou numa decadência que só a redescoberta
e o investimento em sua vocação turística podem, quem sabe, reverter.
(SILVIO CIOFFI)
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