DAVID DREW ZINGG
em Sampa

Gisele Bündchen é a modelo mais quente dos últimos dez anos.
Os homens morrem de puro e antiquado desejo por ela, e as mulheres morrem de pura e antiquada inveja.
Ela possui o tipo de beleza que a coloca nas capas de todas as melhores revistas internacionais de moda por meses a fio.
Gisele é o oposto daquelas modelos supermagrelas, subnutridas, com peito que parece tábua de passar roupa, tipo Kate Moss.
Para completar o quadro, Gisele Bündchen não usa drogas, não namora um astro do rock e tem "atitude" moderada ao extremo. Ela é a modelo que é a estrela deste início do ano 2000.
Se você já está achando que tio Dave perdeu o controle de suas bolas de gude, pode ser que tenha razão -mas, mesmo assim, é verdade que Gisele é uma garota de tipo diferente daquelas modelos metidas a besta que costumamos ver desfilando na passarela.
Como você deve saber, Joãozinho, ela é gaúcha.
Os habitantes da Pampalândia são uma gente de personalidade.
São pessoas do tipo sincero, olhos nos olhos.
Pelo que sei dos gaúchos e das gaúchas, eles têm menos atitude fajuta por quilômetro quadrado do que praticamente quaisquer outras pessoas que você seria capaz de imaginar.
Talvez isso explique suas constantes tentativas de separar-se da federação brasileira.
Se você pensa que tudo isso não passa de ufanismo nacionalista caseiro, pense outra vez.

O Brasil Rides Again
Gisele está fazendo pelo Brasil, no mundo da moda, o que Pelé fez no mundo dos esportes e o que Antonio Brasileiro fez pelo país no mundo da música.
Se você duvida, venha para cá comigo, dar uma olhada nesta banca de jornais na encruzilhada do mundo -a Grand Central Station de Nova York.
Lá está Gisele na capa da "Vogue" americana. Fica difícil imaginar uma garota de Horizontina, Rio Grande do Sul, subindo mais alto do que isso.
Ao lado dessa revista está a "Vogue" britânica, e adivinhe quem está em sua capa? Nossa amiga do nariz que descrevem como "forte". É isso mesmo: Gisele Bündchen.
Ao lado das duas "Vogues" há um exemplar da revista social chiquérrima conhecida como "W". Sua capa traz -surpresa, surpresa!- Gisele.
Ao lado da "W" está a "Harper's Bazaar" (esse negócio já está começando a cansar, você não acha?), e a foto em sua capa é de alguém que acho que não preciso nem mais dizer quem é.
Como bem sabe qualquer pessoa que aprecie uma saia, a moda é uma coisa cíclica.
Se você guardar aquele vestidinho no sótão, é só esperar 20 ou 30 anos que ele voltará a estar na moda.
O que acontece com as roupas também acontece com as modelos. A ascensão de Gisele coincidiu com a volta de um estilo mais sexy e glamuroso na moda.
Poderíamos dizer que é uma mudança em direção a uma visão mais heterossexual das mulheres. Graças a Deus pelas pequenas benesses que nos concede.
Finalmente estamos começando a deixar para trás, aos poucos, a era das supermodelos, que retratava as mulheres como objetos perigosamente próximos a drag queens -não exatamente o tipo de coisa com que eu sonho em minhas noites solitárias.
Os editores de moda vinham ficando "bonkers" (malucos) com as fotos de capa de modelos que não conseguiam fazer suas revistas vender.
Começaram a atropelar-se uns aos outros na corrida para substituir as modelos por estrelas de cinema mais fotogênicas (de preferência, Gwyneth Paltrow).
Foi então que Gisele chegou ao mercado internacional de beldades da moda.
Uma pergunta boa pra você responder: foi a garota quem mudou a moda, ou foi a moda que mudou e encontrou a garota?
O editor de moda do "Sunday Times" de Londres explicou o que aconteceu nos seguintes termos:
"Bastou Gisele aparecer em cena e sacudir sua juba à la Jerry Hall para fazer o look 'tenso", a estética reinante da moda nos últimos anos, parecer superado no ato." Não é difícil entender por quê.
A moça é uma deusa, um arrasa-quarteirão que o mundo não vê desde Cindy Crawford.
Uma coisa parece estar clara: Gisele vende.
"Ela é uma bomba sexual direta, sem meio-termo", diz a editora da "Vogue" britânica, Alexandra Shulman, que vai colocar Gisele em sua capa novamente na edição de março da revista.
"Ela tem aquela beleza perfeita e um corpo totalmente incrível que faz até os das outras modelos parecerem ligeiramente imperfeitos."
Além da altura (1,78 metro), da cabeleira (longa e espessa) e daquilo que outra editora de moda descreve como "seu jeito maravilhosamente sem frescuras", as credenciais de Gisele incluem algo que já tinha sido praticamente declarado extinto no mundo da moda: 92 centímetros de busto.
Após uma vida inteira usando a fotografia para fabricar modelos, ainda outra editora de moda usou a imagem mais poética que tio Dave já ouviu para descrever uma garota realmente sexy.
A editora em questão é Sarah Mower, que dirige a revista "Frank", que deixou de circular, mas será relançada em setembro de 2000 sob novo nome.
Quando alguém mencionou o nome de Gisele Bündchen, Mower comentou: "Aqueles seios! Aqueles seios cintilantes, esplendorosos!".