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LETÔNIA, LITUÂNIA, ESTÔNIA
Países bálticos roubam a cena
Isolados pela Cortina de Ferro no passado recente, eles agora surgem como a surpresa do turismo europeu
LETÍCIA FONSECA-SOURANDER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA NOS PAÍSES BÁLTICOS
E DA REDAÇÃO
Com uma história muito antiga, Estônia, Letônia e Lituânia não param de surpreender.
No passado recente, quando
esses países bálticos estavam
atrás da Cortina de Ferro, que
dividiu a Europa na época da
União Soviética, dois milhões
de habitantes deram as mãos e
formaram uma corrente humana de 600 km que, ligando as
capitais Tallinn, na Estônia, Riga, na Letônia, e Vilna, na Lituânia, pedia independência.
Inédita, essa manifestação
marcou o começo das revoluções pacíficas na região. E, passados quase 20 anos, duas dessas cidades, Vilna e Tallinn, devem ser capitais culturais européias -respectivamente, em
2009 e em 2011.
Promissoras
Consideradas as novas promessas de turismo no continente europeu, Tallinn, Riga e
Vilna são dotadas de um excepcionais patrimônios arquitetônicos, históricos e culturais.
A pequena Tallinn é uma jóia
da época medieval; Riga abriga
um dos mais belos conjuntos
mundiais de edifícios art nouveau; e Vilna, cidade natal do
pintor lituano-brasileiro Lasar
Segall (1891-1957), se destaca
pela riqueza da arquitetura
barroca, com inúmeras igrejas.
Próximas, semelhantes, e, no
entanto, tão diferentes entre si,
essas três capitais bálticas são,
assim, como três irmãs de uma
mesma família.
A paixão pela música, os festivais de canto e de dança, o
amor à natureza e os infinitos
lagos e florestas moldaram a alma desses povos. Mas eles também dividem um passado comum marcado por invasões e
glórias esquecidas e, no século
20, estiveram meio século sob
ocupação soviética.
Iguais e diferentes
As diferenças são sutis e exigem o olhar cuidadoso do viajante. Já a distinção entre os
idiomas e a religião é mais evidente. O estoniano pertence ao
grupo dos idiomas fino-húngaros, o letão e o lituano são línguas antigas, de filiação lingüística indo-européia.
A Estônia e a Letônia são basicamente luteranas, enquanto
a Lituânia é católica. Dizem que
os lituanos são mais emotivos
e, às vezes, exaltados, se comparados aos vizinhos do Norte.
Os estonianos têm fama de reservados e cerebrais, e são orgulhosos das recentes conquistas do país. E por fim, os letões,
com um temperamento mais
boêmio, se consideram sonhadores com senso prático.
O que também torna esses
destinos ricos é o contraste entre as pedras seculares e o design hipermoderno; entre a
música minimalista de Arvo
Pärt e as muralhas medievais;
entre as galerias de arte contemporânea, os históricos casarões de madeira e as centenas
de pontos wi-fi para conectar,
sem o uso de fios, computadores portáteis à internet.
Desde que entraram para a
União Européia, em 2004, esses países conseguiram, a um
só tempo, restaurar seu patrimônio e modernizar as estruturas turísticas. Em pleno
boom imobiliário, os prédios do
período soviético estão sendo
substituídos por arranha-céus,
nem sempre atrativos.
Assim, Tallinn, Riga e Vilna,
as capitais dos países bálticos,
são cidades onde é possível tocar a história. Ali, durante o verão, nos meses de junho, julho e
agosto, os dias são longos, com
até dezoito horas de luz. É o
tempo ideal para fazer as malas.
Descubra nesta edição o que
coloca essas capitais no mapa
do turismo contemporâneo e,
também, conheça personagens
brasileiros com raízes nesses
países que, debruçados sobre o
mar Báltico, ficaram por tantas
décadas um tanto escondidos
do Ocidente.
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