São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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LETÔNIA, LITUÂNIA, ESTÔNIA

Países bálticos roubam a cena

Isolados pela Cortina de Ferro no passado recente, eles agora surgem como a surpresa do turismo europeu

LETÍCIA FONSECA-SOURANDER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA NOS PAÍSES BÁLTICOS
E DA REDAÇÃO

Com uma história muito antiga, Estônia, Letônia e Lituânia não param de surpreender.
No passado recente, quando esses países bálticos estavam atrás da Cortina de Ferro, que dividiu a Europa na época da União Soviética, dois milhões de habitantes deram as mãos e formaram uma corrente humana de 600 km que, ligando as capitais Tallinn, na Estônia, Riga, na Letônia, e Vilna, na Lituânia, pedia independência.
Inédita, essa manifestação marcou o começo das revoluções pacíficas na região. E, passados quase 20 anos, duas dessas cidades, Vilna e Tallinn, devem ser capitais culturais européias -respectivamente, em 2009 e em 2011.

Promissoras
Consideradas as novas promessas de turismo no continente europeu, Tallinn, Riga e Vilna são dotadas de um excepcionais patrimônios arquitetônicos, históricos e culturais.
A pequena Tallinn é uma jóia da época medieval; Riga abriga um dos mais belos conjuntos mundiais de edifícios art nouveau; e Vilna, cidade natal do pintor lituano-brasileiro Lasar Segall (1891-1957), se destaca pela riqueza da arquitetura barroca, com inúmeras igrejas.
Próximas, semelhantes, e, no entanto, tão diferentes entre si, essas três capitais bálticas são, assim, como três irmãs de uma mesma família.
A paixão pela música, os festivais de canto e de dança, o amor à natureza e os infinitos lagos e florestas moldaram a alma desses povos. Mas eles também dividem um passado comum marcado por invasões e glórias esquecidas e, no século 20, estiveram meio século sob ocupação soviética.

Iguais e diferentes
As diferenças são sutis e exigem o olhar cuidadoso do viajante. Já a distinção entre os idiomas e a religião é mais evidente. O estoniano pertence ao grupo dos idiomas fino-húngaros, o letão e o lituano são línguas antigas, de filiação lingüística indo-européia.
A Estônia e a Letônia são basicamente luteranas, enquanto a Lituânia é católica. Dizem que os lituanos são mais emotivos e, às vezes, exaltados, se comparados aos vizinhos do Norte. Os estonianos têm fama de reservados e cerebrais, e são orgulhosos das recentes conquistas do país. E por fim, os letões, com um temperamento mais boêmio, se consideram sonhadores com senso prático.
O que também torna esses destinos ricos é o contraste entre as pedras seculares e o design hipermoderno; entre a música minimalista de Arvo Pärt e as muralhas medievais; entre as galerias de arte contemporânea, os históricos casarões de madeira e as centenas de pontos wi-fi para conectar, sem o uso de fios, computadores portáteis à internet.
Desde que entraram para a União Européia, em 2004, esses países conseguiram, a um só tempo, restaurar seu patrimônio e modernizar as estruturas turísticas. Em pleno boom imobiliário, os prédios do período soviético estão sendo substituídos por arranha-céus, nem sempre atrativos.
Assim, Tallinn, Riga e Vilna, as capitais dos países bálticos, são cidades onde é possível tocar a história. Ali, durante o verão, nos meses de junho, julho e agosto, os dias são longos, com até dezoito horas de luz. É o tempo ideal para fazer as malas.
Descubra nesta edição o que coloca essas capitais no mapa do turismo contemporâneo e, também, conheça personagens brasileiros com raízes nesses países que, debruçados sobre o mar Báltico, ficaram por tantas décadas um tanto escondidos do Ocidente.

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