São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

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Brasileiros lideram barrados na Europa, mas número cai 24%

Dados de agência de controle de fronteiras mostram queda no ano passado em relação a 2009

Brasileiros recusados em aeroportos da União Europeia somaram 6.072, o que representa 12% do total de casos

MARINA DELLA VALLE
DE SÃO PAULO

O relatório da Frontex ­agência europeia de controle de fronteiras- referente a 2010 mostra que os brasileiros continuam liderando o ranking de viajantes barrados em aeroportos da Europa. A diferença é que o número caiu 24%, na comparação com 2009.
Em 2010, 6.072 brasileiros foram mandados de volta de aeroportos da União Europeia, o que equivale a 12% do total de recusas de entradas por via aérea.
A Espanha e a França foram os países que mais barraram brasileiros em 2010, com 1.813 casos e 673 casos, respectivamente.
Dados fornecidos pelas embaixadas no Brasil confirmam a queda de entradas recusadas de brasileiros. Na França, o número de barrados em 2009 foi de 1.437, contra os 673 casos contabilizados no ano passado.
A Espanha registrou 1.994 casos em 2009, 2.842 em 2008 e 3.134 em 20087.
Já no Reino Unido, os brasileiros recusados formavam 1,13% do total; em 2010, o percentual caiu para 0,65%.
De acordo com Barry Wolfe, advogado escocês radicado no Brasil, especialista em casos de visto e imigração em relação ao Reino Unido, o motivo da queda de barrados é a crise econômica nos países europeus, que já não atraem brasileiros em busca de trabalho como antes.
"Com o real forte, o câmbio, já não compensa passar um tempo trabalhando na Europa, e o número de brasileiros indo para lá trabalhar caiu", diz. "No Reino Unido, as regras sobre vistos de estudantes e possibilidade de trabalho foram endurecidas, estudantes não podem mais trabalhar", completa.
Em 2010, o segundo lugar dos barrados nos aeroportos ficou com os norte-americanos, com 2.338 casos.
Contando todos os tipos de entrada, o país com o maior número de cidadãos recusados é a Ucrânia, com 18.743 casos.

FRUSTRAÇÃO
Os brasileiros lideram os barrados em aeroportos europeus desde que a Frontex (www.frontex.europa.eu) começou a registrar a informação, em 2008. Ainda que os dados de 2010 indiquem queda nos casos, cada número tem por trás uma história de frustração e prejuízo.
Foi o que aconteceu com inspetor de solda Daniel Souza da Silva, 27 anos, que no ano passado foi barrado em Portugal, onde faria uma escala rumo a Zurique.
Passou um dia e meio preso em uma sala, enquanto a família, no Brasil, e a namorada, na Suíça, tentavam resolver o problema. Não teve jeito -foi mandado de volta.
"Eu tinha todos os papéis necessários, mas alegaram a falta de uma carta-convite. A carta estava em Zurique, expliquei que não ficaria em Portugal nem duas horas, que tinha outro voo", conta. O prejuízo, além do dinheiro gasto e a chance perdida de encontrar a namorada? "Eu me senti muito desrespeitado.
Somos barrados, mas aqui no Brasil ninguém toma nenhuma atitude."


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