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ROTA BORBULHANTE
Palco de guerras, Reims consagrou reis
Foram coroados 25 monarcas franceses na cidade; basílica de Saint-Rémi é uma das principais atrações
DO ENVIADO À FRANÇA E À BÉLGICA
Principal cidade da Champanhe, com 200 mil habitantes,
Reims é cheia de história e foi
palco de guerras devastadoras,
como a Franco-Prussiana, em
1870, e a Primeira Guerra Mundial. Também ali foi assinada a
rendição alemã, em maio de
1945, episódio que deu fim à Segunda Guerra na Europa.
Antiga capital da tribo dos remos, Reims (pronuncia-se
"rans") foi capital da Província
da Bélgica durante o Império
Romano, quando, então, se
chamava Durocortorum.
Poucos monumentos restam
dessa época. O mais famoso é a
Porta de Marte, arco triunfal
erguido em honra ao imperador Augusto e que serviu de
porta às muralhas medievais,
derrubadas no século 18.
Foi a partir do século 5º,
quando o cristianismo já se impusera na região aos antigos
cultos bárbaros, que Reims assumiu importância religiosa
para os francos, povo que deu
origem à França atual.
No Natal de 496, o bispo Remi batizou na cidade o rei Clóvis, selando a união dos francos
sob o cristianismo. Reza a lenda
que, quando Clóvis entrou no
batistério, uma pomba, símbolo do Espírito Santo, entregou a
Remi a Santa Ampola, contendo o óleo destinado ao batismo.
Em memória disso, a partir
do século 11 os reis franceses
passaram a ser coroados em
Reims. A cerimônia, que durou
até 1825, consagrou nada menos que 25 monarcas.
A basílica de Saint-Rémi,
aliás, é uma das principais atrações de Reims, só atrás da catedral de Notre Dame. Sua construção foi iniciada em 1007, no
lugar de uma igreja do século
9º, que, por sua vez, substituíra
uma basílica erguida para abrigar as relíquias do santo.
A fachada é dominada por
duas torres quadradas, mas a da
direita é do século 11, enquanto
a da esquerda só foi construída
no século 19, tentando preservar o estilo da outra.
O longo interior, com 122 m
de comprimento, favorece a penumbra, o que valoriza os belos
vitrais da fachada -sobretudo
à tarde, quando o sol ilumina a
igreja pela frente. A tumba de
são Remi fica atrás do altar.
Anexo à basílica há o interessante Museu Saint-Rémi, contendo belas peças sacras e uma
série de dez grandes tapeçarias
retratando episódios da vida do
santo, produzidas no século 16.
Embora tenha sofrido bastante nos conflitos com os alemães, sobretudo na Primeira
Guerra Mundial, Reims preserva alguns recantos históricos. O
principal é a place Royale, planejada em 1760 e que tem no
centro uma estátua de Luís 15.
À noite, a pedida é circular
pela place D'Erlon, centro boêmio e gastronômico. Um alerta,
porém, para quem imagina que
ali beberá champanhe a preços
camaradas: na praça, uma garrafa das marcas menos conhecidas sai em torno de 40 (cerca de R$ 115).
(MÁRIO MOREIRA)
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