São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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ROTA RELAXANTE

Castelo exemplar exibe ponte levadiça

Em Bouillon, fortaleza erguida sobre colina dá aula de arquitetura militar com vista para vale e floresta

DO ENVIADO À FRANÇA E À BÉLGICA

Situada a poucos quilômetros da fronteira francesa, a pequena Bouillon, nas Ardenas belgas, é a primeira cidade a surgir para quem entra no país pela "porta dos fundos".
Estamos na Valônia, a metade da Bélgica que fala francês e que guarda forte rivalidade com a Flandres, a metade onde o idioma é o flamengo.
Bouillon é uma cidade de aparência germanizada, encravada entre os meandros do rio Semois e as verdes encostas do vale. E no alto de um morro, dominando tudo, seu fantástico castelo -considerado o melhor exemplo de arquitetura militar em toda a Bélgica.
De fato, o castelo é uma enorme (literalmente) curtição para quem aprecia as histórias e lendas da Idade Média: pontes levadiças, torres, seteiras, passagens secretas, masmorras, fendas nas muralhas para jogar água fervente nos inimigos e até uma sala de torturas.
Os primeiros registros do castelo remontam ao final do século 10. Cem anos depois, em 1096, o duque Godofredo de Bouillon o vendeu a Otbert, príncipe-bispo de Liège, para conseguir bancar a 1ª Cruzada (1096-99). Otbert ainda ajudou o duque pilhando igrejas e mosteiros de sua própria diocese.
Godofredo conquistou Jerusalém e lá morreu em 1100, com o título de "Defensor do Santo Sepulcro". Seu aposento no castelo contém uma estátua do duque e uma pintura representando a partida para a cruzada.

Vista privilegiada
Do ponto mais alto do castelo, a chamada torre da Áustria, 75 metros acima do nível do rio, tem-se uma visão privilegiada de toda a construção, com seus 340 m de comprimento total, além da vista espetacular de Bouillon, do vale do Semois e da floresta das Ardenas.
Num dia claro, a visibilidade se estende por quilômetros, o que permitia a quem estava lá no alto perceber com antecedência a chegada de inimigos.
Em dezembro de 1944, quando Hitler lançava nas Ardenas sua última grande e desesperada ofensiva na Segunda Guerra, oficiais norte-americanos visitaram o castelo de Bouillon e concluíram que lá do alto, com umas poucas armas antitanques, comandariam todo o vale.
O castelo segue um dos princípios da arquitetura militar, o de que cada elemento de defesa precisa vigiar o precedente.
Assim, o conjunto é composto de duas fortalezas. Para tomar o castelo, o inimigo teria de superar uma primeira ponte levadiça para entrar na primeira fortaleza e outra ainda para chegar à segunda fortaleza.
O castelo contém alguns curiosos dispositivos de defesa criados pelo arquiteto militar francês Vauban depois que Luís 14 conquistou a região, na segunda metade do século 17.
Além de planejar as muralhas atuais, Vauban criou mecanismos como as seteiras triplas, que permitiam à artilharia atirar nos inimigos em várias direções ao mesmo tempo.
Outra atração é um longo túnel com cerca de 80 metros ligando as áreas inferiores da torre da Áustria à parte da frente da fortaleza. Essa galeria era usada tanto para comunicação quanto como depósito.
Para quem se interessa por aves de rapina, o castelo apresenta, três vezes por dia (às 11h30, às 14h e às 15h30), um show de falcoaria, em que águias e falcões mostram seus dotes de caçadores. (MM)


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