|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROTA RELAXANTE
Castelo exemplar exibe ponte levadiça
Em Bouillon, fortaleza erguida sobre colina dá aula de arquitetura militar com vista para vale e floresta
DO ENVIADO À FRANÇA E À BÉLGICA
Situada a poucos quilômetros da fronteira francesa, a pequena Bouillon, nas Ardenas
belgas, é a primeira cidade a
surgir para quem entra no país
pela "porta dos fundos".
Estamos na Valônia, a metade da Bélgica que fala francês e
que guarda forte rivalidade
com a Flandres, a metade onde
o idioma é o flamengo.
Bouillon é uma cidade de
aparência germanizada, encravada entre os meandros do rio
Semois e as verdes encostas do
vale. E no alto de um morro, dominando tudo, seu fantástico
castelo -considerado o melhor
exemplo de arquitetura militar
em toda a Bélgica.
De fato, o castelo é uma enorme (literalmente) curtição para
quem aprecia as histórias e lendas da Idade Média: pontes levadiças, torres, seteiras, passagens secretas, masmorras, fendas nas muralhas para jogar
água fervente nos inimigos e
até uma sala de torturas.
Os primeiros registros do
castelo remontam ao final do
século 10. Cem anos depois, em
1096, o duque Godofredo de
Bouillon o vendeu a Otbert,
príncipe-bispo de Liège, para
conseguir bancar a 1ª Cruzada
(1096-99). Otbert ainda ajudou
o duque pilhando igrejas e mosteiros de sua própria diocese.
Godofredo conquistou Jerusalém e lá morreu em 1100, com
o título de "Defensor do Santo
Sepulcro". Seu aposento no
castelo contém uma estátua do
duque e uma pintura representando a partida para a cruzada.
Vista privilegiada
Do ponto mais alto do castelo, a chamada torre da Áustria,
75 metros acima do nível do rio,
tem-se uma visão privilegiada
de toda a construção, com seus
340 m de comprimento total,
além da vista espetacular de
Bouillon, do vale do Semois e
da floresta das Ardenas.
Num dia claro, a visibilidade
se estende por quilômetros, o
que permitia a quem estava lá
no alto perceber com antecedência a chegada de inimigos.
Em dezembro de 1944, quando Hitler lançava nas Ardenas
sua última grande e desesperada ofensiva na Segunda Guerra,
oficiais norte-americanos visitaram o castelo de Bouillon e
concluíram que lá do alto, com
umas poucas armas antitanques, comandariam todo o vale.
O castelo segue um dos princípios da arquitetura militar, o
de que cada elemento de defesa
precisa vigiar o precedente.
Assim, o conjunto é composto de duas fortalezas. Para tomar o castelo, o inimigo teria de
superar uma primeira ponte levadiça para entrar na primeira
fortaleza e outra ainda para
chegar à segunda fortaleza.
O castelo contém alguns curiosos dispositivos de defesa
criados pelo arquiteto militar
francês Vauban depois que
Luís 14 conquistou a região, na
segunda metade do século 17.
Além de planejar as muralhas atuais, Vauban criou mecanismos como as seteiras triplas, que permitiam à artilharia
atirar nos inimigos em várias
direções ao mesmo tempo.
Outra atração é um longo túnel com cerca de 80 metros ligando as áreas inferiores da
torre da Áustria à parte da frente da fortaleza. Essa galeria era
usada tanto para comunicação
quanto como depósito.
Para quem se interessa por
aves de rapina, o castelo apresenta, três vezes por dia (às
11h30, às 14h e às 15h30), um
show de falcoaria, em que
águias e falcões mostram seus
dotes de caçadores.
(MM)
Texto Anterior: Endereços de Caves Próximo Texto: Rota relaxante: Tradicional, Spa justifica o nome, mas custa caro Índice
|