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on the road, 50
Livro será longa e documentário de Walter Salles
DA REDAÇÃO
Em apenas três semanas de
1951, Jack Kerouac escreveu
cerca de 40 metros de texto.
Mas sua empolgação não contaminou os editores, e "On the
Road" foi recusado várias vezes
antes de ser publicado, há 50
anos, em 1957.
De ônibus, carro e carona, o
narrador Sal Paradise, personagem inspirado em Kerouac,
faz seis travessias leste-oeste
dos EUA e vai e volta de Nova
York até a Cidade do México.
Tantas milhagens influenciaram viagens de uma infinidade
de motoristas e mochileiros
(Eduardo Bueno, tradutor de
"On the Road", eleva Kerouac a
"santo padroeiro das estradas"), e o espírito com que foram percorridas no livro, suas
idéias. Firmava-se o movimento beat (leia mais na pág. F13).
Captar o essencial de uma
história sobretudo norte-americana é a difícil tarefa que tem
pela frente o cineasta Walter
Salles, que adquiriu de Francis
Ford Coppola os direitos do livro e já filmou o material para o
documentário "Searching for
On the Road", que não sabe se
lançará antes ou depois do filme. O próprio Coppola, nos 40
anos de "On the Road", em
1997, já ameaçou filmar o romance. Mas deixou pra lá.
No site Internet Movie Database (www.imdb.com), fãs do
livro discutem o fato de um
brasileiro ficar responsável pelo roteiro. Um deles lança uma
petição contra o filme, mas recebe a resposta de que Salles
tem o respaldo de road movies
como "Diários de Motocicleta"
e "Central do Brasil".
Perrengues
Invariavelmente, Sal Paradise parte para suas travessias
com US$ 50. Como apenas um
ônibus entre Denver e San
Francisco custava US$ 25, seu
dinheiro mingua no meio do
caminho. Mas ser beat é deixar
isso pra lá. No limite dos perrengues, Paradise trabalha como segurança e colhedor de algodão, rouba gasolina, come e
se hospeda na casa alheia e pede dinheiro emprestado para
sua tia de Nova Jersey.
Na vida real, Kerouac largou
a universidade, foi adepto de
jazz, drogas e promiscuidade e
chegou a ser preso.
O autor, no entanto, é até
convencional perto do co-protagonista Dean Moriarty -na
verdade, Neal Cassady, um
quase iletrado que pedia a Kerouac que o ensinasse a ser escritor e que se tornou seu companheiro de viagens.
Moriarty acumula vários
roubos de carros, cinco anos de
prisão e quatro filhos pequenos
Estados Unidos afora. Abandona três mulheres apaixonadas
por ele. E, se bem fiscalizado,
não dirigiria 50 quilômetros
sem ter a carteira de motorista
cassada. Na vida real, seu currículo era parecido. Cassady chegou a ser menino de rua.
(THIAGO MOMM)
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