São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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on the road, 50

Livro será longa e documentário de Walter Salles

DA REDAÇÃO

Em apenas três semanas de 1951, Jack Kerouac escreveu cerca de 40 metros de texto. Mas sua empolgação não contaminou os editores, e "On the Road" foi recusado várias vezes antes de ser publicado, há 50 anos, em 1957.
De ônibus, carro e carona, o narrador Sal Paradise, personagem inspirado em Kerouac, faz seis travessias leste-oeste dos EUA e vai e volta de Nova York até a Cidade do México.
Tantas milhagens influenciaram viagens de uma infinidade de motoristas e mochileiros (Eduardo Bueno, tradutor de "On the Road", eleva Kerouac a "santo padroeiro das estradas"), e o espírito com que foram percorridas no livro, suas idéias. Firmava-se o movimento beat (leia mais na pág. F13).
Captar o essencial de uma história sobretudo norte-americana é a difícil tarefa que tem pela frente o cineasta Walter Salles, que adquiriu de Francis Ford Coppola os direitos do livro e já filmou o material para o documentário "Searching for On the Road", que não sabe se lançará antes ou depois do filme. O próprio Coppola, nos 40 anos de "On the Road", em 1997, já ameaçou filmar o romance. Mas deixou pra lá.
No site Internet Movie Database (www.imdb.com), fãs do livro discutem o fato de um brasileiro ficar responsável pelo roteiro. Um deles lança uma petição contra o filme, mas recebe a resposta de que Salles tem o respaldo de road movies como "Diários de Motocicleta" e "Central do Brasil".

Perrengues
Invariavelmente, Sal Paradise parte para suas travessias com US$ 50. Como apenas um ônibus entre Denver e San Francisco custava US$ 25, seu dinheiro mingua no meio do caminho. Mas ser beat é deixar isso pra lá. No limite dos perrengues, Paradise trabalha como segurança e colhedor de algodão, rouba gasolina, come e se hospeda na casa alheia e pede dinheiro emprestado para sua tia de Nova Jersey.
Na vida real, Kerouac largou a universidade, foi adepto de jazz, drogas e promiscuidade e chegou a ser preso.
O autor, no entanto, é até convencional perto do co-protagonista Dean Moriarty -na verdade, Neal Cassady, um quase iletrado que pedia a Kerouac que o ensinasse a ser escritor e que se tornou seu companheiro de viagens.
Moriarty acumula vários roubos de carros, cinco anos de prisão e quatro filhos pequenos Estados Unidos afora. Abandona três mulheres apaixonadas por ele. E, se bem fiscalizado, não dirigiria 50 quilômetros sem ter a carteira de motorista cassada. Na vida real, seu currículo era parecido. Cassady chegou a ser menino de rua.
(THIAGO MOMM)


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