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VIAGEM MUSICAL
Apaixonado pelo Brasil, artista de Pernambuco não se limita a descrever paisagens do seu Estado
Valença compõe com "olhar fotográfico"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Pode-se dizer que Alceu Valença é um dos compositores que
mais realizou viagens musicais
pelo Brasil. É tão verdade que o
cantor, natural de Pernambuco,
não se limitou a cantar apenas as
belezas de sua terra natal. "Acho
que sou um dos compositores
brasileiros que mais falou de cidades", disse em entrevista à Folha.
Valença poderia gastar horas
cantarolando as músicas que
compôs sobre Olinda (para ele, a
mais bela cidade do Nordeste, que
já lhe inspirou dezenas de músicas), Recife, Rio de Janeiro e São
Paulo, entre outros locais -incluindo, claro, postais de Pernambuco: "Ilha de Itamaracá/ Maria,
alga marinha/ Como os peixes/
Como as algas/ Tu és mãe", dizem
os versos de "Alga Marinha".
Entre suas aventuras pela capital do Estado, "Pelas Ruas que
Andei" (veja letra ao lado) é definida pelo próprio autor como
"um passeio sentimental por Recife", citando ruas como Madalena, Boa Vista e do Sol. No verso
em que diz "Na Piedade, tanta
dor" alude às saudades que sentia
de um amigo, morador daquela
rua, que morrera.
Os versos iniciais de "Andar,
Andar" dizem tudo: "Eu compus
essa canção/ Andando de Ipanema/ Para o baixo Leblon". O cantor se lembra de ter saído de casa
para passear e, quando voltou, a
canção já estava toda composta.
Valença se considera um apaixonado por seu país e suas diversidades. Segundo ele, os coqueiros do litoral, o verde da zona da
mata e o aspecto seco do sertão de
Pernambuco estão em suas composições. "Considero-me um
compositor com um olhar fotográfico, por isso minhas músicas
são tão cheias de paisagens."
Itinerante, em "Estação da Luz"
Alceu Valença saúda a chegada do
verão numa viagem de trem de
São Paulo ao Nordeste. "Lá vem
chegando o verão/ No trem da Estação da Luz", cantou.
Lenine e a torre
Gravada em seu segundo CD
solo, "Na Pressão", o recifense Lenine remete aos mangues de sua
terra natal na canção "Alzira e a
Torre", em co-autoria com Lula
Queiroga. "Alzira bebendo vodca/ Defronte da torre Malakoff/
Descobre que o chão do Recife/
Afunda um milímetro a cada gole". Torre Malakoff é um antigo
observatório astronômico, construído em 1855, no bairro do Recife Antigo.
(CAROL FREDERICO)
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