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BRASIL/JAPÃO
Tradicionais músicas de Okinawa são adaptadas
Traduzidas, canções antigas okinawanas são ganham estilo mais jovem, com instrumentos modernos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Okinawa é conhecida como
"terra da poesia", pois, segundo
Ricardo Nakata, criador da rádio Léquios, "não há outro lugar no Japão em que tantas
canções tradicionais prevalecem até hoje". Podem ser classificadas entre "minhô", criadas pelo povo; e "koten", clássicas da corte de Shuri, antiga capital do Japão (hoje Naha).
São bem populares ainda hoje, interpretadas por artistas
que usam instrumentos tradicionais; ou, o que acontece com
freqüência, traduzidas e adaptadas para um estilo atual e jovem, usando instrumentos modernos como guitarras, em geral resultando no "j-pop", a
música pop japonesa.
"As bandas também misturam instrumentos ocidentais
com outros tradicionais de
Okinawa", explica o criador da
rádio Léquios.
É algo comparável ao que
ocorreu no Brasil com poemas
como "Canção do Exílio", de
Gonçalves Dias, parodiada por
poetas modernistas como Oswald de Andrade e os músicos
Chico Buarque e Antônio Carlos Jobim.
Paradas do sucesso
Uma das cantoras de mais sucesso nascidas em Okinawa é
Natsukawa Rimi, que segue o
modelo de adaptar músicas tradicionais para j-pop (www.rimirimi.jp/free). O estilo, no
entanto, faz mais sucesso no
Japão fora da Província. Na
própria região, as pessoas preferem cultivar o mais tradicional mesmo, senão "as ilhas não
teriam diferencial atrativo",
afirma Nakata.
Além de Rimi, outra artista
da região que experimenta sucesso nacional é Amuro Namie,
esta principalmente na década
de 1990; além do grupo Orange
Renji, este tido como mais
"rock alternativo".
Algo que é costume dizer é
que todo cantor em Okinawa
fala da ilha. Um bom exemplo é
"Shima Uta" (canção da ilha),
cuja interpretação do grupo japonês The Boom (www.five-d.co.jp/boom) foi usada pela
Argentina como tema na Copa
do Mundo de Futebol de 2002,
no Japão e Coréia do Sul.
Nela, o narrador fala de um
amigo que perdeu na guerra.
Várias das canções se referem à
batalha de Okinawa, a última e
mais devastadora na região, no
fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A música "Satoukibi Batake",
da década de 1980, continua
bem popular. Conta a história
de uma menina que sonhou
com um homem num campo de
cana-de-açúcar; ao contar o sonho para a mãe, esta diz que foi
neste local que seu pai da garota morreu na guerra.
Há também o cantor Hidekatsu, que nasceu em Okinawa,
mas mora em outra parte do
Japão. "É um cantor bem requisitado", conta Nakata. O
músico estará em turnê no Brasil entre 17 e 25 de maio, mas os
ingressos já estão esgotados.
Instrumentos diferentes
A música de Hidekatsu é utilizada por grupos de taikôs, os
tradicionais tambores japoneses, como o grupo musical Sousaku Geidan Requios, que o
acompanha na turnê. Nakata
dá uma dica para diferenciar o
taikô okinawano: "Veja se eles
também se locomovem enquanto seguram o tambor". De
acordo com ele, o taikô era como uma procissão religiosa.
Até o tradicional shamisen,
instrumento japonês parecido
com um violão, é usado de forma diferente em Okinawa, em
que o músico toca de pé e o braço do instrumento é mais curto.
Lá é chamado "sanshin" e é
mais antigo.
(MAURÍCIO KANNO)
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