São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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BRASIL/JAPÃO

Tradicionais músicas de Okinawa são adaptadas

Traduzidas, canções antigas okinawanas são ganham estilo mais jovem, com instrumentos modernos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Okinawa é conhecida como "terra da poesia", pois, segundo Ricardo Nakata, criador da rádio Léquios, "não há outro lugar no Japão em que tantas canções tradicionais prevalecem até hoje". Podem ser classificadas entre "minhô", criadas pelo povo; e "koten", clássicas da corte de Shuri, antiga capital do Japão (hoje Naha).
São bem populares ainda hoje, interpretadas por artistas que usam instrumentos tradicionais; ou, o que acontece com freqüência, traduzidas e adaptadas para um estilo atual e jovem, usando instrumentos modernos como guitarras, em geral resultando no "j-pop", a música pop japonesa.
"As bandas também misturam instrumentos ocidentais com outros tradicionais de Okinawa", explica o criador da rádio Léquios.
É algo comparável ao que ocorreu no Brasil com poemas como "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias, parodiada por poetas modernistas como Oswald de Andrade e os músicos Chico Buarque e Antônio Carlos Jobim.

Paradas do sucesso
Uma das cantoras de mais sucesso nascidas em Okinawa é Natsukawa Rimi, que segue o modelo de adaptar músicas tradicionais para j-pop (www.rimirimi.jp/free). O estilo, no entanto, faz mais sucesso no Japão fora da Província. Na própria região, as pessoas preferem cultivar o mais tradicional mesmo, senão "as ilhas não teriam diferencial atrativo", afirma Nakata.
Além de Rimi, outra artista da região que experimenta sucesso nacional é Amuro Namie, esta principalmente na década de 1990; além do grupo Orange Renji, este tido como mais "rock alternativo".
Algo que é costume dizer é que todo cantor em Okinawa fala da ilha. Um bom exemplo é "Shima Uta" (canção da ilha), cuja interpretação do grupo japonês The Boom (www.five-d.co.jp/boom) foi usada pela Argentina como tema na Copa do Mundo de Futebol de 2002, no Japão e Coréia do Sul.
Nela, o narrador fala de um amigo que perdeu na guerra. Várias das canções se referem à batalha de Okinawa, a última e mais devastadora na região, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A música "Satoukibi Batake", da década de 1980, continua bem popular. Conta a história de uma menina que sonhou com um homem num campo de cana-de-açúcar; ao contar o sonho para a mãe, esta diz que foi neste local que seu pai da garota morreu na guerra.
Há também o cantor Hidekatsu, que nasceu em Okinawa, mas mora em outra parte do Japão. "É um cantor bem requisitado", conta Nakata. O músico estará em turnê no Brasil entre 17 e 25 de maio, mas os ingressos já estão esgotados.

Instrumentos diferentes
A música de Hidekatsu é utilizada por grupos de taikôs, os tradicionais tambores japoneses, como o grupo musical Sousaku Geidan Requios, que o acompanha na turnê. Nakata dá uma dica para diferenciar o taikô okinawano: "Veja se eles também se locomovem enquanto seguram o tambor". De acordo com ele, o taikô era como uma procissão religiosa.
Até o tradicional shamisen, instrumento japonês parecido com um violão, é usado de forma diferente em Okinawa, em que o músico toca de pé e o braço do instrumento é mais curto. Lá é chamado "sanshin" e é mais antigo. (MAURÍCIO KANNO)


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