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CORES DA CIDADE
Acervos pequenos são mais gentis com o desgaste físico
Tempo passa mais devagar nos museus da metrópole
ENVIADO ESPECIAL A NY
O mundo tornou-se instável,
tudo muda com impaciente rapidez, Nova York é uma cidade
que anda correndo? Nada melhor do que um museu para encontrar um pouco de sossego.
Lá, as peças resistem ao tempo,
subtraídas à corrosão das modas, entregues ao diálogo silencioso entre si. O espírito retorna às luzes originárias e à água
primitiva.
Nova York não é uma cidade
de arte, como as cidades européias, mas produz arte e sabe
muito bem como valorizá-la.
Sem contar que muitas lojas
apresentam as mercadorias como obras-primas, na atmosfera
de um museu instantâneo.
Naturalmente, a forma mais
ágil e econômica de contemplar
uma obra de arte é abrir um livro ou rodar um documentário
comodamente sentado numa
poltrona. Ver as obras ao vivo
impõe sempre um certo constrangimento físico. O tamanho
(que nos livros se perde por falta de referências, pois um anel
pode ser reproduzido maior do
que um afresco), as cores verdadeiras, a materialidade, a
presença física de uma obra são
algo que nenhum meio de reprodução pode substituir.
Os mais indicados para o
descanso são museus pequenos, porque podem ser visitados em um tempo razoável e
sem a ansiedade de perder algo
importante. Tem a espiral do
Guggenheim, a Frick Collection, o Museu e Biblioteca
Morgan, além de uma série de
museus temáticos. Porém gigantes como MoMA e o Metropolitan são imperdíveis e podem ser enfrentados sem cansar inutilmente corpo e alma.
Eis algumas dicas.
- É bom chegar descansado,
indo de táxi, por exemplo, para
reservar as energias à visita.
- Aproveite os assentos para
relaxar. Contemplar, além das
obras, os outros visitantes.
- Apesar de todos os cuidados, acaba-se a visita com pés
inchados e uma fome de lobisomem. Planeje onde irá descansar e comer, para deixar decantar as obras na memória. Reserve um lugar no restaurante
do MoMA com antecedência.
No Metropolitan são servidos
sanduíches no terraço, com
vista para o Central Park.
- Se uma ostra é gostosa, ninguém agüenta comer mil ostras: a ambição de visitar o Metropolitan inteiro em um dia é
admirável, mas é um convite à
indigestão. Melhor reservar
dois ou três dias. Ou então renunciar. Em outros termos: entre não entrar e entrar para ver
tudo se estende a multiforme
possibilidade da visita rápida.
O que se entende por visita
rápida? Depende da pessoa,
mas para os não iniciados é um
passeio que dura entre duas e
três horas e pode ter vários objetivos.
(VINCENZO SCARPELLINI)
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