São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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CORES DA CIDADE

Revitalizado pelo arquiteto italiano, o museu e biblioteca assentado em 1906 foi reaberto em abril

Coleção Morgan se rejuvenesce com obra de Renzo Piano

DO ENVIADO ESPECIAL A NY

Nos primórdios da literatura nacional, Washington Irving começava um conto escrevendo: "Num remoto período da história nacional, isto é, 30 anos atrás..."
Ironizava sobre a brevidade dessa história, mas dizia também que é uma história intensa e rápida, que 30 anos podem ser um longo período na América. Irving morreu em 1859.
Cerca de 30 anos depois, Pierpont Morgan, um banqueiro nova-iorquino que tinha estudado na Europa, começou a montar uma eclética coleção de arte antiga e, sobretudo, de livros raros e manuscritos. Um pouco por patriotismo, um pouco para reagir a seus ataques de depressão e um pouco, talvez, para compensar com alguma solidez a brevidade e a rapidez da história, às quais acenava Washington Irving.
Seja como for, logo se tornou necessário construir um novo espaço adjacente à sua moradia para hospedar os livros. Em 1906 estava pronto. O estilo escolhido foi o dos palácios da Renascença italiana.
Pierpont Morgan morreu em 1913; em poucos anos seu filho J.P. Morgan percebeu que a biblioteca tinha se tornado importante demais para ficar em mãos privadas e a transformou em instituição pública, uma pérola de Nova York.
Após três anos fechado, o Museu e Biblioteca Morgan foi reaberto em abril, revitalizado por um projeto de Renzo Piano, arquiteto italiano.
Um jornalista do "New York Times" declarou que contou os dias para a reabertura: "Nós reverenciamos o Metropolitan, adoramos a Frick Collection, mas o Morgan é extra-especial, único em seu gênero".
O projeto de Piano custou US$ 106 milhões. É o primeiro que o arquiteto completa na cidade de Nova York (em curso há a Columbia University, no Harlem). Ele trabalhou com aço e vidro, criando um espaço transparente que liga os edifícios originais.

Colar de pérolas
A biblioteca é um exemplo de como devem ser expostos livros e manuscritos, um modelo que poderia inspirar tanto as bibliotecas públicas como as privadas (por enquanto fechadas ao público) no Brasil.
Na sala dos desenhos, admiram-se Albrecht Dürer (1471-1528), Michelangelo (1475-1564), Jacopo Pontormo (1494-1557), Correggio (c.1490-1534), Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867), um fantástico Watteau (1684-1721) em três pastéis, Picasso (1881-1973).
Na sala dos manuscritos, partituras de Mozart (1756-1791), Beethoven (1770-1827) e Schumann (1810-1856), anotações de Galileu (1564-1642) sobre Saturno, esboços de Jean de Brunhoff (1899-1937), pai de Babar, o elefantinho que em abril fez 70 anos.
Na sala dos livros, a Bíblia de Gutemberg (c.1400-1468), que não poderia faltar, esplêndidos volumes da Idade Média e da Renascença, o "De Re Aedificatoria", de Leon-Battista Alberti (Renzo Piano deve ter gostado), as "Viagens de Gulliver", com ilustrações de Grandeville coloridas à mão.
(VINCENZO SCARPELLINI)


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