São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2005

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TERRA DE GIGANTES

Surfistas se aventuram na costa sudeste da ilha, embalados por nativos que gritam chamando ondas

"Oheho!" convida mar a se embravecer

DO ENVIADO ESPECIAL À ILHA DE PÁSCOA

A ilha de Páscoa é plana em quase toda sua extensão. Para explorá-la, o turista pode optar por passeios a pé (trekking), de bicicleta, a cavalo ou de carro -que podem ser alugados na hora.
Não pense que você vai encontrar uma vegetação exuberante, como a de outras ilhas da Polinésia. Rapanui é árida, com afloramentos de rocha e centenas de cavernas, que serviam de moradia aos antigos habitantes.
Com pouco mais de 20 km de extensão no lado maior, a costa sudeste é procurada por surfistas de todo o mundo. Em Papa Tangaroa, os mais corajosos desafiam ondas de até dez metros, que quebram em enormes rochedos.
Quando o mar fica baixo, os nativos gritam "Oheho!" do alto dos penhascos, para chamar as ondas gigantes. O haka honu, surfe de peito, sempre foi praticado pelos ilhéus nessas praias. O uso de pranchas é recente, mas em Hanga Roa é possível alugá-las.
Nesse mesmo lado da ilha fica o ahu Tongariki, o maior dos altares, com uma plataforma de 15 moai, orientados para o sol nascente do solstício de verão, em uma bela baía chamada Hanga Tangaroa. Aqui também se encontram várias pedras com desenhos de animais e do Homem-Pássaro. Esse ahu foi destruído por um maremoto na década de 60 e restaurado em 1996.
Logo adiante, na península do Poike, o extinto vulcão não tem mais a cratera, mas apresenta impressionantes falésias à beira-mar. Segundo a lenda, essa região teria sido palco de sangrentas lutas, seguidas de atos de canibalismo, entre as tribos rivais Orelhas Curtas e Orelhas Compridas.
As duas únicas praias ficam na costa norte: Ovahe e Anakena. São pequenas, com água cristalina e areia branquíssima, mas curiosamente não são apreciadas pelos nativos, conforme esclarece o guia Tito, com a mão em riste, que não esconde as tatuagens tradicionais. "O rapanui prefere nadar e pescar nas rochas a limpar a areia dos olhos na praia", afirma.
Para os adeptos do mergulho autônomo, as águas cristalinas da ilha de Páscoa oferecem um atrativo à parte. Seus corais-cérebro gigantes e as formações vulcânicas submersas guardam jardins de rica fauna marinha. Em Anakena estão dois ahu, o Nau Nau e o Ature Huki.
Como não existem rios ou fontes subterrâneas, toda a água consumida vem das lagoas que se formaram dentro dos vulcões. O Rano Kau, bem perto de Hanga Roa, tem uma impressionante cratera de 1,5 km de diâmetro e quase 300 m de profundidade, cheia de água captada das chuvas.
Na borda desse vulcão fica um dos lugares mais interessantes da ilha, a aldeia cerimonial de Orongo. Composta por dezenas de casas baixas em forma elíptica, feitas de pedra, era o centro do ritual do Homem-Pássaro. Muitos petróglifos são vistos nessa área: desenhos de animais e símbolos mitológicos, imagens sagradas para os rapanui, estão esculpidos em pedras.

Parque
Esse é o único local onde se cobra entrada para visitação (US$ 10 e US$ 5, para menores de 18 anos e estudantes). Como a ilha toda é um museu a céu aberto, o ingresso vale para todo o Parque Nacional Rapanui, considerado patrimônio cultural da humanidade desde 1995 pela Unesco.
(GUSTAVO ROTH)


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