|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TERRA DE GIGANTES
Surfistas se aventuram na costa sudeste da ilha, embalados por nativos que gritam chamando ondas
"Oheho!" convida mar a se embravecer
DO ENVIADO ESPECIAL À ILHA DE PÁSCOA
A ilha de Páscoa é plana em
quase toda sua extensão. Para explorá-la, o turista pode optar por
passeios a pé (trekking), de bicicleta, a cavalo ou de carro -que
podem ser alugados na hora.
Não pense que você vai encontrar uma vegetação exuberante,
como a de outras ilhas da Polinésia. Rapanui é árida, com afloramentos de rocha e centenas de cavernas, que serviam de moradia
aos antigos habitantes.
Com pouco mais de 20 km de
extensão no lado maior, a costa
sudeste é procurada por surfistas
de todo o mundo. Em Papa Tangaroa, os mais corajosos desafiam
ondas de até dez metros, que quebram em enormes rochedos.
Quando o mar fica baixo, os nativos gritam "Oheho!" do alto dos
penhascos, para chamar as ondas
gigantes. O haka honu, surfe de
peito, sempre foi praticado pelos
ilhéus nessas praias. O uso de
pranchas é recente, mas em Hanga Roa é possível alugá-las.
Nesse mesmo lado da ilha fica o
ahu Tongariki, o maior dos altares, com uma plataforma de 15
moai, orientados para o sol nascente do solstício de verão, em
uma bela baía chamada Hanga
Tangaroa. Aqui também se encontram várias pedras com desenhos de animais e do Homem-Pássaro. Esse ahu foi destruído
por um maremoto na década de
60 e restaurado em 1996.
Logo adiante, na península do
Poike, o extinto vulcão não tem
mais a cratera, mas apresenta impressionantes falésias à beira-mar. Segundo a lenda, essa região
teria sido palco de sangrentas lutas, seguidas de atos de canibalismo, entre as tribos rivais Orelhas
Curtas e Orelhas Compridas.
As duas únicas praias ficam na
costa norte: Ovahe e Anakena.
São pequenas, com água cristalina e areia branquíssima, mas curiosamente não são apreciadas
pelos nativos, conforme esclarece
o guia Tito, com a mão em riste,
que não esconde as tatuagens tradicionais. "O rapanui prefere nadar e pescar nas rochas a limpar a
areia dos olhos na praia", afirma.
Para os adeptos do mergulho
autônomo, as águas cristalinas da
ilha de Páscoa oferecem um atrativo à parte. Seus corais-cérebro
gigantes e as formações vulcânicas submersas guardam jardins
de rica fauna marinha. Em Anakena estão dois ahu, o Nau Nau e
o Ature Huki.
Como não existem rios ou fontes subterrâneas, toda a água consumida vem das lagoas que se formaram dentro dos vulcões. O Rano Kau, bem perto de Hanga Roa,
tem uma impressionante cratera
de 1,5 km de diâmetro e quase 300
m de profundidade, cheia de água
captada das chuvas.
Na borda desse vulcão fica um
dos lugares mais interessantes da
ilha, a aldeia cerimonial de Orongo. Composta por dezenas de casas baixas em forma elíptica, feitas
de pedra, era o centro do ritual do
Homem-Pássaro.
Muitos petróglifos são vistos nessa área: desenhos de animais e
símbolos mitológicos, imagens
sagradas para os rapanui, estão
esculpidos em pedras.
Parque
Esse é o único local onde se cobra entrada para visitação (US$ 10
e US$ 5, para menores de 18 anos
e estudantes). Como a ilha toda é
um museu a céu aberto, o ingresso vale para todo o Parque Nacional Rapanui, considerado patrimônio cultural da humanidade
desde 1995 pela Unesco.
(GUSTAVO ROTH)
Texto Anterior: Tábuas indecifráveis guardam segredo Próximo Texto: Viajante dorme em casa de ilhéu Índice
|