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COLONIZAÇÃO
Ruínas quinhentistas foram estudadas, restauradas e, em 2004, ganham prédio anexo para receber visitantes
USP resgata engenho de açúcar em Santos
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A SANTOS
Da estrada, avistam-se pedaços
de paredes de pedra. Seguindo
por uma rua de Santos que abriga
um conjunto de prédios parecidos com vagões de trem, vê-se, à
esquerda, a casa que um dia foi
um engenho de açúcar.
São as ruínas do engenho São
Jorge dos Erasmos, um dos três
primeiros do país, que, acredita-se, teria sido construído em 1534.
Quatrocentos e setenta anos depois, até a metade de 2004, a USP
começa a erguer, ao lado das ruínas, um prédio com biblioteca, laboratório e salas de exposição.
"Queremos qualificar o engenho para receber visitantes. Parte
do material coletado durante as
pesquisas será exposta e haverá
explicações", explica Maria Cecília França Lourenço, presidente
do Conselho Curador Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos.
Com a abertura do centro, os interessados não terão que agendar
visitas como se faz atualmente.
Projetado pelo arquiteto Júlio
Katinsky, o novo prédio foi desenhado para interferir o menos
possível no cenário. Térreo e com
o pé-direito baixo, o edifício permite que se continue a ver o engenho a partir da estrada. A parede
voltada às ruínas será de vidro e
quem transitar pelo prédio poderá vê-las o tempo todo. A obra, de
cerca de 600 m2, é a terceira fase
do projeto da USP para o local.
A primeira fase, iniciada em
1995, foi de pesquisas, como escavações e levantamento histórico
(leia ao lado). A segunda foi a restauração, que consolidou as paredes e remontou o telhado.
Descobriu-se, durante os estudos, que a cobertura do prédio era
sustentada por duas estruturas
(tesouras) de madeira. Mas elas
não seriam suficientes para garantir a estabilidade do teto. Como não foi possível precisar como
era a tal estrutura, Katinsky propôs que fosse feita uma viga metálica sustentada por dois pilares do
mesmo material. O metal não recebeu acabamento, como tinta,
para que, intencionalmente, fosse
coberto de ferrugem, integrando-se aos tons amarronzados das ruínas. A ferrugem protege o ferro,
vedando o material e evitando
que a estrutura seja corroída pela
maresia, explica Artur Rozestraten, arquiteto que colaborou com
Katinsky no projeto.
A quarta fase será o acolhimento dos interessados em conhecer e
estudar o engenho, além do incentivo ao envolvimento dos vizinhos com o sítio histórico.
Engenho São Jorge dos Erasmos - R.
Alan Ciber Pinto, 93, Vila São Jorge, Santos; www.usp.br/prc/engenho. Visitas
gratuitas somente com agendamento
pelo tel. 0/xx/11/3091-2093.
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