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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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COLONIZAÇÃO

Ruínas quinhentistas foram estudadas, restauradas e, em 2004, ganham prédio anexo para receber visitantes

USP resgata engenho de açúcar em Santos

HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A SANTOS

Da estrada, avistam-se pedaços de paredes de pedra. Seguindo por uma rua de Santos que abriga um conjunto de prédios parecidos com vagões de trem, vê-se, à esquerda, a casa que um dia foi um engenho de açúcar.
São as ruínas do engenho São Jorge dos Erasmos, um dos três primeiros do país, que, acredita-se, teria sido construído em 1534.
Quatrocentos e setenta anos depois, até a metade de 2004, a USP começa a erguer, ao lado das ruínas, um prédio com biblioteca, laboratório e salas de exposição.
"Queremos qualificar o engenho para receber visitantes. Parte do material coletado durante as pesquisas será exposta e haverá explicações", explica Maria Cecília França Lourenço, presidente do Conselho Curador Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos. Com a abertura do centro, os interessados não terão que agendar visitas como se faz atualmente.
Projetado pelo arquiteto Júlio Katinsky, o novo prédio foi desenhado para interferir o menos possível no cenário. Térreo e com o pé-direito baixo, o edifício permite que se continue a ver o engenho a partir da estrada. A parede voltada às ruínas será de vidro e quem transitar pelo prédio poderá vê-las o tempo todo. A obra, de cerca de 600 m2, é a terceira fase do projeto da USP para o local.
A primeira fase, iniciada em 1995, foi de pesquisas, como escavações e levantamento histórico (leia ao lado). A segunda foi a restauração, que consolidou as paredes e remontou o telhado.
Descobriu-se, durante os estudos, que a cobertura do prédio era sustentada por duas estruturas (tesouras) de madeira. Mas elas não seriam suficientes para garantir a estabilidade do teto. Como não foi possível precisar como era a tal estrutura, Katinsky propôs que fosse feita uma viga metálica sustentada por dois pilares do mesmo material. O metal não recebeu acabamento, como tinta, para que, intencionalmente, fosse coberto de ferrugem, integrando-se aos tons amarronzados das ruínas. A ferrugem protege o ferro, vedando o material e evitando que a estrutura seja corroída pela maresia, explica Artur Rozestraten, arquiteto que colaborou com Katinsky no projeto.
A quarta fase será o acolhimento dos interessados em conhecer e estudar o engenho, além do incentivo ao envolvimento dos vizinhos com o sítio histórico.


Engenho São Jorge dos Erasmos - R. Alan Ciber Pinto, 93, Vila São Jorge, Santos; www.usp.br/prc/engenho. Visitas gratuitas somente com agendamento pelo tel. 0/xx/11/3091-2093.


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