São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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PORTOS MEDITERRÂNEOS

Passeio a pé pelo emaranhado de ruelas apresenta sabores como o do orecchiette, a massa local

Vielas pétreas de Bari legam doce memória

DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO

Bari, capital da Puglia e atracada junto ao mar Adriático, é o primeiro destino de diversos navios que fazem o roteiro semanal que tem início e fim em Veneza.
Com seu centro medieval contíguo ao porto, herança de um tempo em que Bari era a Barium dos romanos, a cidade tem fama de ser violenta. Mas, recuperando prédios históricos, ela convida a passeios a pé, com seus becos e vielas tecendo uma rede urbana imprevisível, algo românica, herdada em parte dos normandos que lá estiveram a partir de 1071.
Em maio, para a primeira viagem do seu pontificado, o papa Bento 16 escolheu essa metrópole de 400 mil habitantes para sinalizar, simbolicamente, uma aproximação entre católicos e ortodoxos. Isso porque Bari, esquadrinhada pelo site www.pugliaturis mo.com, guarda as relíquias de são Nicolau de Mira, cultuado tanto pelos cristãos seguidores dos ritos bizantinos (no Leste Europeu, Ásia e Egito), quanto pelos católicos apostólicos romanos.
Há quem prefira fazer, em Alberobello, os trulli, construções circulares intrigantes, fazendo o tour oferecido a bordo, ou mesmo percorrer Bari de bicicleta, outra excursão vendida pelos navios.
Mas quem elege fazer a ronda a pé por dentro das muralhas, fica boquiaberto com o casario pétreo, espreitando o interior de moradias num centro histórico repleto de igrejas ascetas, como a Basilica di San Nicola, de 1087, e a Cattedrale, do século 12.
Para quem quer memórias saborosas, a caça de guloseimas começa com a visita a quintais onde senhoras anônimas fazem a massa orecchiette, pequenas conchinhas que lembram orelhinhas, o macarrão típico da região.
Lembranças doces podem ser colhidas na loja de especiarias Marmarid, na piazza dell'Odegitria, 16, entre a solene catedral e a igreja de San Giacomo, atrás das torres do castelo que, fundado por Rogério 2º, foi adaptado por Frederico 2º entre 1233 e 1239.
Fundada em 1865, dirigida por quatro gerações da família Sifanno, a loja, cujo nome em dialeto quer dizer o pequeno marinheiro, é quase um museu onde são vendidos diversos tipos de café, pó de cacau, mel, pimenta, ingredientes e apetrechos para confeiteiros.
Não longe dali, já na parte oitocentesca, a delicatessen Formaggi e Vini, vende, há quase 50 anos, na via Melo, 29. "Da Calábria à França, temos mais de 120 tipos de queijo", diz o proprietário, orgulhoso ao se exibir atrás da velha máquina holandesa de cortar frios da marca Berkel, fabricada há 80 anos. Entre os vinhos, há 140 variedades, todas elas italianas, quase todas da região da Puglia. Entre os rótulos, há o Mogara Alta, o Patriglione Salento e o Sacicaia. (SILVIO CIOFFI)


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