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PORTOS MEDITERRÂNEOS
Passeio a pé pelo emaranhado de ruelas apresenta sabores como o do orecchiette, a massa local
Vielas pétreas de Bari legam doce memória
DO ENVIADO ESPECIAL AO MEDITERRÂNEO
Bari, capital da Puglia e atracada junto ao mar Adriático, é o primeiro destino de diversos navios
que fazem o roteiro semanal que
tem início e fim em Veneza.
Com seu centro medieval contíguo ao porto, herança de um tempo em que Bari era a Barium dos
romanos, a cidade tem fama de
ser violenta. Mas, recuperando
prédios históricos, ela convida a
passeios a pé, com seus becos e
vielas tecendo uma rede urbana
imprevisível, algo românica, herdada em parte dos normandos
que lá estiveram a partir de 1071.
Em maio, para a primeira viagem do seu pontificado, o papa
Bento 16 escolheu essa metrópole
de 400 mil habitantes para sinalizar, simbolicamente, uma aproximação entre católicos e ortodoxos. Isso porque Bari, esquadrinhada pelo site www.pugliaturis
mo.com, guarda as relíquias de
são Nicolau de Mira, cultuado
tanto pelos cristãos seguidores
dos ritos bizantinos (no Leste Europeu, Ásia e Egito), quanto pelos
católicos apostólicos romanos.
Há quem prefira fazer, em Alberobello, os trulli, construções circulares intrigantes, fazendo o tour
oferecido a bordo, ou mesmo percorrer Bari de bicicleta, outra excursão vendida pelos navios.
Mas quem elege fazer a ronda a
pé por dentro das muralhas, fica
boquiaberto com o casario pétreo, espreitando o interior de
moradias num centro histórico
repleto de igrejas ascetas, como a
Basilica di San Nicola, de 1087, e a
Cattedrale, do século 12.
Para quem quer memórias saborosas, a caça de guloseimas começa com a visita a quintais onde
senhoras anônimas fazem a massa orecchiette, pequenas conchinhas que lembram orelhinhas, o
macarrão típico da região.
Lembranças doces podem ser
colhidas na loja de especiarias
Marmarid, na piazza dell'Odegitria, 16, entre a solene catedral e a
igreja de San Giacomo, atrás das
torres do castelo que, fundado
por Rogério 2º, foi adaptado por
Frederico 2º entre 1233 e 1239.
Fundada em 1865, dirigida por
quatro gerações da família Sifanno, a loja, cujo nome em dialeto
quer dizer o pequeno marinheiro,
é quase um museu onde são vendidos diversos tipos de café, pó de
cacau, mel, pimenta, ingredientes
e apetrechos para confeiteiros.
Não longe dali, já na parte oitocentesca, a delicatessen Formaggi
e Vini, vende, há quase 50 anos,
na via Melo, 29. "Da Calábria à
França, temos mais de 120 tipos
de queijo", diz o proprietário, orgulhoso ao se exibir atrás da velha
máquina holandesa de cortar
frios da marca Berkel, fabricada
há 80 anos. Entre os vinhos, há 140
variedades, todas elas italianas,
quase todas da região da Puglia.
Entre os rótulos, há o Mogara Alta, o Patriglione Salento e o Sacicaia.
(SILVIO CIOFFI)
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