São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2006

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AVIAÇÃO

Única das empresas aéreas dos EUA a escapar da concordata, a American toma iniciativas para aumentar a produtividade

Gigante busca driblar o combustível caro

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

"Quase todas as empresas aéreas perderam dinheiro cronicamente em 2005; está havendo um ciclo destrutivo", declarou em Dallas (Texas, nos EUA) Gerard Arpey, 47, presidente e principal executivo (CEO) da American Airlines. Considerada a maior do mundo no setor, essa companhia aérea serve 250 cidades em 40 países, operando 3.800 vôos.
Nos EUA, o quadro, que já era bastante adverso desde os atentados do 11 de Setembro, em 2001, piorou com a atual alta do petróleo. O combustível de aviação está cotado em US$ 77, acarretando grandes perdas às empresas. Assim, a concordata ("Chapter 11") rondou as outras gigantes norte-americanas: depois de três anos, a United Airlines acaba de suspender a sua, tendo hoje cem jatos e 20 mil empregados a menos; a Delta, por outro lado, está em processo judicial, na tentativa de recuperação financeira.
Para Arpey, apesar dos prejuízos, a operação da American, que completa 80 anos de atividade, melhorou. ""Não estamos mais vulneráveis como há dois ou três anos e seguimos efetuando reformas. Nosso desafio é preservar a companhia para as próximas gerações." Fechando o ano com perdas de US$ 681 milhões, a AMR Corporation, que controla a American Airlines e sua afiliada American Eagle, conseguiu, no entanto, cortar despesas no valor de US$ 215 milhões, apesar de o preço do combustível de avião ter ficado US$ 1,7 bilhão mais caro para a empresa em 2005.

Pequenas grandes iniciativas
James Beer, vice-presidente financeiro da American, diz que, para driblar a crise e a alta do combustível, a empresa implementa mais de cem iniciativas para aumentar a produtividade e cortar despesas. Segundo ele, apesar da conjuntura, a companhia cresceu 6,6% no mercado internacional, especialmente na área do Pacífico (30,1%) e na América Latina (6%).
Para implementar essa centena de iniciativas, foram considerados itens como o consumo de gasolina, a distribuição de malas, a simplificação de operações, a utilização intensiva da internet e o aumento de produtividade. Também foram lançados produtos no mercado norte-americano, como um upgrade de última hora. Para Beer, "há variáveis controláveis e incontroláveis, como o preço do petróleo".
Numa companhia muito grande, mesmo pequenas atitudes, quando exaustivamente aplicadas, resultam em grande economia. Os próprios pilotos tomam decisões que podem implicar grandes redução de custos. Taxiar com apenas uma turbina, quando o avião aterrissa, por exemplo, é uma maneira de gastar menos combustível.

Novos destinos
No final de 2005, a American lançou dois vôos intercontinentais diretos, passando a voar sem escalas entre os EUA e Osaka, no Japão, e para Nova Déli, na Índia.
"Nossa missão é conectar o mundo, e não apenas levar uma pessoa do ponto A para o ponto B", diz Arpey, anunciando a compra de dois novos Boeings 777, que farão, neste ano, a rota entre Chicago e Xangai, primeiro destino da American na China.
Peter J. Dolara, vice-presidente da American para Miami, Caribe e América Latina, não descarta que a empresa, que atualmente opera vôos diários entre o Brasil (São Paulo e Rio) e Miami (três freqüências), Nova York (uma) e Dallas (uma), lance rotas para outras cidades brasileiras. Capitais como Belo Horizonte, Salvador, Manaus ou Fortaleza estão na lista de cogitações, mas, com os tempos economicamente difíceis, não há prognóstico de quando isso possa acontecer.
A região sob responsabilidade de Dolara tem Miami como principal referência, e a companhia está neste momento construindo ali um novo terminal, que deverá ficar pronto em três anos. Só nessa área -Miami, Caribe e América Latina-, a companhia transportou, no ano passado, 18,5 milhões de passageiros (crescimento de 10,7% em relação a 2004).
Além de Miami, a American tem centros de distribuição de vôos ("hubs") em Dallas, onde fica a sede da empresa, em Porto Rico e em Chicago. Outras cidades onde a companhia concentra suas operações são Nova York, Boston, Los Angeles, Londres e Tóquio.
Dan Garton, vice-presidente-executivo que cuida das operações de mercado, está empenhado em fazer crescer o programa de milhagem AAdvantadge, que tem 25 anos e 50 milhões de membros. "Esse é o maior programa de fidelidade do mundo em qualquer negócio, com mais de 1.500 companhias afiliadas", disse ele.
Indagado sobre quanto a American gasta em publicidade, Garton saiu pela tangente, mas afirmou que, em geral, as grandes companhias aéreas norte-americanas investem cerca de 1% do faturamento e que "só as companhias chamadas de "low cost, low fare" [baixo custo, baixas tarifas], que também estão dando prejuízo, investem mais do que isso".

Novos aviões
Arpey, que preside a American desde maio de 2004 e que iniciou sua carreira na empresa em 1982, foi um entusiasta da Embraer. Mas, indagado se compraria novos aviões para a American Eagle, empresa da American para vôos regionais, cuja frota é 65% equipada com modelos brasileiros, declarou: "Queremos crescer, mas nosso foco, no futuro próximo, não será a aviação regional."


Silvio Cioffi, editor de Turismo, viajou a convite da American Airlines.

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