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AVIAÇÃO
Única das empresas aéreas dos EUA a escapar da concordata, a American toma iniciativas para aumentar a produtividade
Gigante busca driblar o combustível caro
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
"Quase todas as empresas aéreas perderam dinheiro cronicamente em 2005; está havendo um
ciclo destrutivo", declarou em
Dallas (Texas, nos EUA) Gerard
Arpey, 47, presidente e principal
executivo (CEO) da American
Airlines. Considerada a maior do
mundo no setor, essa companhia
aérea serve 250 cidades em 40 países, operando 3.800 vôos.
Nos EUA, o quadro, que já era
bastante adverso desde os atentados do 11 de Setembro, em 2001,
piorou com a atual alta do petróleo. O combustível de aviação está
cotado em US$ 77, acarretando
grandes perdas às empresas. Assim, a concordata ("Chapter 11")
rondou as outras gigantes norte-americanas: depois de três anos, a
United Airlines acaba de suspender a sua, tendo hoje cem jatos e
20 mil empregados a menos; a
Delta, por outro lado, está em
processo judicial, na tentativa de
recuperação financeira.
Para Arpey, apesar dos prejuízos, a operação da American, que
completa 80 anos de atividade,
melhorou. ""Não estamos mais
vulneráveis como há dois ou três
anos e seguimos efetuando reformas. Nosso desafio é preservar a
companhia para as próximas gerações." Fechando o ano com perdas de US$ 681 milhões, a AMR
Corporation, que controla a American Airlines e sua afiliada American Eagle, conseguiu, no entanto, cortar despesas no valor de
US$ 215 milhões, apesar de o preço do combustível de avião ter ficado US$ 1,7 bilhão mais caro para a empresa em 2005.
Pequenas grandes iniciativas
James Beer, vice-presidente financeiro da American, diz que,
para driblar a crise e a alta do
combustível, a empresa implementa mais de cem iniciativas para aumentar a produtividade e
cortar despesas. Segundo ele, apesar da conjuntura, a companhia
cresceu 6,6% no mercado internacional, especialmente na área
do Pacífico (30,1%) e na América
Latina (6%).
Para implementar essa centena
de iniciativas, foram considerados itens como o consumo de gasolina, a distribuição de malas, a
simplificação de operações, a utilização intensiva da internet e o
aumento de produtividade. Também foram lançados produtos no
mercado norte-americano, como
um upgrade de última hora. Para
Beer, "há variáveis controláveis e
incontroláveis, como o preço do
petróleo".
Numa companhia muito grande, mesmo pequenas atitudes,
quando exaustivamente aplicadas, resultam em grande economia. Os próprios pilotos tomam
decisões que podem implicar
grandes redução de custos. Taxiar
com apenas uma turbina, quando
o avião aterrissa, por exemplo, é
uma maneira de gastar menos
combustível.
Novos destinos
No final de 2005, a American
lançou dois vôos intercontinentais diretos, passando a voar sem
escalas entre os EUA e Osaka, no
Japão, e para Nova Déli, na Índia.
"Nossa missão é conectar o
mundo, e não apenas levar uma
pessoa do ponto A para o ponto
B", diz Arpey, anunciando a compra de dois novos Boeings 777,
que farão, neste ano, a rota entre
Chicago e Xangai, primeiro destino da American na China.
Peter J. Dolara, vice-presidente
da American para Miami, Caribe
e América Latina, não descarta
que a empresa, que atualmente
opera vôos diários entre o Brasil
(São Paulo e Rio) e Miami (três
freqüências), Nova York (uma) e
Dallas (uma), lance rotas para outras cidades brasileiras. Capitais
como Belo Horizonte, Salvador,
Manaus ou Fortaleza estão na lista
de cogitações, mas, com os tempos economicamente difíceis, não
há prognóstico de quando isso
possa acontecer.
A região sob responsabilidade
de Dolara tem Miami como principal referência, e a companhia
está neste momento construindo
ali um novo terminal, que deverá
ficar pronto em três anos. Só nessa área -Miami, Caribe e América Latina-, a companhia transportou, no ano passado, 18,5 milhões de passageiros (crescimento
de 10,7% em relação a 2004).
Além de Miami, a American
tem centros de distribuição de
vôos ("hubs") em Dallas, onde fica a sede da empresa, em Porto
Rico e em Chicago. Outras cidades onde a companhia concentra
suas operações são Nova York,
Boston, Los Angeles, Londres e
Tóquio.
Dan Garton, vice-presidente-executivo que cuida das operações de mercado, está empenhado em fazer crescer o programa
de milhagem AAdvantadge, que
tem 25 anos e 50 milhões de membros. "Esse é o maior programa
de fidelidade do mundo em qualquer negócio, com mais de 1.500
companhias afiliadas", disse ele.
Indagado sobre quanto a American gasta em publicidade, Garton saiu pela tangente, mas afirmou que, em geral, as grandes
companhias aéreas norte-americanas investem cerca de 1% do faturamento e que "só as companhias chamadas de "low cost, low
fare" [baixo custo, baixas tarifas],
que também estão dando prejuízo, investem mais do que isso".
Novos aviões
Arpey, que preside a American
desde maio de 2004 e que iniciou
sua carreira na empresa em 1982,
foi um entusiasta da Embraer.
Mas, indagado se compraria novos aviões para a American Eagle,
empresa da American para vôos
regionais, cuja frota é 65% equipada com modelos brasileiros,
declarou: "Queremos crescer,
mas nosso foco, no futuro próximo, não será a aviação regional."
Silvio Cioffi, editor de Turismo, viajou a
convite da American Airlines.
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