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OLHAR CARIOCA
Extremos do bairro o transformam em microcosmo carioca
Passeio pelo calçadão da avenida Atlântica é boa alternativa para conhecer os encantos copacabanenses
PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
NO RIO DE JANEIRO
Copacabana não é simplesmente um bairro -é um microcosmo do Rio, são 4,1 km2 entre
o oceano Atlântico e os verdes
morros que os cercam, onde todos se espremem.
Aqui, da mesma janela de onde avista-se uma das sete novas
maravilhas do mundo, o Cristo
Redentor, ouvem-se rajadas da
guerra do tráfico nas favelas
que cercam o bairro. Algumas
quadras adiante, o som é de taças de champanhe em coberturas e hotéis sofisticados.
Sua densidade populacional
é uma das mais altas do mundo
-são 35.858 habitantes por
quilômetro quadrado, segundo
dados de 2000 do IBGE. Todos
querem uma casquinha da
"princesinha do mar" e acotovelam-se nessa improvável fusão de balneário tropical e metrópole caótica. Surgem os
montes que já serviram de obstáculo para a povoação dos
areais e alagados e hoje abrigam quatro favelas: Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na divisa
com Ipanema, ladeira dos Tabajaras e morro dos Cabritos.
Enquanto Ipanema gaba-se
de ser a atual disseminadora de
modas, Copacabana tem em
seu currículo o título do berço
da bossa nova, nascida no trecho da rua Duvivier conhecido
como beco das Garrafas.
Outrora isolada por sua geografia peculiar, a povoação de
Copacabana teve seu primeiro
grande impulso em 1892, com a
abertura do túnel Alaor Prata,
o túnel Velho. Não tardou, e a
especulação imobiliária obrigou a abertura de um novo
acesso, o túnel Novo, até hoje a
principal porta de entrada no
bairro, desembocando na avenida Princesa Isabel, que separa o bairro do vizinho Leme.
Poucas casas ainda ocupavam os terrenos quando o Copacabana Palace foi inaugurado, em 1923. Inspirado em hotéis da Riviera francesa, o Palace ainda é símbolo de luxo.
A melhor maneira de conhecer os encantos do bairro é caminhar por suas ruas e pelo
calçadão da avenida Atlântica,
que foi alargada nas décadas de
60 e 70 e tornou-se via arterial
da zona sul carioca.
A rua Prado Junior, com seus
"inferninhos", é o epicentro do
turismo sexual. Próxima dali, a
Ministro Viveiros de Castro
apresenta alguns dos melhores
exemplos de construção em
art-déco do bairro.
Mais adiante fica o coração
do bairro, a área que abrange as
transversais Siqueira Campos,
Figueiredo de Magalhães e
Santa Clara. Nessa região, as
calçadas são tomadas por pedestres e camelôs e servem como shopping a céu aberto, com
galerias e prédios comerciais.
Na galeria Menescal, entre a
Nossa Senhora de Copacabana
e a Barata Ribeiro, é possível
provar a melhor esfiha do bairro, no Baalbek.
Já o shopping Cidade Copacabana concentra antiquários,
brechós e sebos. Outros destaques na área são o sebo Baratos
da Ribeiro e a Modern Sound,
paradas obrigatórias para os
amantes da boa música.
Encravado nesse turbilhão
fica o bairro Peixoto, um oásis
de calmaria. É a área mais agradável de Copacabana, com ares
de cidade pequena, abrigando
vários albergues, além de uma
comunidade judaica.
No fim da praia fica o posto 6,
o forte de Copacabana, o museu Histórico do Exército e
uma roda gigante.
Nem tudo é sol em Copacabana. Ali também chove. E a
chuva convida ao Roxy, um dos
poucos cinemas de rua que resistiram ao avanço dos grandes
centros comerciais.
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