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Montevidéu mostra pátria e paródia em seus museus
Espaços expõem clássicos como Torres García e Pedro Figari sem deixar de apostar em novas linguagens
DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MONTEVIDÉU
Nos últimos anos, a cena artística uruguaia vem sendo
transformada por um grupo de
jovens autores que, depois da
crise econômica que o país viveu em 2002 -e tendo sobrevivido a ela sem sucumbir à tentadora opção de emigrar-, passaram ao primeiro plano da experimentação contemporânea
local. Esses artistas se utilizam
principalmente da ironia em
relação aos circuitos tradicionais da arte e da paródia a ícones da cultura de massas.
Boa parte dessa produção,
representada por nomes como
Dani Umpi, Martín Sastre (que
se apresentou na 26ª Bienal de
São Paulo em 2004), Carolina
Comas, Federico Aguirre e Javier Abreu, tem seu berço e/ou
quartel-general na Fundación
de Arte Contemporáneo.
O espaço de três andares, encravado na Ciudad Vieja, o centro histórico de Montevidéu, se divide entre ateliê, centro de estudos e galeria.
Em meio ao parque Rodó, o
principal da cidade, a investigação de novas linguagens continua, dentro dos laboratórios do
Museo Nacional de Artes Visuales, que atualmente passa
por uma renovação curatorial
cujos principais pilares são o
intercâmbio artístico e a criação apoiada em mídias digitais.
A unir as duas pontas do panorama das artes do país, o museu estimula o surgimento de
propostas inusitadas, mas não
descuida do precioso acervo do
qual dispõe. Lá se encontram
exemplares dos grandes mestres das artes uruguaias: Juan
Manuel Blanes, Joaquín Torres
García e Pedro Figari.
A trindade também pode ser
vista em espaços expositivos
dedicados especialmente às
suas obras. Blanes (1830-1901),
apelidado de "o pintor da pátria" por ter sido o retratista
oficial de marcos históricos e tipos sociais do país, dá nome ao
museu municipal de Montevidéu, no bairro do Prado, onde
se encontra a maior parte de
seus trabalhos.
Aí estão, igualmente, telas de
Figari (1861-1938), advogado e
político célebre sobretudo por
imortalizar festividades, paisagens e hábitos relacionados às
camadas populares de Montevidéu. As obras do "pintor dos
negros", como também é conhecido, podem ser apreciadas
ainda na galeria mantida no
centro da cidade por um dos
bisnetos do artista, Fernando
Saavedra Faget.
Por fim, Joaquín Torres García (1874-1949) encerra um
mundo à parte no museu construído exclusivamente para
preservar as diversas facetas de
sua produção. Instalado logo na
entrada da Ciudad Vieja, o sobrado guarda algumas das
obras fundamentais do emblemático artista, professor e teórico -criador do universalismo
construtivo.
Além de exposições, o espaço
também oferece breves oficinas de arte para adultos e crianças, que ainda podem conhecer,
como atrativo extra, os brinquedos educativos desenvolvidos por García.
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