São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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NY VOLTA À CENA

O cineasta, cujos filmes retratam a cidade, faz shows semanais em café dentro de um hotel do East Side

Woody Allen se exibe no Carlyle às segundas

LUÍS SOUZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Atenção fãs de Woody Allen que estão indo à Big Apple a partir de 17 de janeiro. Coloquem uma roupa social na mala, separem quase uma centena de dólares apenas para o couvert artístico e rumem em uma segunda-feira à noite a um dos hotéis mais chiques do East Side. Se você der sorte, pode até ficar, como aconteceu com a reportagem do Folha, na mesa ao lado de Soon-Yi Previn, a atual mulher de Allen.
O cineasta que faz filmes que são verdadeiras declarações de amor à Nova York -lembra-se das imagens em preto-e-branco de "Manhattan" (1979) ao som de George Gershwin?- pode ser encontrado tocando clarineta em um café do East Side.
Woody Allen faz shows, sempre às segundas, no Carlyle Cafe com a Eddy Davis New Orleans Jazz Band. Engana-se quem pensa que é um programa turístico dos mais populares. Talvez por causa do preço -US$ 80 apenas de couvert-, não são muitos os turistas que comparecem, ao menos estrangeiros, já que quase só se ouve inglês no ambiente.
Engana-se também quem espera que Woody Allen na vida real seja parecido com seus personagens nos filmes, mesmo que um pouquinho. Não espere que ele faça piadas. Na verdade, ele praticamente ignora o público.
O show começa às 20h45. A banda sobe primeiro ao pequeno palco. Depois aparece Allen. Vestido em roupa esporte, de tons pastel, o cineasta concentra-se apenas na clarineta até o agradecimento ao final. Quando não está tocando, olha para cima e acompanha o ritmo com leves movimentos de cabeça.
O repertório, composto de nove músicas que variam a cada semana, parece saído de um filme dele. Trata-se de uma mistura envolvente de clássicos do jazz da primeira metade do século 20 tocados no tradicional estilo de New Orleans.
Uma curiosidade é que o som não é amplificado, uma prática quase inexistente nos concertos de hoje. Como o Carlyle Cafe é pequeno -capacidade para 90 pessoas, 70 sentadas-, não se torna necessário o uso de microfones. Assim, é sem amplificação que se ouve a voz de Woody Allen, quando ele finalmente se dirige ao público ao final do espetáculo para um curto agradecimento antes de se retirar rapidamente.

Dicas
Quem se interessa em assistir ao show deve reservar uma mesa do Brasil pela internet ou pelo telefone para garantir seu lugar. A temporada 2004 terminou na última segunda. Mas a de 2005 começa no dia 17/01.
Também não se esqueça de ir com traje social. O Carlyle Cafe fica dentro do hotel do mesmo nome. É um lugar elegante e intimista, com clima de cabaré. As paredes são decoradas com murais com temas musicais feitos pelo reconhecido e já falecido artista plástico húngaro Marcel Vertes. O local oferece jantar -culinária francesa- das 19h30 até a meia-noite. Para quem quiser se hospedar no hotel Carlyle, as diárias para casal começam em US$ 550.
Durante a apresentação, fotos não são permitidas. Muito menos pedidos de autógrafo. Então, nem tente, ou vai passar a vergonha de ser repreendido, no caso das fotos, ou simplesmente ignorado, no caso do autógrafo.
Se não tiver feito a reserva, pode arriscar ir ao local. Os 20 lugares em pé são preenchidos por ordem de chegada. Paga-se o couvert e o que for consumido no bar.


Carlyle Cafe - Esquina da avenida Madison com a rua 76; Resevas: 00/xx/1/272/744-1600; www.thecarlyle.com


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