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NY VOLTA À CENA
O cineasta, cujos filmes retratam a cidade, faz shows semanais em café dentro de um hotel do East Side
Woody Allen se exibe no Carlyle às segundas
LUÍS SOUZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Atenção fãs de Woody Allen
que estão indo à Big Apple a partir
de 17 de janeiro. Coloquem uma
roupa social na mala, separem
quase uma centena de dólares
apenas para o couvert artístico e
rumem em uma segunda-feira à
noite a um dos hotéis mais chiques do East Side. Se você der sorte, pode até ficar, como aconteceu
com a reportagem do Folha, na
mesa ao lado de Soon-Yi Previn, a
atual mulher de Allen.
O cineasta que faz filmes que
são verdadeiras declarações de
amor à Nova York -lembra-se
das imagens em preto-e-branco
de "Manhattan" (1979) ao som de
George Gershwin?- pode ser encontrado tocando clarineta em
um café do East Side.
Woody Allen faz shows, sempre
às segundas, no Carlyle Cafe com
a Eddy Davis New Orleans Jazz
Band. Engana-se quem pensa que
é um programa turístico dos mais
populares. Talvez por causa do
preço -US$ 80 apenas de couvert-, não são muitos os turistas
que comparecem, ao menos estrangeiros, já que quase só se ouve
inglês no ambiente.
Engana-se também quem espera que Woody Allen na vida real
seja parecido com seus personagens nos filmes, mesmo que um
pouquinho. Não espere que ele faça piadas. Na verdade, ele praticamente ignora o público.
O show começa às 20h45. A
banda sobe primeiro ao pequeno
palco. Depois aparece Allen. Vestido em roupa esporte, de tons
pastel, o cineasta concentra-se
apenas na clarineta até o agradecimento ao final. Quando não está
tocando, olha para cima e acompanha o ritmo com leves movimentos de cabeça.
O repertório, composto de nove
músicas que variam a cada semana, parece saído de um filme dele.
Trata-se de uma mistura envolvente de clássicos do jazz da primeira metade do século 20 tocados no tradicional estilo de New
Orleans.
Uma curiosidade é que o som
não é amplificado, uma prática
quase inexistente nos concertos
de hoje. Como o Carlyle Cafe é pequeno -capacidade para 90 pessoas, 70 sentadas-, não se torna
necessário o uso de microfones.
Assim, é sem amplificação que se
ouve a voz de Woody Allen, quando ele finalmente se dirige ao público ao final do espetáculo para
um curto agradecimento antes de
se retirar rapidamente.
Dicas
Quem se interessa em assistir ao
show deve reservar uma mesa do
Brasil pela internet ou pelo telefone para garantir seu lugar. A temporada 2004 terminou na última
segunda. Mas a de 2005 começa
no dia 17/01.
Também não se esqueça de ir
com traje social. O Carlyle Cafe fica dentro do hotel do mesmo nome. É um lugar elegante e intimista, com clima de cabaré. As paredes são decoradas com murais
com temas musicais feitos pelo
reconhecido e já falecido artista
plástico húngaro Marcel Vertes. O
local oferece jantar -culinária
francesa- das 19h30 até a meia-noite. Para quem quiser se hospedar no hotel Carlyle, as diárias para casal começam em US$ 550.
Durante a apresentação, fotos
não são permitidas. Muito menos
pedidos de autógrafo. Então, nem
tente, ou vai passar a vergonha de
ser repreendido, no caso das fotos, ou simplesmente ignorado,
no caso do autógrafo.
Se não tiver feito a reserva, pode
arriscar ir ao local. Os 20 lugares
em pé são preenchidos por ordem
de chegada. Paga-se o couvert e o
que for consumido no bar.
Carlyle Cafe - Esquina da avenida Madison com a rua 76; Resevas: 00/xx/1/272/744-1600; www.thecarlyle.com
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