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Livro de Pausânias, primeiro a descrever com detalhes a paisagem do país, é referência até hoje
Guia do séc. 2º conduz turista pela Grécia
DO ENVIADO ESPECIAL À GRÉCIA
Muito pouco do que Péricles fez
de 450 a.C. a 429 a.C. ao reformar
Atenas após a sua destruição pelos persas está de pé, mas boa parte foi vista "in loco" por um viajante chamado Pausânias, que,
com base em suas observações
numa viagem pela Grécia, escreveu um dos primeiros guias de
viagem de que se tem notícia.
Pausânias, autor do primeiro
"Guia da Grécia", provavelmente
nasceu numa cidade na Ásia Menor e trabalhou no seu livro de
viagem entre os anos 150 e 180.
Sua obra original, escrita em dez
volumes, além de concentrar-se
nos monumentos, na história e na
mitologia grega, contém descrições meticulosas da topografia e
da arquitetura de cidades de quase toda a Grécia antiga.
O livro também serviu de referência essencial para os arqueólogos europeus que, nos séculos 18 e
19, partiram para a Grécia atrás de
antigos sítios com vestígios da civilização helênica clássica -cujo
apogeu ocorreu no século 5º a.C.
Peter Levi, tradutor da versão da
editora inglesa Penguin do livro
de Pausânias, editada em dois volumes, conta que, quando o autor
viajou pela Grécia, Tebas havia sido dilacerada pelos macedônios,
e a antiga Corinto, pelos romanos,
"mas todo e qualquer outro monumento da Antiguidade grega
estava ainda de pé".
Felizmente, com os mais de
1.800 anos que nos separam daquele tempo, embora muito do
que Pausânias viu tenha sido destruído ou perecido, ainda é possível seguir seus passos.
Uma opção é começar pela parte baixa da cidade, na região central de Atenas, a Ágora, no centro
da "pólis" -onde os gregos se
reuniam em assembléia e que
abrigava o prédio em que o filósofo Sócrates ficou preso até cumprir sua ordem de execução.
O viajante menciona o Odeom,
um teatro construído pelo imperador romano Agripa por volta
do ano 15 a.C. O teto do teatro desabou após Pausânias tê-lo visitado, mas suas ruínas estão lá hoje e
são uma das mais preservadas da
Ágora antiga, junto às de Stoa de
Attalos (portão de Attalos).
Pausânias descreve, em riqueza
de detalhes, prédios, templos e
portões que compunham a Ágora, como o templo de Zeus Olímpico, que tem parte de seus pilares
de pé. Ao lado do edifício, onde
hoje passa a avenida Andrea Singrou, é possível ver parte do muro
de Adriano -imperador romano
que governou de 117 a 138.
Pode-se prosseguir pelo caminho dos atenienses que iam cultuar a deusa patrona da cidade,
Atena, subindo em direção ao
Pártenon, passando pelo teatro de
Dionísio, que foi construído também no século 4º a.C.
À entrada da Acrópole, no alto,
o viajante passa pelo ponto do
qual Egeu, segundo a mitologia,
teria se jogado ao mar por pensar
que seu filho Teseu havia morrido
em Creta, aonde fora matar o Minotauro.
(FÁBIO CHIOSSI)
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