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internacional
CRISE
Restaurante em Veneza dá desconto a norte-americanos
Harry's Bar oferece descontos para "vítimas dos empréstimos de risco'
PHILIP PULLELLA
DA REUTERS
O Harry's Bar, famoso estabelecimento em Veneza onde o
escritor Ernest Hemingway
reunia os amigos em torno de
comida e de martinis, agora
oferece descontos para os norte-americanos "pobres" que sofrem com o dólar fraco.
A decisão do dono do restaurante, lugar relativamente caro
mesmo quando o dólar está forte, ressalta a crescente preocupação com o dólar fraco entre
operadores de turismo na Itália
e em outros países da Europa.
Um aviso colocado do lado de
fora do restaurante durante o
final de semana diz: "O Harry's
Bar de Veneza, em um esforço
para fazer mais felizes os norte-americanos vítimas de empréstimos de risco, decidiu dar a
eles um desconto especial de
20% em todos os itens do menu
durante o seu curto período de
recuperação".
Quando o euro foi introduzido como moeda comum da Europa, em 2002, um dólar equivalia a 1,10. Atualmente, equivale a cerca de 0,64, fazendo
com que os preços pareçam astronômicos para a maioria dos
turistas que vêm dos EUA.
"Desde o começo de janeiro
notamos uma queda de fregueses americanos entre 5% e
10%, e agora que estamos em
abril, parece realmente assustador", afirma Arrigo Cipriani,
76, dono do Harry's Bar -e filho do seu lendário fundador.
O Enit, órgão nacional de turismo da Itália, afirmou em relatório neste mês que a "forte
desvalorização do dólar comparado à moeda européia e sinais de recessão são atualmente o obstáculo do turismo norte-americano na Europa".
O Harry's Bar foi fundado em
1931, quando Giuseppe Cipriani, barman de um hotel veneziano, recebeu dinheiro de um
freguês, o norte-americano
Harry Pickering.
Harry deu seu nome ao bar e
ao primeiro filho de Cipriani,
Arrigo (Harry em italiano).
Hemingway fez do Harry's
Bar seu quartel-general em Veneza. Ele menciona o local em
"Do Outro Lado do Rio e Entre
as Árvores" (Bertrand Brasil,
334 pág.), publicado em 1950,
que foi escrito pelo autor na
ilha lacustre de Torcello, enquanto vivia em uma hospedaria dos Cipriani.
Arrigo Cipriani, cuja empresa familiar possui restaurantes
e lojas de comida em Nova
York, Veneza, Hong Kong,
Londres e na Sardenha, afirma
que até clientes ricos procuram
por descontos. "Você ficaria
surpreso com a maneira como
as pessoas gostam de um desconto na conta, independentemente de serem ricos ou pobres", diz. Segundo ele, uma refeição com vinho em seu restaurante pode custar mais de
200 (por volta de US$ 314).
Cipriani, que afirma que o
desconto só se aplica ao restaurante, e não ao bar, diz que os
americanos não precisam levar
seus passaportes para conseguir o desconto: "Vamos julgar
pelo sotaque, e se nos enganarmos, daremos desconto de 20%
aos ingleses também".
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