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CAFÉ COM TURISMO
A duas horas e meia do Rio, distrito abriga seresteiros que promovem cantoria fim de semana adentro
Serestas evocam turistas a Conservatória
DO ENVIADO ESPECIAL AO SUL FLUMINENSE
Quem participar do Circuito de
Outono Café, Cachaça e Chorinho não pode deixar de conhecer
Conservatória, distrito de Valença (cidade a 150 km do Rio) que fica a duas horas e meia de carro da
capital. É o lugar ideal para apreciadores de serestas, cantoria realizada em local fechado, ou serenatas, que acontecem ao ar livre.
Os seresteiros tomam conta de
Conservatória. Às sextas-feiras e
aos sábados à noite, eles se reúnem no Museu da Seresta e Serenata, criado na década de 1960,
onde cantam canções antigas e
atraem centenas de pessoas. Pouco antes da meia-noite, todos vão
para as ruas fazer uma serenata.
Nas manhãs de domingo, os seresteiros organizam a Solarata.
Todos que estão em Conservatória param para ouvir as cantigas,
entre elas "Noite Cheia de Estrelas", de autoria de Cândido Neves.
A canção é considerada um marco para os seresteiros porque fala
de lua, estrela e natureza.
A seresta está enraizada em todos os moradores de Conservatória. Fazem parte do projeto Em
Cada Casa uma Canção, em Cada
Canção uma Saudade as placas
existentes nas entradas dos lares
indicando o nome de uma cantiga
e o de seu compositor. Toda vez
que uma placa nova é inaugurada,
há uma festa no distrito.
O Museu da Seresta e Serenata,
também chamado de Instituto José Borges Freitas Netto (um dos
introdutores da seresta no local),
possui um grande acervo de reportagens, fotografias de artistas
do passado e de hoje, trovas, poesias, coletâneas de sucessos musicais e discos de vinil. Por lá, passaram artistas do quilate de Dorival
Caymmi, Fagner, Beth Carvalho,
Emilinha Borba, entre outros.
A tradição da seresta em Conservatória começou no início do
século passado, com a chegada de
tropeiros humildes que alegravam os moradores com suas modinhas de violão e de professores
que ensinavam música para os
descendentes dos barões do café.
A poesia e a música, no entanto,
não são exclusividade dos seresteiros na cidade. Há, ali, a padaria
Luz Branca, a drogaria Harmonia
e o restaurante Dó-Ré-Mi.
Lugares históricos
Conservatória não vive apenas
de serestas. O distrito possui 11
antigas fazendas produtoras de
café, entre elas a Florença (www.hotelfazendaflorenca.com.br),
que é aberta para hospedagem.
Outra atração é a cachoeira da Índia, uma de suas principais belezas naturais.
Os monumentos históricos
também se destacam. Um deles é
o túnel Maria Komaid Nossar,
também chamado de "túnel que
chora". Construído em 1893, ele
tem esse nome porque, das nascentes na parte superior de suas
extremidades, a água goteja.
Diz a lenda, no entanto, que o
túnel chora de saudade daqueles
que deixaram Conservatória.
Um outro marco é a locomotiva
206, antiga maria-fumaça que fazia o transporte das cidades do sul
fluminense até Minas Gerais.
A ponte dos Arcos é outra relíquia histórica de Conservatória,
um dos últimos monumentos da
antiga Rede Mineira de Viação.
Há ainda o museu em homenagem aos cantores Sílvio Caldas,
Guilherme de Brito, Nelson Gonçalves e Gilberto Alves.
(MARIO HUGO MONKEN)
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