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MERCADÃO DO SERTÃO
Partes cedem predicados distintos à feira
Artesanato entra com charme, cordel empresta alma, Sulanca provê balbúrdia e a feira livre soma sabor
ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO
Grande parte do charme de
Caruaru vem da feira de artesanato. Nela, os comerciantes ficam majoritariamente em
quiosques. Os preços variam
conforme o tamanho e a complexidade da peça.
Além do barro, a palha e o
junco são os materiais mais
usados na criação de peças decorativas e utilitárias.
Na barraca de Maria José da
Silva, 53, por exemplo, é possível assistir à confecção da cesta
ao vivo. Um processo que não
leva mais de três minutos nas
habilidosas mãos de dona Zezé,
como Maria é conhecida.
Há 30 anos na feira, ela produz artigos de palha e junco
desde os sete anos e conta que
aprendeu o ofício com seus pais
e com os pais deles.
E, no que depender de dona
Zezé, a tradição familiar vai
continuar: seus filhos também
produzem cestas e bonecos de
palha, que podem ser comprados ali mesmo.
Letras
Grande parte da alma de Caruaru vem da pena habilidosa
de José Severino Cristiano, 70.
Ele escreve literatura de cordel
desde criança e já publicou
mais de 90 livros.
Severino aborda o que ele
chama de temas científicos.
Seus cordéis têm títulos como
"A Origem do Universo". Na
parede de seu quiosque, ele exibe orgulhoso uma reportagem
sobre seu trabalho publicada
no diário norte-americano
"The New York Times". Prova
de que o trabalho do escritor ultrapassou mais do que as fronteiras regionais. Os livros de Severino custam R$ 2 cada um.
Fios
Grande parte da balbúrdia de
Caruaru vem da Sulanca. Apesar de todas as partes da feira
serem cheias, nenhuma é tão
concorrida como essa, pólo de
compras de confecção popular.
Há gente de diversas regiões
para comprar roupas e revender em seus Estados de origem.
A Sulanca tem cerca de 9.000
bancas e funciona às terças-feiras, a partir das 5h.
A Sulanca tem grande importância para a economia de Caruaru. Ela gera mais de 75 mil
empregos diretos e indiretos.
A origem do nome Sulanca
vem de décadas passadas,
quando comerciantes de roupas vinham do Sul do Brasil
comprar retalhos de elanca
-malha de poliéster- na feira
para usar em suas confecções.
Foi da junção de sul e elanca
que nasceu o nome Sulanca.
Apesar da estrutura para
atender revendedores- o estacionamento tem mil vagas para
ônibus- a feira também tem
espaço para quem quer comprar roupas no varejo.
A importância da Sulanca é
crescente, e há planos de criar
uma universidade de moda em
Caruaru com o objetivo de qualificar profissionais para a produção de roupas para a feira.
Ingredientes
Grande parte do sabor de Caruaru vem da feira livre, onde o
turista pode provar as frutas e
as comidas típicas da região.
Antes de comprar um saco de
umbu por R$ 1, por exemplo, o
turista pode provar a fruta azeda e decidir se vale a pena se
aventurar no sabor caraterístico. É perfeito para quem não
conhece as frutas da região e
não quer se arriscar em sabores
muito exóticos. Ou vice-versa.
Nas bancas de carne, o quilo
da carne-seca sai por R$ 7. O de
picanha, por R$ 9,50.
(CLAYTON BUENO)
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