São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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MERCADÃO DO SERTÃO

Partes cedem predicados distintos à feira

Artesanato entra com charme, cordel empresta alma, Sulanca provê balbúrdia e a feira livre soma sabor

ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO

Grande parte do charme de Caruaru vem da feira de artesanato. Nela, os comerciantes ficam majoritariamente em quiosques. Os preços variam conforme o tamanho e a complexidade da peça.
Além do barro, a palha e o junco são os materiais mais usados na criação de peças decorativas e utilitárias.
Na barraca de Maria José da Silva, 53, por exemplo, é possível assistir à confecção da cesta ao vivo. Um processo que não leva mais de três minutos nas habilidosas mãos de dona Zezé, como Maria é conhecida.
Há 30 anos na feira, ela produz artigos de palha e junco desde os sete anos e conta que aprendeu o ofício com seus pais e com os pais deles.
E, no que depender de dona Zezé, a tradição familiar vai continuar: seus filhos também produzem cestas e bonecos de palha, que podem ser comprados ali mesmo.

Letras
Grande parte da alma de Caruaru vem da pena habilidosa de José Severino Cristiano, 70. Ele escreve literatura de cordel desde criança e já publicou mais de 90 livros.
Severino aborda o que ele chama de temas científicos. Seus cordéis têm títulos como "A Origem do Universo". Na parede de seu quiosque, ele exibe orgulhoso uma reportagem sobre seu trabalho publicada no diário norte-americano "The New York Times". Prova de que o trabalho do escritor ultrapassou mais do que as fronteiras regionais. Os livros de Severino custam R$ 2 cada um.

Fios
Grande parte da balbúrdia de Caruaru vem da Sulanca. Apesar de todas as partes da feira serem cheias, nenhuma é tão concorrida como essa, pólo de compras de confecção popular.
Há gente de diversas regiões para comprar roupas e revender em seus Estados de origem. A Sulanca tem cerca de 9.000 bancas e funciona às terças-feiras, a partir das 5h.
A Sulanca tem grande importância para a economia de Caruaru. Ela gera mais de 75 mil empregos diretos e indiretos.
A origem do nome Sulanca vem de décadas passadas, quando comerciantes de roupas vinham do Sul do Brasil comprar retalhos de elanca -malha de poliéster- na feira para usar em suas confecções. Foi da junção de sul e elanca que nasceu o nome Sulanca.
Apesar da estrutura para atender revendedores- o estacionamento tem mil vagas para ônibus- a feira também tem espaço para quem quer comprar roupas no varejo.
A importância da Sulanca é crescente, e há planos de criar uma universidade de moda em Caruaru com o objetivo de qualificar profissionais para a produção de roupas para a feira.

Ingredientes
Grande parte do sabor de Caruaru vem da feira livre, onde o turista pode provar as frutas e as comidas típicas da região.
Antes de comprar um saco de umbu por R$ 1, por exemplo, o turista pode provar a fruta azeda e decidir se vale a pena se aventurar no sabor caraterístico. É perfeito para quem não conhece as frutas da região e não quer se arriscar em sabores muito exóticos. Ou vice-versa.
Nas bancas de carne, o quilo da carne-seca sai por R$ 7. O de picanha, por R$ 9,50.
(CLAYTON BUENO)


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