São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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MERCADÃO DO SERTÃO

Obras feitas em barro traduzem cotidiano local

Trabalhos nativos reproduzem caçadas, bandas de música e até mesmo cenas de fabricação da mandioca

Clayton Bueno/Foha Imagem
Entrada da Casa-Museu Mestre Vitalino, no Alto do Moura; à porta, o filho do mestre, que herdou dele as técnicas do oficio


ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO

Ao passar pela feira de Caruaru é inevitável perguntar-se de onde vêm todas aquelas peças de barro.
A resposta está ali perto: as peças vêm do Alto do Moura, bairro de Caruaru situado a sete quilômetros do centro. No Alto do Moura, boa parte dos moradores é de artesãos e muitas casas são ateliês desse ofício passado de geração em geração. Ali é possível ver o barro ganhando forma e sendo transformado em arte.
As imagens feitas em barro levam o nome de arte figurativa e costumam retratar cenas do cotidiano nordestino, como caçadas, bandas de música e até mesmo cenas mais complexas -a fabricação de farinha de mandioca, por exemplo.
Esse tipo de obra, da tradição nordestina traduzida em trabalhos com o barro, despontou pelas mãos de Vitalino Pereira dos Santos, o mestre Vitalino (1909-1963). Sua arte é muito reconhecida fora do país.

Casa e museuM
A casa onde ele morou e trabalhou de 1959 até sua morte, em 1963, abriga hoje a Casa-Museu Mestre Vitalino. Quem toma conta do lugar é seu filho Severino Vitalino, 67, também artesão. No museu é possível comprar ou observar réplicas de obras do mestre modeladas por Severino.
O lugar forrado no chão onde Vitalino trabalhava permanece intacto, assim como as ferramentas utilizadas por ele na fabricação dos bonecos e o forno usado para assar o barro.
Além das peças, a conversa com Severino é parte fundamental da visita ao museu. Acostumado a atender turistas, ele está sempre disposto a repetir com a mesma paixão as peripécias de seu pai até que a obra no barro fosse reconhecida como arte. Foi com o pai que aprendeu o ofício.
As visitas podem ser feitas de segunda a sábado, das 8h às 12h e das 14h às 17h, e aos domingos, das 9h às 13h.
(CLAYTON BUENO)


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