São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Vinícolas se concentram em Stellenbosch e nos arredores da Cidade do Cabo; vinhos brancos se destacam

Região de vinho atrai olhar de Bordeaux

HELOISA LUPINACCI
DA REDAÇÃO

Nos arredores da Cidade do Cabo, as vinícolas sul-africanas têm chamado a atenção a ponto de a região Stellenbosch passar por uma espécie de crise de identidade: vem sendo chamada de Bordeaux africana.
A crise, na verdade um elogio à região, não é sem motivo. Nos últimos anos, donos de "châteaux" (vinícolas) da tradicional região francesa começaram a investir no país. E a região mais procurada é Stellenbosch (www.wineroute.co.za). Como resultado da procura, o festival do vinho dessa região sul-africana, encerrado no domingo, foi aberto com o debate: "Stellenbosch é a Bordeaux da África do Sul?", em que foram degustados vinhos feitos à moda da região francesa.
Mas, assim como Stellenbosch, há outras 14 regiões delimitadas nos arredores da Cidade do Cabo. A mais histórica de todas é a região de Constantia (www.constantiawineroute.co.za), onde foram plantadas as primeiras videiras, trazidas pelo colonizador holandês.
Pouco tempo depois, os huguenotes (protestantes) franceses aportaram ali e começaram a introduzir o savoir-faire francês no cultivo da uva e na produção do vinho.
No entanto, apesar de a África do Sul produzir vinho há mais de 300 anos -a primeira videira foi plantada em 1655-, foi nos anos 1990 que o mundo começou a conhecer os brancos e tintos sul-africanos, depois do fim do apartheid.
Hoje, são produzidos cerca de 834 milhões de litros de vinho por ano no país, o que faz que ele seja o oitavo maior produtor de vinho do mundo.
Estando lá, é preciso provar algum vinho de uma casta criada no país, a pinotage, resultado do cruzamento da pinot noir com a cinsault -uva que eles chamavam de hermitage. Foi da mistura dos nomes que a nova casta foi batizada, nos anos 1920. Ela é uma uva bastante tinta, escurona, e rústica. Apesar de sua tipicidade, ela vem cedendo espaço para cabernet sauvignon e syrah.
É nos brancos, porém, que o país se destaca. Os vinhos sauvingon blanc são comparados aos neozelandeses. E os chardonnays atraem cada vez mais fãs, apesar de, até 1983, não haver essa uva no país.
Até a proporção da quantidade de uvas tintas e brancas plantadas reflete o prestígio dos vinhos brancos. Em 2000, as castas brancas ocupavam 16,3% da área de vinhedos plantada. Em 2005, ocupavam 74% da área de cultivo.
Exemplares desses vinhos podem ser provados em passeios de um dia ou mais. Todas as regiões possuem rotas turísticas organizadas e com sites. Em algumas vinícolas, basta bater à porta para ser atendido, conhecer as instalações e provar os produtos locais. Em outras, é preciso agendar a visita.


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