São Paulo, quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Índice

internacional

Peça persa abala Irã e Museu Britânico

MUSEOLOGIA X POLÍTICA "Cilindro de Ciro", do século 6º a.C., deveria ter sido emprestada a Teerã, diz governo iraniano

DA ASSOCIATED PRESS

O universo dos museus está tumultuado. O Irã afirmou que vai cortar laços com o Museu Britânico, de Londres, que teria falhado ao não emprestar a Teerã, capital do Irã, uma peça da Babilônia descrita como o mais ancestral documento de direitos humanos do mundo.
A celeuma do empréstimo fez azedar ainda mais a relação entre Londres e Teerã, capital de um país que está sob pressão do Ocidente devido a seu programa nuclear -e onde, curiosamente, os direitos humanos também estão em questão.
A peça é um cilindro de argila do século 6º a.C., onde, em escrita cuneiforme, está descrita a conquista da Babilônia pelo rei persa Ciro, O Grande. Ela descreve como Ciro, após conquistar a Babilônia, em 539 a.C., reintegrou às suas terras originais pessoas que eram mantidas em cativeiro por babilônios.
O "Cilindro de Ciro", de acordo com manifestações de oficiais iranianos, deveria ter sido emprestada a Teerã no domingo para uma exibição, que estava acordada entre o museu londrino e o governo do Irã.
O vice-presidente iraniano, Hamid Baqaei, que é também responsável pelos órgãos de cultura e turismo do país, foi citado em uma rede de TV dizendo que cortaria relações "com os ladrões". Até o fechamento dessa edição, não estava claro se isso já havia ocorrido.
Segundo ele, o Museu Britânico emprestaria a peça em setembro do ano passado, mas pediu que o prazo fosse prorrogado por problemas técnicos. Outro motivo para o adiamento foi a agitação com a disputa presidencial de junho de 2009, em que o vencedor, Mahmoud Ahmadinejad, foi reeleito sob acusação de fraude.
"O "Cilindro" passou de uma questão cultural a uma questão política", afirmou Baqaei, dizendo ainda que o Irã vai cortar laços com o Museu Britânico, que se transformou em uma instituição política, de acordo com o vice-presidente do Irã.
O Museu Britânico, onde estão peças reclamadas pela Grécia e pelo Egito, expressou "grande surpresa" com o anúncio e a instituição londrina afirmou que recentemente havia entrado em contato com Teerã para informar que o empréstimo seria feito só na segunda metade de julho deste ano.
Ainda segundo o museu londrino, duas outras peças seriam emprestadas a Teerã, no programa de troca cultural do museu com outras nações, "independentemente de considerações políticas".
"O Museu Britânico agiu de boa fé e estima as boas relações que tem com o Irã até então", afirmou a instituição. "Esperamos que o problema possa ser resolvido assim que possível."


Texto Anterior: Luxo: Jumeirah prevê abrir 51 hotéis em dois anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.