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internacional
Peça persa abala Irã e Museu Britânico
MUSEOLOGIA X POLÍTICA "Cilindro de Ciro", do século 6º a.C., deveria ter sido emprestada a Teerã, diz governo iraniano
DA ASSOCIATED PRESS
O universo dos museus está
tumultuado. O Irã afirmou que
vai cortar laços com o Museu
Britânico, de Londres, que teria
falhado ao não emprestar a
Teerã, capital do Irã, uma peça
da Babilônia descrita como o
mais ancestral documento de
direitos humanos do mundo.
A celeuma do empréstimo
fez azedar ainda mais a relação
entre Londres e Teerã, capital
de um país que está sob pressão
do Ocidente devido a seu programa nuclear -e onde, curiosamente, os direitos humanos
também estão em questão.
A peça é um cilindro de argila
do século 6º a.C., onde, em escrita cuneiforme, está descrita
a conquista da Babilônia pelo
rei persa Ciro, O Grande. Ela
descreve como Ciro, após conquistar a Babilônia, em 539
a.C., reintegrou às suas terras
originais pessoas que eram
mantidas em cativeiro por babilônios.
O "Cilindro de Ciro", de acordo com manifestações de oficiais iranianos, deveria ter sido
emprestada a Teerã no domingo para uma exibição, que estava acordada entre o museu londrino e o governo do Irã.
O vice-presidente iraniano,
Hamid Baqaei, que é também
responsável pelos órgãos de
cultura e turismo do país, foi citado em uma rede de TV dizendo que cortaria relações "com
os ladrões". Até o fechamento
dessa edição, não estava claro
se isso já havia ocorrido.
Segundo ele, o Museu Britânico emprestaria a peça em setembro do ano passado, mas
pediu que o prazo fosse prorrogado por problemas técnicos.
Outro motivo para o adiamento
foi a agitação com a disputa
presidencial de junho de 2009,
em que o vencedor, Mahmoud
Ahmadinejad, foi reeleito sob
acusação de fraude.
"O "Cilindro" passou de uma
questão cultural a uma questão
política", afirmou Baqaei, dizendo ainda que o Irã vai cortar
laços com o Museu Britânico,
que se transformou em uma
instituição política, de acordo
com o vice-presidente do Irã.
O Museu Britânico, onde estão peças reclamadas pela Grécia e pelo Egito, expressou
"grande surpresa" com o anúncio e a instituição londrina afirmou que recentemente havia
entrado em contato com Teerã
para informar que o empréstimo seria feito só na segunda
metade de julho deste ano.
Ainda segundo o museu londrino, duas outras peças seriam
emprestadas a Teerã, no programa de troca cultural do museu com outras nações, "independentemente de considerações políticas".
"O Museu Britânico agiu de
boa fé e estima as boas relações
que tem com o Irã até então",
afirmou a instituição. "Esperamos que o problema possa ser
resolvido assim que possível."
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