São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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OUTONO FLUMINENSE

Cidade mescla sofisticação com a autenticidade da antiga vila pescadores

Até sem sol Búzios entrosa turista

MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL A BÚZIOS (RJ)

Sintonizar-se com o espírito de Búzios não precisa necessariamente de um calor de rachar. A graça despretensiosa ancorada na rua das Pedras, na estátua de Brigitte Bardot na orla batizada em sua homenagem, nos hotéis charmosos, nas árvores de flamboaiã, nos restaurantes que servem itens à base de frutos do mar, numa massagem ou em passeios de barco faz o turista facilmente se entrosar com o sol de outono.
A sofisticação da península emerge nos barquinhos estacionados em Armação de Búzios, na peixaria em Manguinhos, nos bares pé na areia e nos aqua-táxi descolados, que transportam visitantes de uma prainha para outra.
A mistura está feita, e talvez por isso tantos estrangeiros busquem essa cidade, a 190 km do Rio, para descansar ou fincar raízes. São franceses, italianos, alemães e especialmente argentinos, que se apaixonaram pela península e dão sabor a ela. A presença desses últimos é tão forte que carrinhos de milho avisam a venda de "choclo"; placas indicam "locutórios" (cabines telefônicas), empanada (tipo de pastel) e "helado" (sorvete) nas ruas.
Não é raro ouvir histórias e aventuras desses forasteiros pioneiros, que chegaram a Búzios quando tudo era primitivo.
A argentina Amalia de la Maria chegou a Búzios há 35 anos, numa parada rumo à Europa, onde iria trabalhar. Era para visitar um primo, que, na época, morava ali. Apaixonou-se: por Búzios e por um brasileiro, seu primeiro marido. O casal montou uma pousada ao lado da casa onde viviam.
"Uma vez um hóspede queria lagosta, pedi para o meu marido ir pescar. Ele demorou, foi até a praia dos Ossos nadando, e o hóspede morrendo de fome", conta a argentina, dona do hotel Casas Brancas. Era tudo meio improvisado, mas "não éramos hippies", afirma Amalia.
Num dia de sol, a vista da praia de Armação de Búzios é como um quadro. Vêem-se barcos com turistas passando em frente da ilha do Caboclo, enquanto barquinhos de pescadores pincelam sobre o mar. Quem chega pela praia do Canto em direção a Armação quase acredita ver pescadores em ação puxando uma rede. Trata-se, na verdade, da escultura "Três Pescadores", da artista plástica Christina Motta, que deu vida à estátua de Bardot, tão clicada por visitantes.
As praias de Búzios são todas pequenas e talvez, por isso, a Azeda tenha, ao lado, a Azedinha; a João Fernandes, a João Fernandinho; além da Ferradura e da Ferradurinha. Vale tomar uma invenção dali, os mais de 20 táxis-barcos na praia dos Ossos, e seguir até a Azedinha e ver as encostas com cactos (leia na pág. F4).
Os preços variam com a cara do freguês, a distância e a fidelidade ao serviço deles. Agora, como é baixa temporada, até o aqua-táxi sai mais em conta. E eles deixam o número do celular para o turista chamá-lo na volta.
Também dá para escolher um passeio pelas praias tomando outras embarcações, como a lancha de Jonas dos Reis (0/xx/22/9909-7598), que faz um roteiro por até 12 praias e quatro ilhas, ou um barco inflável, o Buziosnauta (www.buziosnauta.com.br; 0/ xx/22/2623-9005), que tem itinerário pela enseada e pelo costão.
Se de dia o jeito é zanzar entre uma das 23 praias na península, à noite, o programão é circular pela rua das Pedras, dar uma espiada nas lojas da travessa dos Arcos e se preparar para jantar num dos ótimos restaurantes de Búzios.


Margarete Magalhães hospedou-se a convite do Casas Brancas Hotel & Spa


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