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PAÍSES EM DESFILE
Estilistas colocam locais turísticos no alto da passarela
Contato com culturas e locais diferentes auxilia processo de criação de formas e estampas de figurinos
LUISA ALCANTARA E SILVA
PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL
Difícil saber quando os destinos turísticos começaram a fazer parte dos temas das coleções de moda -em meados da
década de 60, os desfiles aconteciam em casas de senhoras,
para seletos grupos de convidados, deixando escassos os registros sobre o que se passava nas
passarelas daquela época.
O que se sabe é que as viagens
sempre inspiraram estilistas.
"Para criar as peças é preciso
ter muita bagagem, literalmente", afirma Andréia Miron, professora do curso de moda da faculdade Santa Marcelina, em
São Paulo.
"Esse contato com culturas e
estilos de vida diferentes resultantes de viagens se transforma
em elementos importantes para a criação de formas e estampas", completa.
Há quem resolva destacar
um lugar específico. Nesse sentido, ela lembra da coleção em
que Ronaldo Fraga usou como
inspiração o rio São Francisco
(verão 2009). "Ele encheu a
passarela de sal grosso, como
parte da ambientação, e usou
estampas de peixes, madeira,
barcos e navios."
Se esse tipo de tendência pode ser sentido nas ruas? Segundo Miron, sim. Para ela, a passarela funciona como uma lente de aumento. Mas, para ver
nas ruas, é preciso ficar atento
aos detalhes. Estampas, por
exemplo, podem aparecer em
camisetas. Outras tendências,
em brincos e colares.
"Já os vestidos de richelieu
[bordados manualmente por
artesãs do Nordeste do Brasil]
de Christian Lacroix, vendidos
a preço de ouro, mostram que,
muitas vezes, o que as pessoas
usam fora das passarelas pode
ir além dos detalhes", diz.
Para Milene Chaves, editora
do site Chic (chic.ig.com.br),
de Gloria Kalil, um dos desfiles
marcantes inspirados em uma
cultura diferente foi o da coleção de inverno 2006 de Isabela
Capeto. "Tudo tinha cores fortes, estampas gráficas... E um
clima peruano que fugia do folclórico -daí a graça", diz.
Luciana Parisi, consultora do
Senac Moda Informação, destaca outras duas coleções que
transformaram lugares em
moda: uma do verão 2008,
também de Isabela Capeto,
inspirada no México, na figura
da pintora Frida Kahlo, e uma
do verão 2009, da Maria Bonita, inspirada na Bahia de Dorival Caymmi.
Na edição deste ano da São
Paulo Fashion Week, cujos
desfiles começam no dia 17, estilistas como Dudu Bertholini,
da Neon, Paola Robba, Mario
Queiroz e Raquel Davidowicz,
da UMA, se inspiraram em lugares para desenvolver as coleções de verão que vão apresentar no evento.
Nas próximas páginas, confira como eles transformaram os
destinos em desfile.
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