São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

BONS VELHINHOS

Ponto obrigatório, saborear um filé no Lamas, 134, é rito

Nem a entrada meio escondida e o ambiente demodê ameaçam um dos bares cariocas mais tradicionais

DA ENVIADA ESPECIAL

Um filé alto, suculento, ao ponto. Vem à francesa (com presunto, ervilhas, cebola e batata palha). Outro filé alto, suculento, ao ponto. À Oswaldo Aranha (coberto de alho frito, com arroz, batatas portuguesas e farofa). Sai o terceiro: alto, suculento, ao ponto. Este é ao alho e óleo. No Lamas faz 134 anos que filé sai assim: alto, suculento, ao ponto (ou ligeiramente malpassado, mas sempre dentro do figurino).
Hoje, são 20 opções de filé, fora o escalopinho e o guisado.
O restaurante fundado em 4 de abril de 1874 pelo português Francisco Tomé dos Santos Lamas ficava no largo do Machado - na época, rua do Catete, porque o Machado (de Assis) nem havia morrido. Ali esteve por 102 anos, até obras do metrô o transferirem, em 1976, para o endereço atual.
Visitar o Lamas deveria ser obrigatório para entrar no Rio de Janeiro. Sem fome? Vá lá e peça o cardápio para dar uma lida. É como estar num museu da gastronomia carioca.
Virado à paulista às segundas, escadinha à espanhola às quartas, lombinho à mineira aos sábados... Não se iluda com os diminutivos. São pastos dignos de vikings. E há peixe, caldos, fritadas, camarões. E a seção de café da manhã, de torradas, de lanches, de mingaus.
Visitar esse templo de Babete requer olho clínico e faro apurado. Corre-se o risco de passar pela porta sem notar a entrada, escondida por uma casa de sucos de aparência chinfrim.
Dentro, nada impressiona à primeira vista e parte da brigada parece estar ali há tempos imemoriais. Mas basta pedir um prato, a cerveja gelada - bem melhor que o chope - e em segundos você até se esquece da batata palha do filé à francesa, encharcada demais. Comer ali é rito e não rotina.
É como curtir a paisagem. O Lamas está para os restaurantes como Copacabana está para as praias. Não é o melhor, anda demodê, mas é único.

LAMAS
R. Marquês de Abrantes, 18, Flamengo; tel.: 0/xx/21/2556-0799; funciona de seg. a sex., das 9h30 às 3h45; sáb., das 9h30 às 4h
www.cafelamas.com.br



Texto Anterior: Bons velhinhos: Tradição do Rio Minho, 124, é caldo que leva cabeça de peixe e camarão
Próximo Texto: Bons velhinhos: Virada do ano no Rio de Janeiro exige bela preparação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.