São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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MADRI MIRA 2012

Ampliação do Prado devolve ao palácio o uso que seu criador, Juan de Villanueva, imaginou no século 18

Somados, museus ganham 52.000 m2

Reprodução
Detalhe do retrato do rei Fernando 7º, pintado em 1814 por Goya


DA ENVIADA ESPECIAL A MADRI

Em alguns minutos de caminhada é possível passar pelos três principais museus de Madri. Separados por poucas quadras, o museu do Prado, o Thyssen-Bornemisza e o Reina Sofía contam, em suas paredes, longos capítulos da história da arte.
Este ano é um marco na história de cada um dos três museus. Estima-se que até dezembro sejam concluídas as ampliações dos prédios de cada um deles. Ao fim das obras, que transformaram a região num grande canteiro salpicado de gruas, a dinâmica do circuito dos museus mudará. O pedestre terá facilidade em transitar entre um museu e outro.
A remodelação das quadras que formam o Passeio da Arte foi inspirada em locais como a Ilha dos Museus da Berlim pós-reunificação; o bairro South Kensington de Londres, que concentra os museus Victoria & Albert, de Ciências e de História Natural; e o National Mall de Washington, misto de avenida e parque que reúne a Galeria Nacional de Arte e diversos museus pertencentes ao Instituto Smithsonian. Assim como essas capitais, Madri busca criar um espaço que integre suas casas de exposições.
O governo espanhol já investiu mais de 147 milhões de euros nas obras. No total, serão criados 52.000 m2 novinhos em folha. O Prado dobra de tamanho. Aos atuais 28.000 m2 serão somados 29.400 m2, totalizando 58.000 m2.
O Reina Sofía ganhará 26.892 m2 a mais do que os seus atuais 51.717 m2. E o Thyssen-Bornemisza ganha, além de 250 novas obras, 8.421 m2 a mais.
A cargo do arquiteto espanhol Rafael Moneo, vencedor do prêmio Pritzker de 1995, a reforma do Prado é uma das maiores mudanças já sofridas pelo museu em seus 200 anos de história. O prédio, que serviu até de quartel para o Exército de Napoleão, começou a ser erguido no século 18 seguindo o projeto do arquiteto Juan de Villanueva. Quando a Espanha estava sob o comando do rei Fernando 7º, foram levadas para lá partes das coleções reais de arte, e o museu começou a funcionar.
Desde então, o edifício teve seu conceito original um pouco mudado. Villanueva concebeu o prédio para que ele abrigasse a coleção de arte real. E ponto. Mas, com o tempo, a casa ganhou recepção, biblioteca e salas.
Agora, depois de três ampliações, a primeira em 1918 e a última nos anos 60, o edifício principal do museu voltará a ser usado como foi concebido originalmente. As novas áreas serão destinadas a abrigar exposições temporárias, um auditório, estúdios de conservação de obras, um café, restaurante e oficinas.
Mas a reforma, mesmo devolvendo o edifício à sua concepção primeira, gera certa polêmica. Uma polêmica de vizinhança.
Ao lado do Prado fica a igreja San Jerónimo el Real, também chamada de Los Jerónimos. Erguida em 1464, ela foi desmontada e reerguida em 1503 em seu atual lugar, ao lado do Prado. A reforma projetada por Moneo se apropria do claustro dessa igreja.
Em ruínas, o claustro ocupava a lateral do prédio principal. Foi desmontado e será restaurado e englobado pela reforma.
Há quem ache que a obra salvará o claustro da destruição. Há quem ache que foi invasiva. Há quem ache que, apenas depois de tudo pronto, será possível avaliar o resultado.
(HELOISA LUPINACCI)



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