São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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AFRO-BAHIA

Memorial de mãe Menininha tem pertences da famosa ialorixá

Terreiros recebem turista, mas exigem respeito

DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

Um passeio de cunho espiritual por Salvador não fica completo se não tiver uma visita a um terreiro. Mas vale lembrar que, embora sejam ícones soteropolitanos, eles não são exatamente pontos turísticos, mas locais reservados a rituais religiosos. Portanto o turista deve entrar ali com o mesmo respeito que entra em uma igreja.
Na cidade estão alguns dos terreiros mais famosos do Brasil, como o Ilê Iya Axé Iyamassê, conhecido como terreiro do Gantois, do qual mãe Menininha foi ialorixá por décadas e que teve iniciados ilustres como Jorge Amado, Gal Costa e Caetano Veloso.
O Gantois reabriu em julho deste ano, após três anos de luto por conta da morte de mãe Cleuza, filha de mãe Menininha.
Agora, sob a batuta de mãe Carmem, o terreiro funciona de terça a sábado. No local é possível conhecer o Memorial de Mãe Menininha, que reúne pertences da ialorixá. O terreiro e o memorial ficam no Alto do Gantois, 23, Federação (tel. 0/xx/71/336-9594).
Menos famoso, mas tão tradicional quanto o Gantois, é o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Às quartas-feiras, mãe Stella de Oxóssi -Iya Odé Kayode- lê os búzios para visitantes. É preciso marcar horário, pois a procura é grande.
Ao visitar o terreiro, não deixe de passar no museu Ilê Ohum Lailai (que quer dizer "a casa das coisas antigas"). O terreiro fica na rua Direita do São Gonçalo do Retiro, 245, bairro Cabula (tel. 0/xx/ 71/384-6800); o museu fica na mesma rua, número 557, (tel. 0/ xx/11/384-0047) e funciona de segunda a sábado, das 13h às 17h.
Lá o visitante vê trajes e objetos usados pelas ialorixás de toda a história do terreiro, que surgiu em 1909. Conhece as comidas de cada orixá e plantas e instrumentos usados nos rituais.
O terreiro Casa Branca é o mais antigo de Salvador, tem 200 anos. Só por isso já merece uma visita. Ele foi tombado como patrimônio histórico em 1986 e está em reforma desde janeiro. Mesmo assim, mãe Altamira Cecília, ou simplesmente Tatá, prepara o Ilê Axé Iyá Nassô Oká -o branco templo sagrado de Iyá-, para a festa de Oxalá, que será no último final de semana deste mês. O terreiro fica na avenida Vasco da Gama, 463 (tel. 0/xx/71/334-2900).
O Ilê Oyá Omin Axá Nilá, comandado por mãe Deja, fica no Parque Metropolitano do Abaeté, em Itapuã (tel. 0/xx/71/249-7059). Pertencente à nação Angola, o Bate Folha é tradicional e tem como babalorixá o conceituado pai Edu. O endereço é travessa de São Jorge, 65-E (tel. 0/xx/71/306-2163).
Os terreiros permitem que os turistas assistam a alguns ritos, como festas para orixás. Mas a maioria deles proíbe que se tirem fotos. (HELOISA HELENA LUPINACCI)


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