São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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GIRO LUSO

Renovada, Lisboa mantém ar passadista

Onda cosmopolita iniciada na Expo'98 refaz, na doca de Santo Amaro, armazéns portuários do século 19

Silvio Cioffi/Folha Imagem
No parque das Nações, escultura de Jorge Vieira foi inspirada no Sol e no homem


SILVIO CIOFFI
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Vinte anos depois de Portugal entrar na União Européia, Lisboa vive 2006 com foros de metrópole cosmopolita -e deliciosa pitada de provincianismo. Cidade cuja renovação tem como marco a Expo'98, a capital portuguesa refez, há pouco, outra área às margens do Tejo, a frente da Ribeirinha, rebatizada de doca de Santo Amaro, um singelo conjunto de armazéns portuários de tijolos aparentes, do século 19.
Casario simétrico sob a ponte 25 de Abril (data da revolução de 1974), já chamada de ponte Salazar e, também, de ponte Sobre-o-Tejo, esse complexo arquitetônico há pouco recuperado fica diante de uma moderna marina com deques flutuantes para veleiros e é emoldurado por uma cobertura em forma de asas.
Esse tipo de reurbanização de área portuária não é novo -pode ser visto, por exemplo, em Sydney (Austrália), Boston (EUA), Roterdã (Holanda), Gênova (Itália), Londres, Liverpool (Reino Unido) e na Cidade do Cabo (África do Sul).
Em minúscula medida, é pena, vinga em Santos, alcançando também, de maneira ainda acanhada, o centro do Rio, notadamente o entorno da praça 15, nos arredores da igreja da Candelária, onde prédios antigos viraram importantes centros de cultura e lazer.

Ventos novos
Na capital portuguesa, se a antiga sala de vistas ficava, historicamente, nas ruas próximas da rua Augusta, das ruas do Ouro e da Prata, da praça do Comércio e da Cidade Alta, com a Expo'98 a cidade começou a passear também no Oceanário, no shopping Vasco da Gama, isso na área do contemporâneo parque das Nações.
Agora, com a reforma dessa série de armazéns paralelos da doca de Santo Amaro, diante do Tejo, Lisboa ganha uma nova área voltada à diversão noturna, reunindo, em especial, bons restaurantes.
Nas noites quentes, as pessoas preferem sentar-se nas mesas ao ar livre, olhando os peixes no rio iluminado por holofotes na marina. Mas, dentro dos armazéns, de dois pavimentos, o panorama também é agradável, especialmente nos pisos superiores. Convém, quase sempre, reservar mesa.
Entre os locais mais animados, o Doca 6 (www.doca6@ cerger.pt; tel. local 213/957-905) tem menu cosmopolita, entradas com queijinhos da Serra, patê e embutidos defumados, que os "alfacinhas" (habitantes de Lisboa) chamam de enchidos fumados. Serve ainda variedade de peixes e mariscos, além de polvinhos grelhados inteiros com lascas de alho. O bacalhau, preparado de muitas maneiras, também está em todos menus.
Um pouco adiante, nos armazéns 9 e 10, o Arroz Maria (tel. local 213/954-677), um pouco mais simples, se diz inspirado nos sabores típicos da Espanha -e, além de tapas à base de polvo ou pimentão, se notabiliza pelos risotos feitos na hora: entre os de frutos do mar, há o com tinta de lulas, o de polvo, de bacalhau etc.
Quem quer algo além de peixe encontra, no armazém 12, o Espalha Brasas (tel. local 213/ 962-059), que serve o bife na pedra -e, também, presunto cru, salada de polvo etc.
No Doca Peixe (www.doca peixe.com; tel local 213/973-565), no armazém 14, o peixe pode ser escolhido inteiro e pesado, para ser preparado de acordo com a vontade do freguês: ao sal grosso, no forno ou no carvão.
Já no Don Pomodoro (tel. local 213/909-353), no armazém 13, aberto até as 2h, o carro-chefe são as pizzas feitas no forno a lenha e as pastas.
Mais com cara de bar, o Hawaii, no armazém 1, e o Havana, no 2, satisfazem quem tem fome de dançar. No Hawaii (tel. local 213/958-110), que fecha às 4h, há objetos que aludem ao surfe e DJs.
No Havana (tel. local 213/ 979-893), onde a muvuca dura até as 6h, o forte são as saladas e a salsa, pois a casa se notabiliza por tocar música latina. Definitivamente, a Lisboa de hoje está aberta para o mundo.


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