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GIRO LUSO
Tejo é instantâneo de reurbanização e de história lusitanas
Mosteiro e torre são postais que convivem, ao longo do rio, com traços de arquitetura mais recentes
DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
Antes de desembocar no
Atlântico, o rio Tejo, que banha
Lisboa, passa por docas portuárias, zonas verdejantes e iate
clubes. Nesse trajeto, o rio passa diante do mosteiro dos Jerônimos, de estilo manuelino,
edificado a partir de 1501,
quando Vasco da Gama voltou
das Índias; do padrão dos Descobrimentos, de 1960, homenageando reis e navegadores; e
da torre de Belém, fortaleza de
1521 de onde partiram muitas
das caravelas que expandiram
as fronteiras lusitanas na Era
dos Descobrimentos.
Assim, por cerca de 20 km ao
longo do Tejo, de Algés a Scavén, Lisboa tradicionalmente
manteve estruturas portuárias
que, notadamente depois da
Expo'98, foram reurbanizadas
(leia sobre a doca de Santo
Amaro à pág. F2).
As pontes 25 de Abril e Vasco
da Gama testemunham a força
da natureza do Tejo e o arrojo
das modernas engenharia e arquitetura lusitanas.
A primeira, de aço e suspensa
a uma altura de 70 m sobre o
leito do rio, é também chamada
de ponte Sobre-o-Tejo, teve sua
construção iniciada em 1962 e
foi aberta em 1966, tendo 2.278
m de extensão. Além de trânsito normal, uma linha de trem
passa por ela.
A vista é especial de quem
olha do sul para o norte, revelando fachadas. À leste, avista-se o bairro da Alfama, encimado pelo castelo de São Jorge.
Mais adiante, na direção do
Atlântico, o Tejo banha o Terreiro do Paço, agora coberto
por tapumes. Ali, nesse local,
também conhecido como praça
do Comércio, uma área de 192
m por 177 m, fica a estátua
eqüestre do rei José 1º. E é nessa praça que a rua Augusta desemboca, limitada pelo monumental arco do triunfo barroco
de mármore branco, obra
exemplar da arquitetura pombalina. Essa área, poucos sabem, já abrigou, por quatro séculos, o palácio real, destruído
no terremoto de 1755.
Subindo o calçadão da rua
Augusta, lojas tradicionais e cafés se sucedem; nas ruas paralelas, do Ouro e da Prata, há também joalherias e comércio.
À esquerda de quem caminha
para o Rossio, praça na cidade
Baixa, onde se vê escultura de
Pedro 4º (o Pedro 1º do Brasil),
fica o bairro do Chiado, comercial e boêmio, restaurado após
um incêndio, em 1988.
Então, o fogo começou numa
loja da rua do Carmo, que liga a
Baixa ao Bairro Alto. Depois
desse episódio, a região ganhou
um projeto de renovação a cargo do renomado arquiteto lusitano Álvaro Siza Vieira. Siza
preservou várias das fachadas
originais, trazendo vida nova à
essa região da metrópole.
Santa Justa
Próximo dali, um elevador
-algo excêntrico e neogótico-
de 32 m de altura, construído
por Raoul du Ponsard, francês
discípulo de Gustav Eiffel, liga a
Baixa ao Rossio.
Do alto, ao anoitecer, têm-se
uma das mais belas vistas de locais históricos da metrópole,
com destaque para o castelo de
São Jorge.
(SILVIO CIOFFI)
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