São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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GIRO LUSO

Tejo é instantâneo de reurbanização e de história lusitanas

Mosteiro e torre são postais que convivem, ao longo do rio, com traços de arquitetura mais recentes

DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Antes de desembocar no Atlântico, o rio Tejo, que banha Lisboa, passa por docas portuárias, zonas verdejantes e iate clubes. Nesse trajeto, o rio passa diante do mosteiro dos Jerônimos, de estilo manuelino, edificado a partir de 1501, quando Vasco da Gama voltou das Índias; do padrão dos Descobrimentos, de 1960, homenageando reis e navegadores; e da torre de Belém, fortaleza de 1521 de onde partiram muitas das caravelas que expandiram as fronteiras lusitanas na Era dos Descobrimentos.
Assim, por cerca de 20 km ao longo do Tejo, de Algés a Scavén, Lisboa tradicionalmente manteve estruturas portuárias que, notadamente depois da Expo'98, foram reurbanizadas (leia sobre a doca de Santo Amaro à pág. F2).
As pontes 25 de Abril e Vasco da Gama testemunham a força da natureza do Tejo e o arrojo das modernas engenharia e arquitetura lusitanas.
A primeira, de aço e suspensa a uma altura de 70 m sobre o leito do rio, é também chamada de ponte Sobre-o-Tejo, teve sua construção iniciada em 1962 e foi aberta em 1966, tendo 2.278 m de extensão. Além de trânsito normal, uma linha de trem passa por ela.
A vista é especial de quem olha do sul para o norte, revelando fachadas. À leste, avista-se o bairro da Alfama, encimado pelo castelo de São Jorge.
Mais adiante, na direção do Atlântico, o Tejo banha o Terreiro do Paço, agora coberto por tapumes. Ali, nesse local, também conhecido como praça do Comércio, uma área de 192 m por 177 m, fica a estátua eqüestre do rei José 1º. E é nessa praça que a rua Augusta desemboca, limitada pelo monumental arco do triunfo barroco de mármore branco, obra exemplar da arquitetura pombalina. Essa área, poucos sabem, já abrigou, por quatro séculos, o palácio real, destruído no terremoto de 1755.
Subindo o calçadão da rua Augusta, lojas tradicionais e cafés se sucedem; nas ruas paralelas, do Ouro e da Prata, há também joalherias e comércio.
À esquerda de quem caminha para o Rossio, praça na cidade Baixa, onde se vê escultura de Pedro 4º (o Pedro 1º do Brasil), fica o bairro do Chiado, comercial e boêmio, restaurado após um incêndio, em 1988.
Então, o fogo começou numa loja da rua do Carmo, que liga a Baixa ao Bairro Alto. Depois desse episódio, a região ganhou um projeto de renovação a cargo do renomado arquiteto lusitano Álvaro Siza Vieira. Siza preservou várias das fachadas originais, trazendo vida nova à essa região da metrópole.

Santa Justa
Próximo dali, um elevador -algo excêntrico e neogótico- de 32 m de altura, construído por Raoul du Ponsard, francês discípulo de Gustav Eiffel, liga a Baixa ao Rossio.
Do alto, ao anoitecer, têm-se uma das mais belas vistas de locais históricos da metrópole, com destaque para o castelo de São Jorge. (SILVIO CIOFFI)


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