São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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GRANDE MIAMI

Cidade abrigou índios, aposentados, empresários e refugiados, recebeu famosos e exibe acervo de art déco

Miami é fruto de ascensões e decadências

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

A Grande Miami tem perto de 2,1 milhões de habitantes e junta Miami e Miami Beach -ligadas pela ponte MacArthur- a diversas praias, tendo sido batizada há pouco mais de cem anos: "maiami" era como os índios seminoles chamavam os lagos de água doce dessa porção originalmente pantanosa do sul da Flórida.
Já a região onde a cidade cresceu foi explorada inicialmente por Ponce de León (c. 1460-1521), espanhol que procurou em vão a fonte da juventude até perder a vida, assassinado pelos índios.
Em 1857, oficiais do forte Dallas fundaram em Miami um posto do correio dos EUA, mas a cidade, que hoje recebe 3 milhões de visitantes por ano, cresceu sonolenta nas suas primeiras décadas.
No final do século 19, quando a guerra contra os seminoles ainda era renhida, o pioneiro comerciante William Brickell fez amizade com os índios para, então, amealhar uma fortuna enorme.
Seu sucesso atraiu concorrentes e, em 1896, a cidade passou a ter existência oficial, quando 16 empresários ali se estabeleceram -quatro deles eram judeus.
Trazida por Henry Flager em 1896, a ferrovia conectou Miami ao restante do território norte-americano. Ligado a Standard Oil, o magnata atuou ainda empresariando o comércio marítimo entre Miami e Nassau, no Caribe.
Já o turismo, que se transformou numa vocação da Flórida e está fazendo 90 anos, chegou em 1913, quando outro empresário, Carl Fisher, usou dragas para criar uma praia em Miami Beach.
Mas a região ganhou lugar ao sol no mapa dos EUA nos anos 20, quando Coral Gables foi loteada por George Merrick. Em 1926 surgiram a torre da Liberdade, diante do porto, e o hotel Biltmore, em Coral Gables, inspirados na torre da Giralda, de Sevilha (Espanha).
Na verdade, a torre da Liberdade, obra de Schulze & Weaver empreitada por James M. Cox para abrigar o jornal "Miami Daily News", só ganhou esse nome em 1962, quando o local virou sede do Comitê dos Refugiados Cubanos, que somavam 500 mil pessoas.
Hoje cercada por um campo de golfe, a torre do Biltmore, listada no Registro Nacional de Lugares Históricos, já foi hotel, hospital e até manicômio, refletindo as várias fases da vida da cidade. Até Johnny Weismuller, que atuou como Tarzã, foi instrutor de natação do hotel. A lista de celebridades que se hospedou no Biltmore (veja foto à pág. F6) inclui a família Vanderbilt, a atriz Judy Garland e o fora-da-lei Al Capone.

Art Déco
Mas foi sob o estilo art déco que Miami conheceu o apogeu, depois da decadência que se seguiu à quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. Entre as décadas de 30 e 50, mais de 800 predinhos surgiram no entorno de Miami Beach. Nos anos 60 e 70, novo período de decadência fez do local um paraíso de aposentados.
O tombamento veio em 1979, mas a restauração teve início em 1976, quando Barbara Capitman criou a Miami Design Preservation League (www.mdpl.org), a mesma que promove nesta semana, de 17 a 19 de janeiro, a 26ª semana dedicada ao distrito Art Déco, em South Beach (SoBe).


Silvio Cioffi viajou a convite da TAM Linhas Aéreas, da Pier 1-Cruise Experts e da consultoria X-Mart.


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