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GRANDE MIAMI
Cidade abrigou índios, aposentados, empresários e refugiados, recebeu famosos e exibe acervo de art déco
Miami é fruto de ascensões e decadências
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
A Grande Miami tem perto de
2,1 milhões de habitantes e junta
Miami e Miami Beach -ligadas
pela ponte MacArthur- a diversas praias, tendo sido batizada há
pouco mais de cem anos: "maiami" era como os índios seminoles
chamavam os lagos de água doce
dessa porção originalmente pantanosa do sul da Flórida.
Já a região onde a cidade cresceu foi explorada inicialmente
por Ponce de León (c. 1460-1521),
espanhol que procurou em vão a
fonte da juventude até perder a vida, assassinado pelos índios.
Em 1857, oficiais do forte Dallas
fundaram em Miami um posto do
correio dos EUA, mas a cidade,
que hoje recebe 3 milhões de visitantes por ano, cresceu sonolenta
nas suas primeiras décadas.
No final do século 19, quando a
guerra contra os seminoles ainda
era renhida, o pioneiro comerciante William Brickell fez amizade com os índios para, então,
amealhar uma fortuna enorme.
Seu sucesso atraiu concorrentes
e, em 1896, a cidade passou a ter
existência oficial, quando 16 empresários ali se estabeleceram
-quatro deles eram judeus.
Trazida por Henry Flager em
1896, a ferrovia conectou Miami
ao restante do território norte-americano. Ligado a Standard Oil,
o magnata atuou ainda empresariando o comércio marítimo entre Miami e Nassau, no Caribe.
Já o turismo, que se transformou numa vocação da Flórida e
está fazendo 90 anos, chegou em
1913, quando outro empresário,
Carl Fisher, usou dragas para
criar uma praia em Miami Beach.
Mas a região ganhou lugar ao
sol no mapa dos EUA nos anos 20,
quando Coral Gables foi loteada
por George Merrick. Em 1926 surgiram a torre da Liberdade, diante
do porto, e o hotel Biltmore, em
Coral Gables, inspirados na torre
da Giralda, de Sevilha (Espanha).
Na verdade, a torre da Liberdade, obra de Schulze & Weaver
empreitada por James M. Cox para abrigar o jornal "Miami Daily
News", só ganhou esse nome em
1962, quando o local virou sede do
Comitê dos Refugiados Cubanos,
que somavam 500 mil pessoas.
Hoje cercada por um campo de
golfe, a torre do Biltmore, listada
no Registro Nacional de Lugares
Históricos, já foi hotel, hospital e
até manicômio, refletindo as várias fases da vida da cidade. Até
Johnny Weismuller, que atuou
como Tarzã, foi instrutor de natação do hotel. A lista de celebridades que se hospedou no Biltmore
(veja foto à pág. F6) inclui a família Vanderbilt, a atriz Judy Garland e o fora-da-lei Al Capone.
Art Déco
Mas foi sob o estilo art déco que
Miami conheceu o apogeu, depois da decadência que se seguiu à
quebra da Bolsa de Nova York,
em 1929. Entre as décadas de 30 e
50, mais de 800 predinhos surgiram no entorno de Miami Beach.
Nos anos 60 e 70, novo período de
decadência fez do local um paraíso de aposentados.
O tombamento veio em 1979,
mas a restauração teve início em
1976, quando Barbara Capitman
criou a Miami Design Preservation League (www.mdpl.org), a
mesma que promove nesta semana, de 17 a 19 de janeiro, a 26ª semana dedicada ao distrito Art Déco, em South Beach (SoBe).
Silvio Cioffi viajou a convite da TAM Linhas Aéreas, da Pier 1-Cruise Experts e
da consultoria X-Mart.
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