São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁFRICA DO SUL

Museu patacudo empolga os viajantes

Com 350 peças de ouro, exposição fica em um dos casarões coloniais mais antigos da cidade do Cabo

DA ENVIADA ESPECIAL

Apesar de ser pequeno, o museu Ouro da África pode tomar horas do visitante. Cada uma das 350 peças de ouro exige um punhado de minutos para ser observada de verdade. Tá bom que, depois de algum tempo, os olhos começam a se embaralhar diante de tanto dourado, mas mesmo retinas desbaratadas voltam a se impressionar diante dos brincos, sandálias, ídolos, pentes e afins decorados com toda a fauna africana.
A coleção Barbier-Mueller é simbolizada pelo leão de ouro maciço vindo de Gana que está exposto sozinho dentro de uma caixinha de vidro em uma sala só para ele em que fica, em looping, um som de rugidos felinos. Esse é o final da visita.
A visita começa antes de o visitante entrar no museu. Isso porque o acervo fica instalado na casa Martin Melk, um dos mais antigos casarões coloniais da Cidade do Cabo. Com projeto do arquiteto francês Louis Thibault, a casa, construída no fim do século 18, é tida como um dos principais exemplos da arquitetura típica da cidade.

Entre
Finda a contemplação da fachada histórica, do lado de dentro o visitante sobe uma escada e vê o começo da exposição: fotos de reis e rainhas tribais usando seus trajes rituais e seus acessórios imensos e dourados dão um aperitivo do que está no andar de cima.
A primeira sala está coberta por uma sucessão de datas e mapas que contextualizam a extração do ouro e a produção de artefatos do metal na África.
É quase impossível sentir vontade de ler o que está escrito -são metros e metros de painéis com letras miúdas e desenhos lindos. Mas, ali no meio dessas paredes, a impressão que se tem é a de que você caiu dentro de um atlas. Cercado por backlights de mapas amarelados com ilustrações de nativos africanos, essa sala desliga o visitante do zunzunzum da rua e o joga no contexto do que vai encontrar museu: objetos mágicos, valiosos e brilhantes.

"Te direi quem és"
A função mágica desses objetos está ligada à tradição de provérbios relacionados a animais. O museu dá a dica: "O aspecto mais impactante do adorno de ouro africano é a riqueza de imagens proverbiais". Os animais, figuras recorrentes nesses objetos, têm, cada um, seu significado. A lógica é a mesma da máscara: ao usar o adorno com a figura do animal, o portador veste também suas qualidades. Funciona como um acessório-adjetivo.
Nesse dicionário próprio, o elefante representa o poder do chefe. O leopardo é a imagem da falsidade, da ingratidão. O crocodilo responde pela versatilidade. O leão é... acertou quem pensou em coragem. O porco-espinho é a invencibilidade. A vaca, a perseverança. A galinha, a disposição de ouvir os mais velhos. E o bagre, a responsabilidade.
Apresentados aos significados dessa extensa fauna dourada, é hora de mergulhar na grande sala repleta de vitrines lotadas de objetos, iluminados dramaticamente.

Mais é mais
No meio desses tantos objetos, duas coisas ficam evidentes. A adoração ao adorno de ouro é comprovada pela presença de dois chinelinhos de dedo cobertos do metal. E o gosto por muito ouro, em larga escala, é declarado pelo tamanho de anéis, pulseiras e brincos. Enormes e com desenhos de deixar Pierre Cartier de queixo caído, são mostrados nas vitrines e contextualizados em fotos em que mulheres e homens se exibem com os acessórios gigantes. O mais impressionante de todos é o brinco em formato de carambola -com pequenos detalhes gravados nas faces-, que chega a encostar nos ombros das mulheres. (HELOISA LUPINACCI)


GOLD OF AFRICA
Strand street, 96; aberto de seg. a sáb., das 9h30 às 17h. Ingresso: 20 rands (R$ 5,38)

www.goldofafrica.com


Texto Anterior: Café: Expresso equivale a curto, "double" é o normal
Próximo Texto: África do Sul: Hotel funciona em antiga prisão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.