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"UNO, DOS, TRES"
Após assistir aos shows, visitante pode tomar aulas de tango e treinar os passos nos salões das milongas
Jantar introduz turista à dança argentina
DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES
Conhecer o tango em uma viagem a Buenos Aires é uma maneira suingada de vislumbrar um dos
muitos aspectos que formam a alma portenha.
O visitante iniciante deve começar explorando a dança visualmente. Um dos programas turísticos mais típicos da capital argentina é ir a um show-jantar em
uma das muitas casas que apresentam, à noite, para uma platéia
essencialmente estrangeira, seqüências da dança.
Nesses espetáculos o turista desfruta de dois símbolos da cidade
de uma vez só: o tango e o churrasco. A maior parte das casas
oferece, como principal sugestão
no cardápio, o clássico bife de
chorizo com "papas" fritas.
É preciso ter em mente que a
dança apresentada nesses restaurantes/casas de show é mais acrobática do que aquela bailada pelos
tanguistas ditos normais.
Os shows também têm caras diferentes, cabendo ao recém-chegado escolher qual mais se aproxima do seu estilo.
Mas o mais didático de todos os
estilos de show é o histórico, como o exibido no El Querandí. A
performance mostra como a dança e os trajes usados evoluíram ao
longo dos anos. No começo, os
passos eram mais comedidos
-as dançarinas usavam saias
longas. Com o passar dos anos, o
encurtamento da saia permitiu
mais ousadia nos movimentos.
Essa também é a proposta do
Michelangelo, que ocupa uma casa de 1849 em San Telmo -bairro
que abriga o Querandí. O show do
Michelangelo aborda dos primórdios do tango às renovações pelas
quais o estilo passou, por exemplo, nas mãos de Astor Piazzola.
É preciso se informar bastante
sobre o show a ser visto para não
cair em uma furada. Algumas casas apresentam um tipo de espetáculo pouco instrutivo, muitas
vezes chato e quase sempre cafona, no qual os intérpretes são fantasiados de ícones, como Carlos
Gardel e Evita Perón.
Para o turista que quiser ser
apresentado a todos esses ícones
argentinos, ver um pouco de tango e de outras danças folclóricas,
o destino indicado é o Señor Tango, uma casa enorme, com capacidade para 2.000 pessoas e com
um espetáculo à la Broadway.
Mas esses lugares devem ser evitados por aqueles que buscam conhecer a dança, uma vez que o
tempo de show dedicado à apresentação dos tanguistas acaba ficando reduzido.
Quem já viu um show e quer,
agora, começar a imitar os dançarinos pode se embrenhar no
aprendizado da dança. Uma etapa tão ou mais divertida do que a
primeira.
Aqueles que têm pé-de-valsa
devem se aventurar a fazer aulas
da dança. Nada simples. O tango
exige concentração dos candidatos a dançarinos. Uma seqüência
básica deve ser bem assimilada
para que os passos mais acrobáticos sejam encaixados no traçado.
Nas aulas, a característica que
mais ajuda a aprender é o desembaraço. Se puder, candidate-se
para ser par do professor ou da
professora. Ainda que não aprenda mais do que os outros, o dançante terá a sensação de estar bailando o tango com mais desenvoltura do que os colegas de classe.
Na saída, a dica é passar em uma
das muitas lojas que vendem a indumentária para a dança. Peculiaridades nos sapatos, detalhes
das roupas e os acessórios -como a flor que fica presa à liga da
meia feminina- valem como curiosidade e como suvenires.
Para que a trilha sonora acompanhe o visitante na volta ao Brasil, CDs não podem faltar nas sacolas de compra. O mais recente é
o "Cafe de los Maestros". Trata-se
de um reencontro de tocadores e
intérpretes de tango à la Buena
Vista Social Club.
Já viu shows de tango, já fez aulas, já ouviu CDs dezenas de vezes
e, se bobear, já tem até alguns
acessórios de tanguista. Esse turista, que mais parece um portenho, pode chegar à cidade e ir direto a uma milonga -casa noturna que toca tango, milonga (ritmo
parecido um pouco mais agitado)
e salsa. Nessas casas, que lembram os nossos salões de baile, casais passam a noite na pista ao
som do ritmo argentino. É preciso
prestar atenção quando a pista lota: nessa hora, todos os casais devem dançar para o mesmo lado.
(HELOISA LUPINACCI)
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