São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2005

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"UNO, DOS, TRES"

Seleções se enfrentaram em 112 jogos; Pelé e Maradona foram eleitos os melhores do mundo do séc. 20

Guerra boleira entre vizinhos não tem fim

Canal 13/Associated Press
Pelé no programa de televisão "La Noche del 10', comandado pelo "arqui-rival' Diego Maradona


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem foi o maior jogador de futebol de todos os tempos? Quem leva vantagem na história do confronto futebolístico entre Argentina e Brasil? Perguntas como essas têm respostas bem diferentes para argentinos e brasileiros.
Pelé é ""Rei" até na Argentina, mas essa vê Maradona como ""Deus". Diego é sacaneado por seu envolvimento com as drogas no Brasil, mas até esse coloca o argentino como número dois.
Os dois foram eleitos melhores do século 20 pela máxima entidade do futebol -o argentino levou a melhor em eleição popular na internet, e o brasileiro faturou uma votação interna da Fifa.
Tomando como base os números do confiável pesquisador Duílio Martino, foram 112 jogos entre as duas seleções mais rivais do planeta, com 41 vitórias argentinas, 40 triunfos brasileiros e 31 empates. Saíram nesses duelos 172 gols da Argentina e 164 do Brasil. Porém, quando eles se enfrentam, as federações dos dois países mostram outras contas -os argentinos contam jogos até antes do nascimento da CBF, e a federação brasileira ignora certos confrontos.
Foram realizados 40 clássicos entre as duas potências da bola em território nacional. Em 72 oportunidades, o choque ocorreu no exterior, com 36 partidas disputadas na Argentina. Mais árbitros brasileiros (18) que argentinos (9) apitaram todos esses combates -a maioria, lógico, tem uma outra nacionalidade.
O Brasil é pentacampeão mundial, e a Argentina tem só duas Copas. Nada que faça o argentino acreditar em inferioridade. Em títulos de Copa América, Libertadores, Mundial interclubes e, agora, Mundial júnior, a Argentina está na frente. Por tudo isso e por ter vantagem no confronto direto, os argentinos ainda chamam os brasileiros de ""filhos", fregueses.
Nos últimos anos, os brasileiros têm se dado melhor que a Argentina nos sempre acirrados encontros, como foi mostrado nas finais da Copa América (2 a 2 no último minuto e triunfo nos pênaltis) e da Copa das Confederações (4 a 1, fora o baile), mas os argentinos seguem em alta até no Brasil.
O Corinthians idolatra o argentino Tevez e ainda apostou neste ano em Mascherano e Sebá -até Daniel Passarella foi contratado para técnico, mas o ""Capitão" dos argentinos não vingou por aqui.
A rivalidade é tanta que até uma simples garrafa de água gera polêmica por décadas. Os argentinos teriam colocado ""algo" em água que foi oferecida ao lateral Branco na Copa de 90. Maradona chegou a confirmar a história recentemente, rindo da cena.
O tempo passa, e a rivalidade não muda. Tevez cuspiu neste ano em água que iria para a seleção brasileira. Outra polêmica com água e os dois países -o corintiano ameaçou deixar o Brasil por supostamente ser perseguido pelos árbitros. Só outro capítulo de uma guerra boleira sem fim.


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