São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2005

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TRAMA E URDUME

Para Martín Churba, Brasil e Argentina poderão renovar o setor

País injeta sangue novo na moda

DA ENVIADA ESPECIAL

Com uma loja recém-aberta em Nova York e outra que funciona há um ano em Tóquio, Martín Churba, 34, com sua grife Tramando (www.tramando.com), é um dos fortes nomes da moda argentina. Churba já desfilou no Brasil, em 2001 e 2003, com a grife Trosman Churba, antiga sociedade com Jessica Trosman, que, hoje, com sua grife Trosman (www.trosman.com), também é um nome forte da moda vizinha. Leia entrevista concedida por Martín Churba à Folha. (HL)

 

Folha - Como o sr. vê a moda argentina inserida no mundo?
Martín Churba -
Para Argentina e Brasil, entrar no mercado das capitais de moda é um desafio e uma oportunidade, considerando que esses mercados estão saturados de propostas clássicas, como demonstram as grandes marcas. É necessária uma renovação, com sangue novo. A oportunidade que temos é clara: propor idéias criativas, novas, somar qualidade de materiais e de manufatura (esse é o ponto em que as coisas se tornam difíceis), ter uma quota de identidade latino-americana e, como na literatura, talvez um toque de realismo mágico. Experiências anteriores vêm da escola de estilistas de Antuérpia (Bélgica), que foram adotados pela imprensa mundial como os novos talentos. Talvez a aposta seja redobrada com Brasil e Argentina. Mas nada disso acontecerá se os estilistas não desenvolverem relações com o setor industrial e laços com sócios capitalistas. As duas opções têm riscos, pois obrigam os envolvidos a falar um idioma novo.

Folha - A Trosman Churba, que acabou em 2003, desfilou três vezes em São Paulo. Qual foi a repercussão disso para o sr.?
Churba -
A experiência na São Paulo Fashion Week foi das mais ricas na minha carreira, sobretudo pela qualidade dos profissionais e pela força de um movimento que brigou para se fazer notar. Aprendi muito.

Folha - Como o seu país influencia suas criações?
Churba -
O que mais me influencia tem a ver com a criatividade associada ao que há e à capacidade de transformar. As limitações são possíveis caminhos de criação. Essa capacidade é uma arma contra a falta de recursos e não nos transforma em estilistas pobres.

Folha - O sr. tem uma intensa pesquisa têxtil. Como são criados os tecidos? São artesanais ou há parcerias com indústrias?
Churba -
A pesquisa têxtil é permanente e se dá em um laboratório de materiais no qual tudo se transforma. Os processos são artesanais. Depois se industrializam com alianças, com empresários. As duas etapas são fundamentais.

Folha - Quais os lugares de que mais gostou no Brasil?
Churba -
A 25 de Março e o prédio da Bienal. Adorei a comida mineira. Meu passeio preferido no Brasil é ir à praia.

Folha - Que lugares você indicaria a quem visita a sua cidade?
Churba -
Recomendo Barracas, San Telmo, para ver as construções do início do século. A Costanera Sur, que desponta como uma nova parte da cidade, visitar o Delta do Tigre, que se parece com o Vietnã, as lojas de moda e a Tramando.

Folha - A Tramando tem lojas em NY e Tóquio. Como é a reação do público às suas criações?
Churba -
A relação do conceito da Tramando com os clientes do Japão e dos EUA é recente. A idéia de ter um local próprio é levar o conceito integral da Tramando. A resposta é boa. Das técnicas têxteis ao âmbito têxtil do lugar, tudo gera interesse.

Folha - Há planos de lojas no Brasil? Tem clientes brasileiras?
Churba -
Sim, são muitas as brasileiras que vêm a Buenos Aires. É uma clientela acostumada a ver propostas de estilistas. Acabamos de fechar um pedido para o Clube Chocolate de toda a linha de objetos têxteis.


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