São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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SALUT, BACO!

Região contém sub-regiões que têm ainda sub-regiões

Taça em punho ajuda a esquadrinhar o complexo e inigualável mapa enológico de Bordeaux e arredores

DA REDAÇÃO

Médoc está dentro de Bordeaux. E dentro de Médoc ficam Margaux, Pauillac e Listrac. Assim, Margaux está em Médoc, que está em Bordeaux. É complicado mesmo. Mas, para interpretar os segredos de Baco, vale tentar entender.
Bordeaux é o nome da região produtora, assim como Champanhe e Borgonha. Dessa forma, do mesmo jeito que só podem ser chamados de champanhe os vinhos espumantes produzidos em Champanhe, só são chamados de bordeaux os vinhos produzidos nessa região.
A região de Bordeaux é subdividida em outras. Cada uma com sua especialidade -umas se notabilizam pelos vinhos tintos, outras pelos brancos.
O Médoc é o filé dos tintos, reino da uva cabernet sauvignon. Ali estão os châteaux chamados Premier Grand Crus.
A história é a seguinte: em 1855, por ocasião da Exposição Universal de Paris, a França classificou os vinhos produzidos em Bordeaux por qualidade. A melhor é Premier Grand Cru. E os cinco châteux que receberam essa classificação em 1885 estão no Médoc.
Mas há outras centenas de vinícolas ali. E o Médoc tem, para facilitar -ou complicar- a vida dos bebedores, denominações comunais em 6 de suas 27 cidades. São elas: Saint-Estèphe, Pauillac, Saint-Julien, Margaux, Moulis e Listrac.

Outras
A região de Graves fica quase dentro de Bordeaux e se estende às margens do Garrone. O nome da região vem do tipo de pedrisco que cobre o terreno. Mas como nada é muito simples nessa história, em que pequenos condados têm nomes reconhecidos mundo afora, dentro de Graves fica Sauternes. Sauternes é desses casos em que o nome da região vira o nome do vinho. Aqui é feito um vinho licoroso branco que faz virar os olhos dos enófilos.
O vinho de Sauternes vem de uvas sémillon atingidas pelo que se chama de podridão nobre. Elas são atacadas por um fungo chamado botrytis cinerea. O fungo desidrata a uva. Com pouca água, na fermentação o resultado da concentração do açúcar é um teor alcoólico mais alto e um vinho licoroso, com textura de licor e sabor adocicado. O mais célebre produtor dessa região é o Chateau d'Yquem (www.yquem.fr).
A região de Entre-Deux-Mers é a maior e ali são produzidos vinhos tintos e brancos. O nome da região se deve ao fato de ela estar contida entre os rios Garrone e Dordonha.
Saint-Emilion é outra região importante, que passou mais de um século lutando por reconhecimento. Ocorreu que, na classificação de 1855, os vinhos de Saint-Emilion não foram listados. Só em 1958 os rótulos dessa região foram incluídos na lista, agora revisada de tempos em tempos. A última lista é de 2006 (www.inao.gouv.fr).
Por fim, o Pomerol, que é colado em Saint-Emilion, é pequenino, mas tem um supertrunfo: o Chateau Petrus, cujas garrafas custam mais de 900, e esse é o preço de uma safra ruim. (HELOÍSA LUPINACCI)


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