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GOIANAS
Garra apaga marcas de enchente em um ano
DA ENVIADA ESPECIAL A GOIÁS
Uma enchente do rio Vermelho, que cruza a cidade de Goiás,
no último dia do ano de 2001, carregou pontes, muros, paredes,
móveis e o monumento da cruz
do Anhanguera (um marco histórico). E mais: danificou a iluminação subterrânea e a casa onde viveu a sua mais famosa moradora,
a poeta Cora Coralina.
Hoje Goiás e a casa de Cora estão recuperadas. Só faltaram alguns manuscritos e livros da escritora, que estão armazenados
em um freezer à espera de verbas
para a restauração, e algumas lojas localizadas à beira do rio, que
não foram reconstruídas devido a
um embargo da Defesa Civil.
A cruz do Anhanguera, que tem
cerca de 280 anos, foi resgatada
no rio Vermelho a 500 metros de
sua localização original e hoje está
no museu das Bandeiras. O monumento foi reconstruído e desde
então repousa sobre ele uma réplica da cruz.
A ajuda para a recuperação dos
danos da enchente veio dos governos federal e estadual, da
Unesco, do Iphan e de empresas
privadas, como a Brasil Telecom.
Para tia Tó, que mora na cidade
desde os seis anos, a enchente
causou grande dor, só superada
após a reconstrução. "Mas ela [a
enchente" nos deixou grandes lições: união, força, garra, luta e
amor pela cidade. A enchente veio
e levou, a água veio e carregou, e
nós fomos mais fortes que a água
porque restauramos a cidade em
um ano", afirma, com os olhos
cheios de lágrimas.
Um dos motivos da rápida recuperação da cidade foi o fato de ela
participar da seleta lista de patrimônios da humanidade. Com o
título, a oferta de leitos cresceu
cerca de 40% e aumentou o número de turistas de São Paulo e do
exterior. Goiás Velho tem cerca de
mil leitos em pousadas e hotéis.
Para atender a crescente demanda, a cidade tem, em parceria
com o Sebrae, o Centro de Educação Profissionalizante, onde há
um programa de qualificação e de
captação de profissionais para
atender melhor o visitante e melhorar a percepção da comunidade em relação ao turismo.
A principal atividade econômica do município é a agropecuária,
que, porém, perde para o turismo
dentro da região urbana. A parte
histórica de Goiás representa cerca de 15% da cidade.
Risco
No ano passado, o início da
construção da av. Rio Vermelho,
que ligaria alguns bairros ao centro histórico, causou certa polêmica quanto ao risco de a obra
abalar o sítio arqueológico da região e, consequentemente, levar a
cidade à perda do título de patrimônio. A construção está suspensa pela Justiça Federal de Goiás.
Segundo o Iphan, o principal
problema da obra foi ter sido iniciada sem um projeto de salvamento arqueológico da área.
O chefe de gabinete da prefeitura, Jorge Hermínio, afirma que a
avenida beneficiaria a população
de bairros novos, distantes do
centro da cidade. Segundo ele, a
prefeitura fez ajustes no projeto
da obra e agora aguarda a liberação da Justiça para retomar a
construção, que, na sua opinião,
deve recomeçar em dois meses.
(ALESSANDRA KIANEK)
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