São Paulo, quinta-feira, 14 de abril de 2011

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Em São Carlos (SP), fazendas preservam a história da região

Fazenda do Pinhal é diretamente ligada à fundação da cidade e dá boa ideia de como era a vida no século 19

Na fazenda Santa Maria há comida típica nos finais de semana, já a Vale do Quilombo oferece hospedagem

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS

São Carlos (232 km de SP), fundada em 4 de novembro de 1857 como São Carlos do Pinhal, tem alguns edifícios antigos com interesse histórico, principalmente na sua área central.
Um exemplo é a estação ferroviária construída em 1884 e tombada pelo Condephaat. Hoje ali funciona a Estação Cultura, que inclui o Museu São Carlos e o arquivo histórico. O museu tem quadros de Benedito Calixto, utensílios e documentos ligados à fundação da cidade.
Quem quiser ter uma boa noção de como era a vida na região no século 19, porém, deve ir a três fazendas históricas, das quais a mais importante e diretamente ligada à fundação da cidade é a Fazenda Pinhal (estrada da Broa, km 4,5, tel.0/xx/16/3375-7142; www.casadopinhal.org.br).
Em 1831 foi demarcada a Sesmaria do Pinhal. A povoação fundada em 1857 se compunha de algumas casas ao redor de uma capela.
Quando da fundação, a imagem de São Carlos Borromeo que pertencia à capela da fazenda Pinhal foi levada em procissão à capela (hoje onde está a catedral). No centenário da cidade, em 1957, netos do Conde do Pinhal repetiram o gesto, tradição mantida pelos descendentes no aniversário da cidade.
A Fazenda Pinhal se estende por 70 alqueires e, como era praxe das fazendas de açúcar e depois de café, tem a casa grande, onde morava a família proprietária, e a senzala, que abrigava escravos e depois colonos livres. Há terreiros de secagem do café, tulha e pomar. Em 1981 a fazenda foi tombada pelo Condephaat, e em 1987 foi declarada Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pelo Iphan.
De 1815 a 1825, Carlos José de Arruda Botelho criou no local um engenho de açúcar. Em 1840, introduziu a cafeicultura na região. Com sua morte em 1854, seu filho Antonio Carlos de Arruda Botelho, futuro Conde do Pinhal, fica responsável pelo local.
Antonio Carlos era um dinâmico empreendedor. Além do café, investiu em ferrovia e em banco. A riqueza gerada fica visível nos objetos e móveis da casa, no quadro da fazenda pintado por Benedito Calixto, ou em pequenos detalhes, como um convite em francês para a inauguração da ferrovia com um farto menu incluindo "biscoitos napolitanos" e iguarias finas.
Anna Carolina, a condessa do Pinhal, viveu 104 anos e imprimiu sua marca na fazenda, com destaque para o jardim com um agradável espelho d'água
A visita à fazenda precisa ser agendada previamente. Os passeios monitorados ocorrem às 10h e às 14h. Imperdível para quem se interessa em conhecer mais sobre uma família e uma residência da elite cafeeira é o livro à venda na fazenda, "A Casa do Pinhal", de Margarida Cintra Gordinho (R$ 70).
A parte menos autêntica da fazenda é a senzala. O prédio original estava praticamente destruído; foi reformado para dar lugar ao refeitório na época em que a fazenda também funcionava como pousada. Hoje ali funciona o centro de acolhida.
Ao fim do passeio, é possível provar o café ainda produzido em pequena escala no local, broas de fubá, sequilhos e outros quitutes.
A Fazenda Santa Maria (rod. Domingues Inocentini, km 158; tel: 0/xx/16/3366-7141; www.santamariadomonjolinho.com.br), situada às margens do rio Monjolinho, funciona de modo diferente. Além da visita monitorada à casa grande, é possível, nos finais de semana, comer em um restaurante rural com comidas típicas. Outras atrações são trilhas, cavalgadas e charrete. Perto do sobrado fica a antiga estação ferroviária de Monjolinho.
A Fazenda Vale do Quilombo (rod. Abel Terrugi, km 12, tel: 0/xx/16/3412-7557; www.valedoquilombo.com.br) vai além e, além desses passeios tradicionais em trilhas e cavalgadas, inclui também hospedagem em quartos ou bangalôs. A diária inclui café da manhã, almoço e jantar típicos de uma fazenda.


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