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ESCALAS ERUDITAS
Em museu de música em Berlim, visitante dá recital
Capital alemã guarda biblioteca com partituras originais e raras de gênios como Johann Sebastian Bach
DA FOLHA ONLINE, EM BERLIM
Uma região da Terra que viu
nascer Bach, Beethoven, Wagner, Brahms, Mendelssohn e
Mahler não precisa de apresentações. Berlim, capital desse
epicentro da música universal,
oferece inúmeros recitais gratuitos ou pagos.
A cidade respira música clássica o ano todo. Entre tantas alternativas, escolhemos duas
para o viajante musical: um dos
maiores museus de instrumentos musicais do mundo e uma
biblioteca refinada que guarda
partituras originais e manuscritos de alguns desses gênios.
Vamos começar pelo Musikinstrumenten, localizado no
Tiergarten, na chamada ilha de
museus da cidade (que tem a
maior concentração de museus
do planeta, mais de 70). A ilha
abriga mais de 30 deles, de todos os tipos. Entre eles, o impressionante Museu de Instrumentos Musicais.
Por 8 (cerca de R$ 20) você
pode passear durante horas pela história das músicas clássica
e contemporânea.
Construído num imenso pavilhão na avenida Tiergarten, o
local tem em seu acervo mais
de 3.500 instrumentos raríssimos, do mundo todo.
Sua coleção permanente expõe, no mínimo, 800 peças.
Cordas, sopros, percussão... Está tudo lá. Além das obras de
arte musicais, como espinetas,
violinos, violas, pianofortes (o
pai dos pianos) e alguns dos
primeiros pianos do século 19,
o museu também exibe instrumentos contemporâneos: há
de sintetizadores Moog a guitarras Fender, por exemplo.
Quando você pensa que o
passeio acabou vem a surpresa
maior: no andar inferior há um
enorme estúdio com órgãos,
pianos, baterias e outros instrumentos de percussão que
podem ser tocados pelo visitante. É uma festa para crianças e adultos.
Claro que há sempre por perto um rigoroso monitor alemão, que não permite que
eventuais empolgados visitantes agridam as delicadas teclas
de um piano de cauda ou apliquem pancadas em um órgão
dos anos 60. Por outro lado,
quando notam que há um músico de fato entre os presentes,
costumam incentivá-lo a dar
seu "recital".
Basta então tocar uma música folclórica germânica ou
mesmo o lindo hino alemão para ver como a fama de povo sisudo não passa de uma lenda.
Seus sorrisos serão tão enormes e alvos como as teclas de
um piano Essenfelder.
Documentos raros
Não muito distante do museu de instrumentos está a Biblioteca de Berlim. Em seus arquivos estão algumas das maiores preciosidades da música de
todos os tempos. É lá que estão
as partituras originais de prelúdios, fugas, "allegros" e paixões
de Johann Sebastian Bach.
Não é fácil ter acesso a tais riquezas. São obras raríssimas,
que não podem ser fotografadas ou expostas. É preciso fazer
um pedido especial à direção da
biblioteca para ter -talvez-
acesso (totalmente controlado)
a essas obras.
Se você é músico ou demonstra algum interesse acadêmico,
suas chances de vê-las aumentam. Mesmo assim, você só verá tais partituras protegidas
por um vidro escurecido, e na
mão de uma bibliotecária com
cara de poucos amigos. Como
se não bastasse, ao seu lado um
segurança ficará de olho em
suas menores intenções.
Mais que um patrimônio
universal, Bach é tratado ali como um tesouro alemão. E quem
conhece os alemães sabe o que
isso significa. Se tiver sorte, isso
será o mais próximo que você
chegará um dia de algo feito pelas mãos do maior músico que a
humanidade produziu e que
certamente produzirá.
Colaborou LIGIA BRASLAUSKAS, editora
da Folha Online
Museu de Instrumentos de Berlim Tiergarten Str., 1
Biblioteca de Berlim Potsdamer Strasse, 33
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