São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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ESCALAS ERUDITAS

Em museu de música em Berlim, visitante dá recital

Capital alemã guarda biblioteca com partituras originais e raras de gênios como Johann Sebastian Bach

DA FOLHA ONLINE, EM BERLIM

Uma região da Terra que viu nascer Bach, Beethoven, Wagner, Brahms, Mendelssohn e Mahler não precisa de apresentações. Berlim, capital desse epicentro da música universal, oferece inúmeros recitais gratuitos ou pagos.
A cidade respira música clássica o ano todo. Entre tantas alternativas, escolhemos duas para o viajante musical: um dos maiores museus de instrumentos musicais do mundo e uma biblioteca refinada que guarda partituras originais e manuscritos de alguns desses gênios.
Vamos começar pelo Musikinstrumenten, localizado no Tiergarten, na chamada ilha de museus da cidade (que tem a maior concentração de museus do planeta, mais de 70). A ilha abriga mais de 30 deles, de todos os tipos. Entre eles, o impressionante Museu de Instrumentos Musicais. Por 8 (cerca de R$ 20) você pode passear durante horas pela história das músicas clássica e contemporânea.
Construído num imenso pavilhão na avenida Tiergarten, o local tem em seu acervo mais de 3.500 instrumentos raríssimos, do mundo todo. Sua coleção permanente expõe, no mínimo, 800 peças.
Cordas, sopros, percussão... Está tudo lá. Além das obras de arte musicais, como espinetas, violinos, violas, pianofortes (o pai dos pianos) e alguns dos primeiros pianos do século 19, o museu também exibe instrumentos contemporâneos: há de sintetizadores Moog a guitarras Fender, por exemplo.
Quando você pensa que o passeio acabou vem a surpresa maior: no andar inferior há um enorme estúdio com órgãos, pianos, baterias e outros instrumentos de percussão que podem ser tocados pelo visitante. É uma festa para crianças e adultos.
Claro que há sempre por perto um rigoroso monitor alemão, que não permite que eventuais empolgados visitantes agridam as delicadas teclas de um piano de cauda ou apliquem pancadas em um órgão dos anos 60. Por outro lado, quando notam que há um músico de fato entre os presentes, costumam incentivá-lo a dar seu "recital".
Basta então tocar uma música folclórica germânica ou mesmo o lindo hino alemão para ver como a fama de povo sisudo não passa de uma lenda. Seus sorrisos serão tão enormes e alvos como as teclas de um piano Essenfelder.

Documentos raros
Não muito distante do museu de instrumentos está a Biblioteca de Berlim. Em seus arquivos estão algumas das maiores preciosidades da música de todos os tempos. É lá que estão as partituras originais de prelúdios, fugas, "allegros" e paixões de Johann Sebastian Bach.
Não é fácil ter acesso a tais riquezas. São obras raríssimas, que não podem ser fotografadas ou expostas. É preciso fazer um pedido especial à direção da biblioteca para ter -talvez- acesso (totalmente controlado) a essas obras.
Se você é músico ou demonstra algum interesse acadêmico, suas chances de vê-las aumentam. Mesmo assim, você só verá tais partituras protegidas por um vidro escurecido, e na mão de uma bibliotecária com cara de poucos amigos. Como se não bastasse, ao seu lado um segurança ficará de olho em suas menores intenções.
Mais que um patrimônio universal, Bach é tratado ali como um tesouro alemão. E quem conhece os alemães sabe o que isso significa. Se tiver sorte, isso será o mais próximo que você chegará um dia de algo feito pelas mãos do maior músico que a humanidade produziu e que certamente produzirá.


Colaborou LIGIA BRASLAUSKAS, editora da Folha Online

Museu de Instrumentos de Berlim Tiergarten Str., 1

Biblioteca de Berlim Potsdamer Strasse, 33


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