Praga, além de bela, esbanja variedade e oferta de espetáculos em igrejas e palácio

DA FOLHA ONLINE, EM PRAGA

De todos as cidades do mundo, talvez nenhuma se compare a Praga em oferta de espetáculos e concertos baratos. Parte disso se deve ao incentivo do governo à música e também aos párocos das igrejas, que permitem que seus espaços sacrossantos sejam usados à tarde e à noite para recitais, mediante a cobrança de ingressos.
Uma parte do dinheiro vai para a paróquia ou para entidades beneficentes que ela indicar. Outra parte vai para músicos e cantores líricos.
A lista de endereços é tão grande, e as opções tantas, que um entusiasmado turista musical poderia passar dias e mais dias assistindo concertos das 16h às 22h, ininterruptamente. Isso sem falar nas apresentações de músicos independentes em parques e praças, o dia todo, em qualquer lugar.
Para começar a ouvir música e fazer turismo em grande estilo, atravesse a gótica ponte Charles (Karluv Most) e suba as ruas-colinas até o castelo de Praga, tão grande e impressionante que pode tomar um dia inteiro de passeio.
Antes ou depois do almoço (coma em algum café ou no restaurante no castelo, claro), siga para o palácio Lobkowicz e assista ao concerto do meio-dia, que, curiosamente, começa às 13h. A apresentação é feita por um trio (piano, viola e flauta) que toca peças de Mozart, Bach e Haendel, entre outros.
Saibam que a música clássica deve muito aos Lobkowicz. A família foi uma das maiores mecenas da arte e da literatura a partir do século 18, e seus generosos cofres alimentaram gênios como Beethoven, Antonín Dvorák (1841-1904) -filho maior de Praga e autor sempre presente a qualquer concerto ali- e Goethe (1749-1832).

Concertos na cidade
Além do castelo, outro concerto-espetáculo que vale a pena assistir acontece todas as semanas na Klementinum Mirror Chapel. Um pouco mais caro do que os recitais em outras capelas, o ingresso dá direito a uma visita ao complexo que foi construído pelos jesuítas a partir do século 16, onde está também a Biblioteca Nacional e as salas que guardam instrumentos usados pelos astrônomos Tycho Brahe (1546-1601) e Johannes Kepler (1571-1630).
Os concertos no Klementinum, geralmente um recital com piano e soprano, ocorrem na sala Barroca -de longe uma das arquiteturas (interiores) mais belas da Europa.
Alguns recitais são feitos apenas com duetos de órgão e violino, como os da igreja St. Giles e os da catedral de São Clemente. Outros optam por formações menores, no máximo quartetos, caso das igrejas de São Martin e São Salvador. Seja pelo lugar ou pelo som (ou pelos dois), a sensação do turista musical será a de estar sendo abençoado.
Todos esses concertos custam em média de 15 a 18 (R$ 39 a R$ 47). Caso esteja com crianças, não deixe de levá-las à ópera de marionetes "Don Giovanni", de Mozart, na Companhia Nacional. Lembre-se de que Praga é a terra das marionetes e abriga os maiores mestres do mundo nessa arte.
"Dom Giovanni" é um espetáculo delicioso, cômico e que prende a atenção por 70 minutos. Se quiser levar um suvenir, ao lado do teatro há lojas de marionetes onde você poderá comprar o simpático e canalha Don Giovannizinho, ou mesmo o próprio Mozart, ambos com roupas feitas sob medida e bordadas a mão, por cerca de 40 (ou R$ 103). Tome cuidado no transporte. É preciso reforçar as caixas com fita adesiva.
Se seu amor pela música permitir um, digamos, exagero financeiro, vá assistir ao menos a um concerto na sede da Orquestra Sinfônica de Praga. Trata-se de um magnífico prédio neo-renascentista cuja sala mais bela, entre as quatro, é a Smetana Hall.
É lá que ocorre a inauguração e encerramento do Festival Internacional de Primavera de Praga. Mas, prepare-se: um concerto ali não vai custar menos de 50 (R$ 130). E isso se você ficar nas fileiras de trás. Um local nobre passa de 70 (R$ 180). Por uma hora de sonho acordado, é até pouco.


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