São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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2 x BRASIL (RN)

Atrações no litoral sul vão de antiga base de lançamento de foguete a santuário ecológico com golfinhos

Viajante se esbalda em tour mar-terra-ar

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO GRANDE DO NORTE

Seguindo de Natal para o litoral sul, há atrativos mar-terra-ar de peso a uma distância de 45 km da capital: o centro de lançamento de foguetes, o maior cajueiro do mundo, os golfinhos e os corais.
A primeira parada é a praia de Cotovelo, no município de Parnamirim. É lá que se encontra a Barreira do Inferno, o local que serviu de ponto de lançamentos de satélites brasileiros até a década de 80, quando a base foi transferida para Alcântara, no Maranhão. Hoje funciona ali um centro meteorológico aberto à visitação mediante agendamento (tel.: 0/xx/84/4008-1209), por ser área militar.
Ainda em Cotovelo, a 10 km de Natal, acontece uma feira de frutas típicas no bairro de Piuim. A unanimidade entre os turistas se dá pelo fato de poder achar nesse mercado frutas tropicais e exóticas -pelo menos para quem vive mais ao sul do país -, como a serigüela, o cajá, a pitomba e o sapoti, além dos tradicionais caju, manga e melão, entre outras.
Um pouco mais adiante fica Pirangi do Norte. Dessa praia saem barcos que levam o turista para ver corais. O encontro entre o rio Pirangi e o mar também proporciona uma vista inesquecível. A grande atração, porém, não está no mar, mas sim bem enraizada.
Em Pirangi fica o maior cajueiro do mundo. Olhando de fora, a impressão é de estar vendo um quarteirão com um bosque repleto de árvores. Na verdade, isso é um único cajueiro de mais de cem anos, segundo alguns moradores mais antigos, e a copa da árvore ocupa mais de 8.400 metros quadrados, área que pode se vista de um mirante. Por uma anomalia genética, os troncos do cajueiro cresceram em todas as direções, em busca de nutrientes.
Sobem e descem formando um visual caótico de troncos entrelaçados, numa progressão geométrica e abstrata. Um quadro de Kandinski, ou melhor, de Pirangi, no Nordeste brasileiro.
São produzidos entre 70 mil e 80 mil frutos em sua safra anual, que é toda doada aos visitantes. O local é cercado e mantido pela Petrobras. Para conhecer o cajueiro é cobrada uma taxa simbólica de R$ 2 para a manutenção, e a visitação é monitorada.
Junto ao cajueiro há uma feira de artesanato. Dê uma volta e veja aí a criatividade do povo aflorando em bonecos de madeira, garrafas com areia colorida formando paisagens, sandálias de couro, redes, cortinas e a famosa renda da mulher nordestina.
Maria Julia Filha aprendeu a ser rendeira com a mãe aos sete anos, e o dinheiro obtido é a principal fonte no orçamento doméstico. Sorriso no rosto, as mãos hábeis não param enquanto fala. Produz vários tipos de renda, que são comercializadas por preços a partir de R$ 6 (a pequena, com 30 cm). A grande, com dois metros, sai por R$ 40. Também se encontram nessa feira as curiosas garrafas de pinga com frutas e com caranguejo. A pequena custa R$ 5, e a grande, R$ 10, mas a vendedora avisa que quem não está habituado pode não gostar da de caranguejo, por ser muito salgada. A com fruta é mais suave e mais vendida.

Mais praias do sul
A 10 km de Pirangi, Búzios é uma praia de perigosas correntes marítimas. Só surfistas ou pessoas muito acostumadas se arriscam nessas águas transparentes e batidas. Também é um local de dunas, onde antigamente acontecia uma tradicional corrida de buggies. O pôr-do-sol é belíssimo.
Mais adiante, vale uma parada em Tabatinga. Suas ondas são mesmo para surfistas. Para os menos afeitos a mar bravo, há nessa praia um mirante do qual se observam golfinhos.
Dependendo da maré e das correntes marítimas, eles proporcionam um show ao turista, que pode relaxar numa rede tomando água-de-coco ou provando as receitas com frutos do mar do restaurante/bar do local.
Antes de seguir para Camurupim, a sugestão é parar para comprar a renda de bilro diretamente das rendeiras do município de Nízia Floresta. Já em Camurupim, a beleza se concentra em uma grande formação de arrecifes, que proporciona um belo visual das piscinas naturais. Descanse nessa praia, mas não tente subir nas pedras do recife. É perigoso, e as pedras, muito pontiagudas, podem cortar os pés e estragar o passeio.
Quem puder esticar mais ainda deve ir a Tibau do Sul, onde fica a praia de Pipa, a 80 km de Natal, que se tornou point de descolados e de fregueses da natureza.
A rotina do viajante em Pipa varia de acordo com a maré. Para ver, ouvir a respiração de golfinhos e nadar a menos de cinco metros deles, o jeito é ir à baía dos Golfinhos, um santuário ecológico, a pé pela areia. Outra dica é passear de caiaque pelo mangue (R$ 20) em Tibau do Sul, quando a maré está alta. (MÁRCIO FREITAS)


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