DA ENVIADA ESPECIAL

Mesmo que todos os animais fizessem greve e não aparecessem para o visitante, a vegetação bastaria para embevecer.
A mais impressionante das árvores é a figueira-mata-pau. Avistam-se exemplares dela em muitos estágios de desenvolvimento.
Ela nasce pendurada em outra árvore, com um caule fininho, parecendo um cipó, e vai se enrolando. Com os anos, fica enorme. Por vezes, mata a árvore usada de suporte. Mas, não raro, dá para enxergar figueiras com uma copa de palmeira no centro. É, por exemplo, uma bocaiúva que se mantém viva embalada pela figueira.
A chamada cera-queimada tem o tronco que parece origami.
Os manduvis e as ximbuvas também chamam a atenção com seus troncos acinzentados. Essas são as árvores nas quais as araras-azuis fazem seus ninhos. Elas têm a madeira mole, fácil de ser cavada pelos bicos das aves.
O ABC das palmeiras -acuri, bocaiúva e carandá- são o refeitório de muitas espécies de ave.
A parceria entre aves e árvores, aliás, é responsável por alguns dos momentos mais bonitos de uma visita ao Pantanal. Pelos ninhos que se encaixam em galhos, troncos e copas e pelo fim da tarde, quando plantas são escolhidas como dormitórios pelas aves. Assim, uma árvore antes seca, em cinco minutos se transforma em uma massa branca, coberta de garças, que se preparam para o sono. Ou mangueiras perfumadas ficam apinhadas de papagaios e periquitos barulhentos num festivo encontro antes de dormir.
Não bastando as árvores, os campos são cobertos por capins, como o rabo-de-burro, levemente cintilante, com um tufo no meio.
As plantas também são responsáveis por cores e perfumes. O assa-peixe, um arbusto com pequenas flores, espalha seu aroma adocicado por esses ares. Essas flores, alvas, são usadas pelas abelhas para fazer mel, e os pantaneiros empregam os galhos do arbusto como espeto para assar peixes -daí seu nome. A piúva-roxa, ou ipê-amarelo, árvore símbolo do Pantanal, quando floresce -o que acontece por agora-, colore essas paragens. (HL)


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